NOVA IORQUE- O
ex-presidente alemão Hörst Kohler define claramente o seu mandato como Enviado Pessoal
do SG da ONU para o Sahara Ocidental, explicando diante do Conselho de
Segurança que ele consistia em "encontrar um caminho para o 'futuro' que possa
levar a uma solução que garanta a autodeterminação do povo saharaui.
“O meu papel nesse processo não
é o de um árbitro que deve julgar quem teve razão ou esteve errado no passado.
O meu mandato é encontrar um caminho para o futuro, um caminho que possa levar
a uma solução mutuamente aceitável e que permita a autodeterminação do povo
saharaui", afirmou Kohler
na sua primeira apresentação sobre o Sahara Ocidental, cuja APS (Agência de
Informação Argelina) obteve uma cópia.
Köhler, que
explicou sua visão do processo de paz que pretende relançar em breve, precisou que
o seu objetivo é retomar as negociações diretas entre as duas partes envolvidas
no conflito no decorrer de 2018.
Mas esclareceu que
essas negociações "não são um fim em si mesmo", porque elas "só
serão frutíferas se forem conduzidas com realismo, espírito de compromisso, de boa-fé
e sem condições prévias".
“É assim que a resolução 2351 o
define, e não precisamos de uma nova terminologia, mas de um desejo de
preencher essa linguagem de significado e de aplicá-la pela ação ", acrescentou
Kohler, rejeitando as condições de Marrocos, que se recusa a voltar à mesa das
negociações se o seu plano de autonomia não for colocado como a única opção
para a resolução do conflito.
O mediador
alemão explicou que, de momento, não está "exclusivamente focado na solução",
mas na "busca por um processo" que permita que ambas as
partes do conflito negoceiem a solução.
-Deslocação a El Aaiún -
Kohler expressou
a sua disposição de ampliar a temática das discussões ao incluir questões que
dizem respeito diretamente à situação dos saharauis nos territórios ocupados.
Para isso, ele planeia ir a El Aaiún para com eles se encontrar, prometeu (o
Enviado Pessoal do SG da ONU)
Referindo-se às consultas
que manteve nos últimos dois meses, Köhler disse que elas foram "guiadas
por âncoras estratégicas".
A este propósito,
Köhler sublinhou que as consultas bilaterais com as partes do conflito e os
países vizinhos tinham como objetivo "aumentar a confiança na sua
imparcialidade" e em explorar áreas suscetíveis de compromisso.
Disse que
durante essas reuniões ele "expressou algumas de suas
expectativas" para alcançar um processo bem-sucedido.
“Disse-lhes que não tomaria
parte na gestão dos incidentes e não reagiria às crises fabricadas, e que não
atuaria como bombeiro", afirmou, numa alusão a Marrocos,
que provocou crises recorrentes à Missão das Nações Unidas para a organização
de um Referendo de Autodeterminação no Sahara Ocidental (MINURSO) para atrasar
os esforços de mediação do ex-enviado Christopher Ross.
-Ouvir as posições da União Africana-
Köhler observou
perante o Conselho de Segurança que essas consultas ampliadas decorreram sob o
signo da escuta atenta.
“Quero falar e ouvir todas as
partes interessadas que possam ajudar a resolver este conflito", disse.
Sobre a União
Europeia, referiu que se trata de "um vizinho próximo e um parceiro
estratégico dos países do Magrebe em termos económicos, sociais e de segurança".
"A
EU tem, portanto, uma perspectiva clara do conflito", argumentou Köhler.
"Da mesma forma, não há
dúvida de que a União Africana é uma parte interessada importante, cujos pontos
de vista sobre o conflito devem ser ouvidos, especialmente dado que Marrocos e
a República Árabe Saharaui Democrática são ambos membros" desta
organização, sublinhou.
O mediador
alemão pretende avançar na sua missão apesar das tentativas do Marrocos de perturbar
os seus esforços, argumentando que a resolução desse conflito é de
responsabilidade exclusiva do Conselho de Segurança, onde desfruta do incondicional
apoio da França.
Com este
objetivo, o mediador alemão pretende realizar novas consultas bilaterais com
membros do Conselho de Segurança, inclusive com vários altos responsáveis da
China e da Rússia.
Horst Köhler apelou
ao Conselho de Segurança para o apoiar na sua missão de mediação.
"Convido todos os membros
do Conselho a continuarem a me apoiar com palavras e ações e a começar a
garantir que a Resolução 2351 seja implementada", concluiu.
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