Fonte:
Euronews / Por Yaiza Martín-Fradejas (@YaizaMartinFr) - Nazha
El Khalidi, reporter saharaui do portal independentista Equipe Media,
denuncia o acosso judicial por parte das autoridades marroquinas. No
passado 4 de dezembro foi detida enquanto filmava uma manifestação
em El Aaiún por não ter carteira de jornalísta. Ora se os membros
de Equipe Media não cumprem este requisito é porque não reconhecem
a soberania da ocupação marroquina no território.
A
18 de março passado teve lugar a primeira audiência do julgamento,
onde El Khalidi foi acusada de “reclamar ou usurpar um título
associado a uma profissão regulada pela lei sem cumprir as condições
necessárias para o seu desempenho”. Este delito tem um
enquadramento penal entre 3 meses a dois anos de prisão e uma multa
de entre 12 e 500 euros.
No
dia 8 de julho a jornalistas foi condenada a pagar uma multa de 400
euros. No entanto, em declarações exclusivas à Euronews reconheceu
que sabe que a situação voltará a repetir-se.
“Esta
sentença significa que o Governo marroquino vai voltar a atacar-me
cada vez que procure documentar as violências policiais contra os
saharauis ou procure simplesmente exercer o jornalismo” refere a
jornalista.
Nazha
El Khalidi explicou que foi detida pelo trabalho jornalístico que exerce na Equipe Media, que mostra as violações dos DireitosHumanos no Sahara Ocidental.
Um
julgamento opaco, sem observadores
internacionais
Uma
das peculiaridades deste processo judicial foi a falta de
transparência. Três advogados espanhóis, (Inés Miranda Navarro,
Miguel Ángel Jerez Juan e José María Costa Serra), pertencentes ao
Conselho Geral de Advocacia do Estado, tentaram entrar no Sahara
ocupado no dia 23 de junho para assistir ao julgamento contra Khatari
El-Khalidi. Contudo, as autoridades marroquinas impediram o seu
acesso ao território. Na verdade, eles nem sequer foram autorizados
a sair do avião, vindos da Gran Canaria.
Inés
Miranda, defensora da causa saharaui, afirmou que esta foi a primeira
vez que Marrocos lhe negou a sua presença num tribunal.
Outros
dois juristas, representantes da Associação de Advogados
Americanos, também foram expulsos no aeroporto de Casablanca sem
qualquer explicação. O objetivo dos cinco observadores
internacionais era garantir que o julgamento se desenrolasse com
todas as garantias.
Por
seu lado, o Observatório para a Proteção dos Defensores dos
Direitos Humanos (OPDD) descreveu como assédio judicial o tratamento
recebido pelo jornalista e condenou veementemente este julgamento,
cujo objetivo seria reprimir qualquer atividade em favor dos direitos
humanos, de acordo com este organismo. O OPDD também instou as
autoridades marroquinas a garantir o direito de levar a cabo
atividades pacíficas e legítimas e exigiu o fim de todas as formas
de assédio contra os defensores dos direitos humanos no Sahara
Ocidental.
Jornalismo
sob repressão no Sahara ocupado
Nazha
El Khalidi, jornalista do portal independente Equipe Media, foi
detida pela polícia marroquina a 4 de dezembro, quando estava
filmando e transmitindo ao vivo via Facebook uma manifestação em ElAaiún em protesto contra a ocupação de Marrocos e a reivindicação
da independência do Sahara. Ocidental Depois de ser presa, ela foi
levada para uma delegacia onde ficou detida durante quatro horas. A
polícia interrogou-a durante esse tempo e confiscou-lhe o telemóvel
sem autorização.
No
julgamento, El Khalidi disse ao juiz que foi vítima de "vingança"
pelas suas atividades como jornalista de um meio de comunicação
(EquipeMedia) “confiável e independente”.
"Quero
denunciar o bloqueio mediático que o Marrocos está impondo ao
território do Sahara Ocidental. Apelamos também a nível
internacional para pressionar o governo marroquino e abrir o
território a observadores internacionais e agências noticiosas para
que a violação dos direitos humanos do povo saharaui possa ser
documentada ", disse El Khalidi à Euronews.
Este
caso mostra as limitações do trabalho jornalístico no Sahara
Ocidental. El Khalidi é uma das saharauis que exercem o jornalismo
no Sahara ocupado em condições de assédio, violência e repressão,
muitas vezes sujeitos a extorsão e detenção. A 11 de junho, a
organização Repórteres Sem Fronteiras publicou o primeirorelatório sobre a liberdade de imprensa no Sahara Ocidental, que
revela como esse território se tornou um "buraco negro" de
informação e um perigo extremo para os jornalistas.
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