domingo, 4 de março de 2018

Territórios ocupados: uma semana de detenções e manifestações





A 19 de fevereiro de 2018, Malainine Sine, estudante saharaui de 18 anos, foi seqüestrado na rua por três policias marroquinos à paisana, a cerca de 200 metros de sua casa, nas proximidades de Las Casas rojas, em El Aaiún. Em 23 de fevereiro, foi acusado de ter atirado pedras.

Nas 48 horas de detenção, foi interrogado e torturado para lhe extrairem uma confissão, foi levado perante o juiz investigador do Tribunal de primeira instância de El Aaiún. A família Sine está preocupada que a detenção do filho, um talentoso futebolista, possa destruir as suas esperanças de evoluir e jogar a um nível mais elevado. O juiz investigador estabeleceu a data do julgamento para 6 de março.

A 24 de fevereiro, 40 trabalhadores despedidos do porto de Bojador manifestaram-se perto do porto protestando contra a sua expulsão. Reclamavam a sua readmissão. De 2013 a 2017 foram descarregadores de peixe e foram demitidos em agosto de 2017 sem mais explicações.

Segundo referem, descarregavam dos navios para os camiões 3.600 caixas de peixe por dia. As suas reivindicações não foram ouvidas. Seis manifestantes foram feridos pela intervenção da polícia marroquina.
Os 16 barcos registados no porto pertencem todos a colonos marroquinos.

A 25 de fevereiro, no bairro de Zemla, em El Aaiún, 50 jovens saharauis participaram em manifestações comemorando o 42º aniversário da proclamação da República Democrática Árabe Saharaui. As palavras-de-ordem e as pancartas denunciavam o acordo de pesca entre a UE e Marrocos. A polícia marroquina dispersou-os à força. 7 manifestantes foram presos e outros 20 feridos.

Após 72 horas de detenção preventiva, os 7 foram provisoriamente libertados sob controle judicial até 26 de março, data em que devem comparecer perante o juiz de instrução. São eles:

AbidinBougzatni, 20 anos.
Omar Lbhaih, 18 anos.
Mohamed Guergar, 19 anos.
Othman El Moussaoui, 18 anos.
Mohamed Mraizig, 19 anos.
Hassan Daoudi, 21 anos.
ZeroualiHamma, 17 anos.

Durante o julgamento de instrução, a polícia marroquina bloqueou as ruas para evitar que as famílias dos detidos acedessem ao tribunal. Os polícias aglomeraram-se em frente às portas do tribunal e chegaram a impedir que os funcionários entrassem. Um funcionário foi agredido pela polícia. Em comunicado o sindicato regional de justiça protestou vigorosamente contra este cerco imposto ao tribunal e contra os ataques aos oficiais e funcionários de justiça por parte da polícia. O sindicato incrimina diretamente oficial El Alji e exige a abertura de uma investigação judicial imediata sobre os factos.

No dia 27 de fevereiro, na cidade de Smara, cerca de 100 saharauis manifestaram-se comemorando o 42º aniversário da RASD. Protestaram ruidosamente contra a pilhagem dos recursos naturais do Sahara Ocidental por Marrocos e seus cúmplices no mundo.

As forças de ocupação intervieram e atiraram pedras sobre os saharauis que resistiram a este ataque. As forças policiais impediram que os feridos fossem tratados. Três mulheres ficaram feridas, entre elas Soukeina Jedahlu, presidente da FAFESA (Foro del Porvenir de la Mujer Saharaui).

Dois jornalistas foram presos pela polícia marroquina quando cobriam a manifestação. Trata-se de Mohamed Joumaai e Ahmed Essalami. Foram libertados após o interrogatório de uma hora.

Équipe Média, Sahara Ocidental ocupado.
El Aaiún, 3 de março de 2018.

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