Long
Island, 31/07/2019 (SPS).- A Associação Saharaui nos Estados Unidos
da América (SAUSA, siglas em inglês) acaba de publicar o relatório
“Opressão marroquina no Sahara Ocidental: repressão violenta e
derramamento de sangue injustificado enquanto o mundo permanece em
silêncio” (Moroccan Oppression in Western Sahara: Violent crack
down and unjustified bloodshed while the world is silent), que
descreve os violentos acontecimentos ocorridos entre 19 e 28 de
julho, em El Aaiún, capital ocupada do Sahara Ocidental.
O
relatório, que visa sensibilizar a comunidade internacional,
centra-se no registo de inúmeras violações dos direitos humanos,
que demonstram uma política de repressão clara e sistemática
dirigida contra a população civil, em particular os jovens. Revela
também que há evidências difundidas do uso de tortura, detenções
arbitrárias e de política de “mão dura” de qualquer
manifestação pacífica.
Uma
menção especial é dada ao caso do atropelamento, por dois carros
de uma coluna das forças de segurança, da jovem Sabah Othman
Ahmida, conhecida como Sabah Njorni, cujo desfecho foi a sua morte
num hospital na capital ocupada. A jovem era professora de inglês
numa escola particular em El Aaiún. O atropelamento deliberado
ocorreu quando se realizavam manifestações pacíficas espontâneas
da população saharaui que celebravam a vitória da Argélia na Taça
das Nações Africanas e foram violentamente reprimidas.
Forças
de segurança marroquinas usaram gás lacrimogéneo, jactos de água
e balas de borracha para dispersar as manifestações. Mais tarde, o
exército marroquino, segundo vários testemunhos, chegou a utilizar
munições reais quando sitiou toda a cidade.
Entre
a noite de sexta-feira 19 e a manhã de sábado 20 de julho, a
polícia marroquina invadiu muitas casas, destruiu pertences das
famílias, roubou a sua propriedade e intimidou centenas de
habitantes. Os bairros mais sitiados foram Maatallah, Batimat,
Douirat, Alawda, Raha, Wifaq, Dchira e Qiyadat Boucraa.
Vários
adultos e menores saharauis foram levados a tribunal, depois de
brutalmente espancados, evidenciando claros sinais de tortura em
consequência da sua passagem pelas esquadras policiais. Cerca de dez
adultos foram transferidos para a “Prisão Negra" de El Aaiun.
Mohamed
Ali Arkoukou, presidente da SAUSA, dirigiu uma carta ao Secretário
de Estado dos Estados Unidos da América, denunciando esta grave
situação e solicitando a sua atenção imediata.
A
SAUSA pede:
1.-
A libertação imediata dos detidos.
2.-
O início urgente de uma investigação imparcial sobre a morte de
Sabah Njorni.
3.-
A necessidade de estender o mandato da MINURSO para a monitorização
e o reporte de violações dos direitos humanos.
4.-
Insta também o Departamento de Estado a envolver-se diretamente para
fazer cumprir o Estado de Direito e os direitos humanos, em
particular o direito de defesa das pessoas que reclamam o seu direito
à liberdade de informação, de expressão e de reunião pacífica
no Sahara Ocidental ocupado.
5.-
Pressionar o Reino de Marrocos para que ponha fim à sua opressão.
6.-
Pressionar as Nações Unidas para que ponham termo à ocupação
marroquina do Sahara Ocidental.
SAUSA
é uma organização de voluntários, fundada por saharauis que vivem
nos EUA. Foi criada através da colaboração de estudantes,
trabalhadores, educadores e ONGs.
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