quinta-feira, 27 de agosto de 2020

“Os saharauis vão continuar a sua luta até atingirem o seu objectivo, a independência total do Sahara Ocidental”, afirma Brahim Gali

 


Tifariti (Zonas Libertadas do Sahara Ocidental), 27 Agosto de 2020. - (ECSAHARAUI) - O Presidente da República e Secretário-Geral da Frente Polisario, Brahim Gali, afirmou ontem em Aguenit que o povo saharaui continuará a sua luta até alcançar o seu objetivo, que é a independência total do Sahara Ocidental.

Gali, em discurso pronunciado, reafirmou “que apesar das políticas de obstrução e intransigência e apesar das operações de guerra mediática e de propaganda do ocupante marroquino com o único objetivo de quebrar a resistência e a Unidade Nacional Saharaui, a luta de libertação segue em frente e o povo saharaui, com todas as suas componentes, está de pé e determinado a cumprir os seus objetivos e a concretizar a soberania do Estado saharaui sobre todo o seu território nacional.

Gali, junto com uma delegação ministerial, visita os territórios libertados do Sahara Ocidental no âmbito da Universidade de Verão, do programa alternativo Férias em Paz e do lançamento do projeto de construção e repovoamento dos territórios saharauis.

Brahim Gali esteve presente na quinta-feira passada na inauguração da Universidade de Verão e do programa alternativo Férias em Paz 2020,, na região libertada de Tifariti, na presença de personalidades nacionais e de grande número de residentes da região.

O presidente saharaui anunciou então aquela que será uma das declarações mais históricas da sua vida política: a reconstrução e repovoamento permanentes dos territórios libertados do Sahara Ocidental. Uma decisão que pode significar uma mudança de rumo no conflito no território ocupado desde 1975.

Esta decisão enquadra-se nas orientações emanadas do XV Congresso da Frente Polisario em relação à construção dos territórios libertados do Sahara Ocidental.

 

O anúncio perturba Marrocos e envia um sinal à ONU

A Frente Polisario decide reconstruir e repovoar os territórios saharauis que administra e gere desde 1976, ano da proclamação da República Árabe Saharaui Democrática (RASD), hoje reconhecida por mais de 80 países e é membro fundador da UA.

Recorde-se que em 2018, na resolução para prorrogar o mandato da MINURSO por seis meses, o Conselho de Segurança condenou categoricamente a decisão da Frente Polisario de estabelecer povoamentos nos territórios que controla, considerados pelo Marrocos como uma ‘Zona Tampão’, e que a Frente Polisario não deveria exercer nenhuma atividade nesses territórios.

Mas nas resoluções subsequentes este parágrafo da resolução foi retirado. Recorde-se que, desde 2017, Marrocos vem construindo e reformando o muro militar conhecido como muro marroquino da vergonha no Sahara Ocidental sem que o Conselho de Segurança o sancione, apesar da forte condenação do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.

A decisão anunciada pelo Presidente da República mobilizou quinze organizações estrangeiras, que manifestaram o seu interesse em participar e acompanhar o povo saharaui na construção e repovoamento dos seus territórios libertados. A decisão de Gali é vista por alguns como um 'chip move' contra o atual impasse no conflito desde a renúncia do ex-enviado da ONU para o Sahara Ocidental, Horst Kohler

Lançamento da Curta metragem “Saharaui – memória e exílio”

 


Esta quinta-feira 27 de Agosto é lançado num evento online no facebook a curta metragem “Saharaui – memória e exílio” da autoria da Dra. Berenice Bento.

Participarão além da Dra. Berenice Bento, o representante da Frente Polisario no Brasil, Emboirik Ahmed, a Professoa Ángela Fecundo e a mediação estará a cargo do jornalista da TeleSur, Berto Almeida.

