Interrogado sobre a demissão
de Horst Köhler, enviado pessoal do SG da Onu para o Sahara
Ocidental, Mhamed Khadad responsável pelas RE da Frente Polisario e
elemento de ligação à MINURSO, afirmou ao órgão russo Sputnik
que não obstante «as razões de saúde» terem sido invocadas, o
ex-presidente alemão encontrou muitos obstáculos, em particular por
parte da França
Em entrevista à Sputnik,
Mhamed Khadad, afirmou que Horst Köhler tinha todas as qualidades e
competências necessárias para ter tido sucesso em sua missão,
incluindo a sua experiência diplomática e o seu conhecimento do
continente africano e seus problemas, Khadad destacou que, ao assumir
o cargo, o diplomata " Insistiu em que a União Africana e a
União Europeia fossem partes na solução do conflito no Sahara
Ocidental ".
"Nesse sentido, visitou a
África várias vezes, Addis Abeba e Kigali. E também visitou
Bruxelas em duas ou três ocasiões ", acrescentou.
Segundo Khadad, o enviado
pessoal do Secretário-Geral da ONU encontrou muitos obstáculos no
cumprimento da sua missão nas Nações Unidas e na União Europeia.
Na mesma linha, o dirigente
saharaui acrescentou que "também em Bruxelas, Paris fez tudo
para sabotar os esforços do Sr. Köhler e não foi sem razão que
nunca foi recebido por autoridades francesas durante o seu mandato ".
Foi a França que empregou
todo o seu peso para que a União Europeia assinasse novos acordos,
incluindo o território do Sahara Ocidental [Acordo de Associação
UE-Marrocos e o Acordo de Agricultura e Pescas UE-Marrocos, nota do
editor] em flagrante violação das decisões do Tribunal Europeu de
Justiça (TJUE) [decisões de 2015, 2016 e 2018, alegando que o
Sahara Ocidental e as suas águas adjacentes não faziam parte do
território do Reino de Marrocos, editor] ", explicou.
Além disso, Mhamed Khadad
evocou um segundo elemento que pesou na decisão de renúncia do
diplomata da ONU.
"Em Nova York, Köhler
sempre buscou um consenso no Conselho de Segurança e que os seus
quinze membros lhe dessem o seu apoio aprovando uma resolução",
disse Khadad, acrescentando que " infelizmente, estes esforços
foram sabotados pela França e pelos Estados Unidos que, desta vez,
não procuraram o consenso que o Sr. Köhler solicitou dentro desta
instituição internacional ".
"Assim, no final, Kohler
viu-se sem o apoio unânime do Conselho de Segurança, sem o apoio da
União Europeia, além do metódico trabalho sapa que Marrocos foi
fazendo para impedir que a União Africana desempenhe o seu papel na
resolução deste conflito que dura já muito tempo ", afirmou.
Em conclusão, o interlocutor
do Sputnik afirmou que "o Sr. Köhler, com a sua honestidade e
probidade intelectuais, que estava sob grande pressão de alguns
membros do Conselho de Segurança, recusou-se a ser manipulado por
certas forças contra os direitos legítimos do povo saharaui, em
particular os que dizem respeito à autodeterminação e à
independência, preferindo jogar a toalha ao chão, e tudo é a seu
crédito o facto de ter recusado ".
Horst Köhler, de 76 anos, foi
nomeado enviado pessoal de António Guterres para o Sahara Ocidental
em agosto de 2017, sucedendo ao americano Christopher Ross, que havia
renunciado alguns meses antes, depois de cumprir oito anos de
mandato.
Sem comentários:
Enviar um comentário