terça-feira, 2 de agosto de 2011

A Bassir Mohamed uld Hach Brahim uld Lebser, “Bassiri”


A Bassir Mohamed uld Hach Brahim uld Lebser, “Bassiri”
Pai do Nacionalismo Saharaui
No 41.º aniversário do seu «desaparecimento» pelo exército espanhol, a 29 de Julho de 1970, em El Aaiun.
Tinha 28 anos.

“A lua estava em Quarto Minguante no céu de El Aaiun, nesse dia de 29 de Julho de 1970. O relógio do comandante Asenci, ajudante do Governador Pérez de Lema, recém-nomeado delegado provincial de Segurança, marcava as 4h30 da madrugada quando se apresentou com dois Land-Rover com capota de lona no passadiço do Quartel de Artilharia. A bordo dos veículos ía uma patrulha formada por legionário do “Tercio Jun de Austria” às ordens de um capitaõ e uma brigada adstrita ao Quartel General. Do calabouço, situado junto à mesma porta de entrada do regimento, junto à porta da guarita da sentinela, tiraram um homem baixo.

O capuz da sua veste ocultava o seu rosto barbado. Levava uma bolsa de plástico numa das mãos e não estava amarrado pelos pulsos.

Fizeram-no subir para um dos veículos. A temperatura era amena (18º graus centígrados) e a cidade de El Aaiun estava adormecida e às escuras.

A coluna cruzou o centro da cidade e rumou à estrada que vai em direcção à praia. Passou diante do Aeroporto, e, aí a una 10 quilómetros, guinou para a direita, em direcção a uma cadeia de dunas que corre ao longo da praia atlântica.

Junto a uma dessas elevações de areia, o preso foi obrigado a descer da viatura. Ordenaram-lhe que avançasse na direcção em que aprontavam as luzes dos faróis.

Foi a última vez que alguém viu com vida o pai do Nacionalismo Saharaui. Tinha apenas 28 anos e chamava-se Bassir Mohamed uld Hach Brahim uld Lebser, embora fosse conhecido apenas por Bassiri.

Da sua folha de registo de identificação passada pela Subdelegação Governativa de Daora (no Noroeste do território) apenas consta o n.º do processo: 7.492. O seu nome, a sua tribo (Erguibat) e a sua fracção (Lemuademin). O resto dos espaços estão em branco.
Estes factos relatados e reconstruídos pelo jornalista Tomás Bárbulo, chegaram até ao nosso conhecimento graças ao testemunho de três pessoas que conheceram estes acontecimentos através das declarações de testemunhas presenciais que sempre preservaram o seu anonimato, embora se saiba que foram velhos militares do Exército Africano, cujo testemunho seria considerado uma delação.

Mas se alguém procura uma prova mais tangível, pode procurá-la debaixo de uma das dunas que bordejam a estrada que liga a praia á cidade de El Aaiun (*)

(*) Tomás Bárbulo «La historia prohibida del Sahara Español “, Editorial Destino, 2002, pág. 66 a 68.

Informação estraída do libro “Huracán sobre el Sahara”, de Pablo Ignacio de Dalmases, Editorial Base, primeira edição Novembro de 2010.

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