quarta-feira, 8 de junho de 2022

Crescente Vermelho Saharaui denuncia recusa da ONU em atribuir ajuda humanitária aos refugiados

 

Yahia Bouhbini


Argel | APS – 08-06-2022 - O presidente do Crescente Vermelho Saharaui (CVS), Yahia Bouhbini, denunciou, esta quarta-feira, a recusa do Fundo Central de Resposta de Emergência das Nações Unidas (CERF) em atribuir ajuda humanitária para satisfazer as necessidades mínimas dos refugiados saharauis.

Bouhbini afirmou numa declaração à APS que a agência da ONU se recusou a conceder estas ajudas apesar "do pedido apresentado pelo Alto Comissariado para os Refugiados (ACNUR) e pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) na Argélia, para fornecer mais subsídios a esta categoria vulnerável, anexando o pedido de provas convincentes.

Os refugiados "sofrem de uma situação humanitária em deterioração, nomeadamente devido às consequências desastrosas da pandemia de Covid-19 e à nova vaga de deslocação de milhares de civis após o reinício da guerra no Sahara Ocidental, para além da redução para 50% do volume das quotas alimentares mensais fornecidas nos últimos meses", explicou.

Durante o mês de junho, o PAM só poderá fornecer 7% da ração alimentar mensal a estes refugiados, enquanto 35% da ração provirá de reservas de emergência que estão prestes a esgotar-se.

Assim sendo, "a agência da ONU excluiu o Sahara Ocidental desta ajuda, numa altura em que decidiu atribuir mais de 100 milhões de dólares em ajuda às zonas afectadas pela fome em África e no Médio Oriente", lamentou.

"O conflito armado, a seca e a agitação económica continuam a ser os principais factores que causam insegurança alimentar nos países beneficiários, para além das consequências da crise ucraniana", disse Bouhbini.

Apesar do aumento dos preços dos alimentos e dos fretes marítimos como resultado da crise ucraniana, ou do fenómeno inflacionário que abala as economias mundiais, "não houve um aumento correspondente das contribuições dos países doadores, o que levou a um aumento do défice, que era de cerca de 20% antes da crise.

"Existe agora um défice de quase 50%. O PAM tinha estimado as necessidades alimentares dos refugiados sarauís para o ano 2022 em 19 milhões de USD, mas reviu as suas estimativas para 34 milhões de USD", adiantou o presidente do CVS.

"Esta grave situação levou a um aumento da subnutrição nos campos de refugiados, que resultou no aparecimento de muitas doenças como a anemia entre os grupos vulneráveis, incluindo crianças menores de cinco anos, mulheres grávidas e lactantes e mulheres em idade fértil", disse, sublinhando que "a situação piorou nos últimos meses.

Bouhbini tinha informado o Enviado Pessoal do Secretário-Geral da ONU ao Sahara Ocidental, Staffan de Mistura, durante a sua visita aos campos de refugiados em Tindouf, "da flagrante falta de ajuda humanitária, incluindo alimentos básicos, na ausência de financiamento por parte das agências da ONU.

O presidente do Crescente Vermelho Saharaui não deixou de saudar "os esforços da Argélia, especialmente em tais circunstâncias", dizendo que a Argélia tem "fornecido o stock de emergência de alimentos cobrindo as necessidades de Abril e Maio, até que a ONU e as suas agências possam encontrar recursos financeiros suficientes para cumprir este dever humanitário.

A Argélia continua a apoiar os refugiados saharauis. Em Abril passado, transportou 132 toneladas de ajuda humanitária para os campos de refugiados saharauís em Tindouf, a bordo de quatro aviões militares.

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