“Saharaui: Memória e Exílio é um esforço para tentar contribuir na luta de um povo que luta há décadas por seu legítimo direito de retornar para suas terras, hoje sob ocupação colonial marroquina. A minha subjetividade, sem dúvida, foi um filtro para interpretar como este povo consegue sobreviver em condições não-humanas: em pleno deserto.” diz-nos Berenice Bento que esteve durante mais de um mês estudando e convivendo com a realidade do povo saharaui na diáspora e nos campos de refugiados.

Este olhar de Berenice Bento sobre um conflito que se arrasta há mais de quatro décadas contêm os elementos necessários para nos despertar e fazer reflectir na profunda injustiça e silêncio da qual este povo tem sido vitima.

Berenice termina a curta com esta reflexão:

“Produzo este curto num momento único da minha vida, há meses não posso encontrar-me com os meus entes amados o isolamento provocado pela pandemia da Covid 19 é o responsável. Nos momentos mais duros da saudade me pregunto sobre a dor da ausência na vida das famílias saharauis. Mães, pais, filhos e filhas, maridos e esposas que vivem separados. Já são três gerações que vivem no exilio. Me pergunto “qual o crime que este povo cometeu para ser privado de um direito inalienável de qualquer ser humano. Ter um lugar para voltar, um lugar para ficar, sem medo.”

 

Fonte: PUSL

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Novo livro denuncia política de corrupção e extorsão praticada por Marrocos na América Latina e Caribe

 

Sob o título "O Reino de Marrocos: a política do cheque contra a República Saharaui na América Latina e nas Caraíbas", o livro editado agora no México aborda todos os aspectos políticos e jurídicos do conflito do Sahara Ocidental.

A nova obra de vários autores sobre o Sahara Ocidental foi publicada em julho passado pelo pesquisador Fernando de Contreras, e contém uma coleção documental comprometedora extraída de telegramas diplomáticos marroquinos nos quais ficam patentes as práticas clandestinas de Marrocos destinadas ao suborno a Estados e elites da América Latina para que evitem qualquer reaproximação com a República Saharaui.

Os autores do livro explicam que “o trabalho se centra em explicar a questão do Sahara Ocidental para a região da América Latina e do Caribe, países onde Marrocos faz um “lobby desenfreado para garantir que os governos da região evitem qualquer aproximação, reconhecimento ou cooperação com a República Democrática do Sahara ou com a Frente Polisário, recorrendo a práticas mais do que questionáveis ​​”.

Na primeira parte, o catedrático espanhol Carlos Ruiz Miguel destaca uma particularidade do conflito do Sahara Ocidental que reside no contraste entre "Direito" e "Política": por um lado, a existência de decisões judiciais internacionais definitivas cuja implementação resolveria imediata e facilmente o conflito e, por outro lado, o bloqueio exercido pelos poderes vetados no Conselho de Segurança da ONU.

Os dois professores propõem "a doutrina Mbeki", baptizada com o nome do ex-presidente sul-africano, segundo a qual o reconhecimento da RASD é uma medida destinada a forçar uma solução de acordo com o direito internacional.

A última parte do livro revela a política marroquina de compra de apoios que “usa todos os mecanismos para enganar os Estados preocupados com a realidade do conflito no Sahara Ocidental”.

Na sua corrida desenfreada de deturpação para obter apoio na região da América Latina e do Caribe, Marrocos apresenta-se sempre como “um país interessado em investir em um determinado setor da economia ou oferecer investimentos fictícios” que nunca serão realizados para tentar deslegitimar a República Saharaui.

O livro “El Reino de Marruecos: La política de cheque contra la Republica Saharaui”, contém um acervo documental comprometedor extraído de telegramas diplomáticos marroquinos que descrevem a política de Marrocos com o objetivo de "subornar os Estados e as elites da região ra congelar ou retirar o seu reconhecimento à República Sahraui.

Na conclusão, os autores dirigem um apelo “aos Estados da América Latina e do Caribe, na qualidade de Estados Membros das Nações Unidas preocupados com o respeito pelos tratados e convenções e na defesa da justiça a nível internacional, a que, em relação à República Democrática Saharaui, "respeitem as regras da legalidade internacional”.