terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Frente Polisario interpela o Conselho de Segurança da ONU sobre as ações desestabilizadoras de Marrocos na região

 


Nova Iorque (Nações Unidas) - O representante da Frente Polisario junto das Nações Unidas, Sidi Mohamed Omar, apelou de novo na terça-feira ao Conselho de Segurança da ONU para que responsabilize Marrocos pelo seu papel no tráfico de droga e de seres humanos no Sahara Ocidental ocupado, advertindo que a paz e a segurança "estão cada vez mais ameaçadas" na região devido a estas práticas.

"A paz e a segurança na nossa região estão cada vez mais ameaçadas pela ligação entre o crime organizado, o tráfico de droga e o terrorismo, onde os grupos terroristas transnacionais prosperam graças à cannabis produzida por Marrocos e outras drogas como principal fonte de financiamento das suas operações terroristas na região do Sahara e para lá dela", adverte Sidi Omar em carta dirigida na terça-feira à presidente em exercício do Conselho de Segurança, a representante permanente do Reino Unido junto da ONU, a embaixadora Barbara Woodward.

"Mais uma vez, pedimos ao Conselho de Segurança que responsabilize o ocupante marroquino pelo seu papel bem documentado no tráfico de droga e que o obrigue a respeitar os seus compromissos regionais e internacionais e a renunciar às suas ações desestabilizadoras que ameaçam a segurança e a estabilidade dos países vizinhos e de toda a região”, sublinha o diplomata sarauí que solicita a Embaixadora britânica a "levar a presente carta à atenção dos membros do Conselho de Segurança".


Droga marroquina apreendida pelo exército saharaui


Na missiva, o Sidi Omar informa o Conselho de Segurança "que uma unidade do exército saharaui interceptou e apreendeu 200 quilogramas de cannabis produzida em Marrocos na região de Galb Thliem no setor Dougy nos territórios libertados do Sahara Ocidental". Refere que as drogas, transportadas através do muro ilegal marroquino, foram destruídas em 18 de Fevereiro na presença de um representante do Ministério Público saharaui e sublinha que esta operação "faz parte das operações de luta contra o tráfico de droga conduzidas pelo exército saharaui através dos territórios saharauis libertados onde grandes quantidades de cannabis produzida por Marrocos e outras drogas foram repetidamente interceptadas e destruídas.

Neste contexto, Sidi Omar refere igualmente que observadores militares das Nações Unidas e da Missão da ONU para a Organização do Referendo no Sahara Ocidental (MINURSO) assistiram à destruição das drogas apreendidas.

"Em conformidade com as nossas obrigações enquanto Estado-Membro da União Africana (UA) e graças à crescente cooperação com os nossos vizinhos, contribuímos ativamente para travar o fluxo ilícito de drogas, em especial de drogas produzidas em Marrocos, dentro e através da nossa região" - sublinha igualmente o Embaixador saharaui.

Recorda, além disso, que, desde 13 de novembro de 2020, todo o território do Sahara Ocidental se tornou "uma zona de guerra aberta", devido à grave violação por parte de Marrocos do cessar-fogo de 1991 e do seu ato de agressão contra os territórios libertados do Sahara Ocidental.

Sidi Omar lamenta que a "inação" das Nações Unidas face à agressão marroquina "mine a credibilidade da organização, a eficácia e o funcionamento da sua missão no terreno e encoraje a ocupação marroquina a persistir nas suas ações de desestabilização na região".

Apesar deste estado de guerra, prossegue o diplomata saharaui, "o tráfico de droga e o tráfico de seres humanos através do muro de areia ilegal (erigido pelo ocupante) no Sahara Ocidental prosseguem sem tréguas".

Isto confirma, segundo Sidi Omar, a cumplicidade bem documentada entre o exército marroquino e os barões da droga e as máfias.

O representante da Frente Polisario junto da ONU recorda ainda, na sua carta, que "Marrocos continua a ser o maior produtor e exportador de cannabis do mundo" como confirmado por numerosos relatórios internacionais, entre os quais o relatório 2020 sobre a estratégia internacional de controlo dos estupefacientes do Departamento de Estado americano e o relatório global sobre a droga 2020 do Gabinete das Nações Unidas para a Droga e a Criminalidade". (APS)

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