O Rei de Marrocos, acompanhado por uma vasta delegação de vassalos, deslocou-se
a Washington com a intenção, entre outras, de poder modificar a postura dos EUA
em relação ao Sahara Ocidental.
Desde 1991, quando Marrocos decidiu boicotar o referendo no Sahara
Ocidental, o seu objetivo central foi sempre esse. Ou seja, alterar posição dos
EUA. Nesse sentido, desde os finais dos anos noventa a monarquia alauita tem
gasto enormes somas de dinheiro com diversas empresas de lobbying nos EUA. Para
sua desgraça, todas estas empresas, não obstantes todas as “démarches” e
iniciativas, têm chegado a uma mesma conclusão:
"A posição dos EUA em relação ao Sahara Ocidental
é inalterável e ajustada, com precisão, ao Direito Internacional. Ou seja, é tratada
como um Território Não-Autónomo onde Marrocos carece de soberania e onde se
trata de aplicar toda a doutrina das Nações Unidas relativa ao direito de
autodeterminação".
Mas Marrocos não desiste e, desta vez, foi o próprio
rei que se dispôs a cruzar o oceano para modificar a postura da administração norte-americana.
O resultado constituiu, porém, uma autêntica deceção.
Washington
não se moveu uma polegada da sua posição tradicional. Sobre a propagandeada Proposta
de Autonomia, os EUA limitaram-se a repetir exatamente a mesma expressão já entediada
em sucessivas resoluções do Conselho de Segurança.
A
declaração do porta-voz da Casa Branca , pode ser resumida nestes cinco pontos:
- Obama continuará a apoiar os esforços para encontrar uma solução pacífica, sustentável e mutuamente acordada;
- A política dos EUA sobre o Sahara Ocidental tem-se mantido constante durante muitos anos;
- O Plano de Autonomia é sério, realista e credível;
- Continuamos a apoiar as negociações levadas a cabo pelas Nações Unidas, incluindo o trabalho do Embaixador Christopher Ross Enviado Pessoal do Secretário-Geral da ONU, e exortamos as partes a trabalhar em direção a uma resolução;
- Os dois líderes reafirmaram seu compromisso compartilhado para melhorar a vida do povo do Sahara Ocidental e concordaram em trabalhar juntos para continuar a proteção e promoção dos direitos humanos no território.
Consequentemente,
há apenas duas novidades nesta declaração, ambas amargas para Marrocos:
- Washington continua a apoiar a "besta negra" de Marrocos, o Sr. Christopher Ross, e
- Obama deverá ter puxado as orelhas a Mohamed VI para lhe arrancar algum compromisso sobre a proteção e promoção dos Direitos Humanos no território.
Ciente do
possível falhanço, Marrocos tinha preparado outras manobras de diversão, caso necessário.
Assim, a recente suspensão das relações diplomáticas entre o Panamá e a RASD
foi agendada precisamente para este momento para, desse modo, dar a impressão
de ser um resultado da atividade do Rei no exterior.
Além
disso, o grande barulho orquestrado pelos Media marroquinos, revela que, não tendo
alcançado o miraculoso golo que lhes permitisse ir ao Brasil, tentaram fazer
das tripas coração, apresentando os pobres resultados obtidos em Washington
como uma verdadeira mudança de posição dos EUA. E, nestas coisas, Obama é muito
mais prático. Se tivesse optado por seguir Marrocos, ele viria em pessoa, e
teria-o anunciado. Era isso que os marroquinos queriam. O pior é que eles
tiveram apenas de ruminar citações de um mero porta-voz da Casa Branca.
Fonte: Haddamin Moulud Said
Sem comentários:
Enviar um comentário