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Francisco Carrión, jornalista do «El Independiente» |
A Federação das Associações de Jornalistas de Espanha (FAPE) denuncia a expulsão do jornalista Francisco Carrión do Sahara Ocidental.
Infoperiodistas - 06-02-2025 - A Federação das Associações de Jornalistas de Espanha (FAPE) condenou a expulsão de Francisco Carrión, jornalista do El Independiente, do Sahara Ocidental pelas autoridades marroquinas. Carrión deslocou-se a Dakhla (antiga Villa Cisneros) para fins informativos. Uma vez lá, não foi autorizado a prosseguir o seu itinerário. Foi primeiro detido, interrogado durante uma hora e meia e finalmente obrigado a regressar a Espanha num voo da Ryanair. De acordo com o seu testemunho, um agente disse-lhe que a sua expulsão se devia às suas publicações sobre o rei de Marrocos.
Além disso, Carrión denunciou a falta de assistência por parte das autoridades consulares espanholas. Recordou que outro jornalista espanhol, José Carmona, do Público, tinha sofrido o mesmo destino uma semana antes.
Perante estes acontecimentos, a FAPE solicita ao ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros que peça explicações ao seu homólogo marroquino e recorda que a repressão contra a imprensa em Marrocos é recorrente. Têm-se registado no país detenções arbitrárias e penas de prisão contra jornalistas.
Censura do documentário “Vientres de arena”
O bloqueio da informação em Marrocos afectou também a produção audiovisual. A produtora espanhola Cárabo Producciones denunciou a censura do seu documentário “Vientres de arena”, que trata das condições sanitárias do povo saharauí nos campos de refugiados de Tindouf. O filme foi premiado no Festival de Cinema do Fórum Mundial da Alimentação 2024, mas a sua exibição foi vetada, alegadamente devido a pressões do governo marroquino.
Liberdade de imprensa ameaçada em Marrocos
As organizações de defesa dos direitos humanos denunciaram a falta de liberdade de expressão em Marrocos. A Amnistia Internacional denunciou a detenção de jornalistas e académicos por exercerem o seu direito à liberdade de expressão, bem como restrições arbitrárias nas prisões, que impedem os reclusos de aceder a material de leitura e de escrita.
Além disso, uma sondagem recente revela que 62% dos marroquinos consideram que os meios de comunicação social não estão autorizados a exprimir-se livremente. São estas restrições, entre outras, que levaram a que Marrocos fosse classificado por organizações internacionais como um “país não livre” em termos de liberdade de imprensa.
Consequências da repressão da imprensa
A FAPE alerta para o facto de Marrocos, ao tentar silenciar os meios de comunicação social, projetar uma imagem oposta à da democracia que pretende representar. A expulsão de jornalistas e a censura de conteúdos reforçam a perceção de repressão e geram a condenação unânime dos Estados democráticos, das suas instituições e da sociedade civil.
A organização defende que a liberdade de imprensa é um pilar fundamental da democracia e do desenvolvimento social. Sem jornalistas não há jornalismo e sem jornalismo não há democracia.