20 dos 24 presos políticos de Gdeim Izik foram esta
madrugada condenados a duras sentenças, que demonstram ser um castigo marroquino
à resistência saharaui.
Foram estas as sentenças: cadeia perpétua para 7 ativistas;
30 anos de prisão efetiva para 4; 25 anos de prisão para 6; 20 anos para 3 e
dois com penas de 6 anos e seis meses e 4 anos e 5 meses, respetivamente.
O Tribunal marroquino sem provas contra os presos
saharauis e sob o olhar de distintos observadores internacionais, proferiu na madrugada
de hoje, quarta-feira, 19 de julho de 2017, pesadas sentenças contra 20 dos 24
ativistas saharauis de direitos humanos e jornalistas do grupo de Gdeim Izik (O
acampamento da Dignidade erigido em 2010 às portas da capital da antiga colónia
espanhola ocupada por Marrocos desde 1975).
Um dia negro para a justiça universal numa farsa de encenação
de julgamento civil após os reclusos terem sofrido penas igualmente duríssimas
por um Tribunal Militar.
O julgamento teve início a 26 de dezembro de 2016 e foi adiada
muitas vezes sem qualquer justificação, tendo a ultima sessão, nomeadamente,
sido abandonada pelos presos saharauis e pelos seus advogados de defesa devido
ao número de irregularidades e falta de garantias processuais para trazer um
julgamento justo e transparente.
Foto Equipe Mediatico |
Qual o seu verdadeiro delito?
O único delito que cometeram os presos políticos saharauis
é o de travaram uma luta pacífica pela defesa dos direitos humanos e a independência
do Sahara Ocidental. Estes ativistas saharauis participaram, em 2010, no acampamento
de Gdiem Izik organizado nos arredores da cidade de El Aaiún ocupada -a uns 16
km da capital- onde se concentraram mais de 20.000 saharauis para denunciar a
falta de direitos sociais, políticos e económicos a que são submetidos desde o
ano de 1975 quando o Reino de Marrocos ocupou ilegalmente o território
saharaui. O acampamento da Dignidade foi desmantelado brutalmente pela Gendarmeria
e o Exército de ocupação marroquina, na madrugada de 8 e 9 de novembro de 2010.
Nesse mesmo momento não só foi imposto um bloqueio informativo para que ninguém
se inteirasse do que realmente sucedia, como foi militarizado todo o território
ocupado e foi iniciada a perseguição aos ativistas e defensores dos direitos humanos
no Sahara Ocidental. Estes ativistas vieram a sofrer pesadas condenações por Tribunal
Militar, e após 7 anos de prisão - graças
à pressão de algumas organizações internacionais – viriam a ter um novo
julgamento que teve início no final de 2016 no Tribunal de Apelação de Salé.
As violações de todo o tipo a que os presos saharauis
foram sujeitos, têm sido denunciadas por organizações internacionais como a Human
Rights Watch (HRW), Amnistia Internacional (AI), Centro Robert F. Kennedy (RFK)
e Ação dos Cristãos pela Abolição da Tortura (ACAT), entre outras.
LISTA DOS PRESOS SAHARAUIS e PENAS A QUE FORAM CONDENADOS
Cadeia Perpétua:
- Ahmed Sbai
- Brahim Ismaili
- Abdalahi Lejfauni
- Larosi Abdelyalil
- Mohamed Bachir Butanguiza
- Mohamed Bani
- Abhah Abdalahi Ahmed Sidi
30 anos de prisão:
- Naama Asfari
- Mohamed Burial
- Chiej Banga
25 anos de prisão:
- Hasan Dah
- El husain Ezaui
- Mohamed Lamin Haddi
- Mohamed Embarek Lafkir
- Mohamed -Juna Babait
- Sidahmed Lamyaied
20 anos de prisão:
- Mohamed Tahlil
- El Bachir Khada
- Abdalahi Taubali
Postos em liberdade:
- Deich Daf foi posto em liberdade. Condenado a seis anos e
meio, a sua pena decretada pela sentença era inferior ao tempo que já havia
passado na prisão.
- Bakay Arabi também foi posto em liberdade, por a sua
pena (quatro anos e cinco meses ser inferior ao tempo que passou no cárcere.
Atualizado às 05h14 - quarta-feira, 19 de julho de 2017 (GMT+1)
Salé, Reino de Marrocos.
Fonte e foto: Equipo Mediático
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