quarta-feira, 15 de maio de 2024

1 em cada 4 jovens marroquinos até aos 24 anos é NEET: Não Estuda, Não Trabalha, Não tem qualquer formação...

 

Foto Maroc Hebdo


O Conseil Economique, Social et Environnemental (CESE) de Marrocos, instituição oficial com a incumbência de prestar assessoria técnica ao Governo e às duas camaras legislativas do Reino de Marrocos organizou um seminário na quarta-feira, 8 de maio, para apresentar as conclusões do seu relatório sobre "Jovens NEET: que perspectivas de inclusão socioeconómica". NEET, significa aquilo que afirmámos no título - Not Education, Employment or Training - Expressão que descreve todos aqueles que nem estão a estudar, nem trabalhar nem a ter qualquer tipo de formação...

Segundo o estudo “25,2% dos jovens marroquinos entre os 15 e os 24 anos são considerados como NEET. Nas zonas urbanas, a proporção dos jovens NEET em 2022 elevava-se a 21,8%, o que correspondia a 771.000 jovens. Nas zonas rurais, porém essa percentagem é ainda maior: 30,3%, isto é 715.000 jovens, ou seja 1,5 milhões de pessoas no total.

Alargando a análise até aos jovens de 35 anos - refere o CESE -, o número de jovens NEET atinge o valor astronómico de 4,3 milhões de pessoas o que traduz a dificuldade de integração de grande parte da juventude no tecido social do país. Os numeros são ainda mais preocupantes afirma o CESE “já que o ritmo de crescimento da economia marroquina não gere o numero de empregos minimamente requeridos face a este panorama. Abandono escolar, falta de formaçao muito em particular nas zonas rurais”. Aquela instituição adianta ainda que as mulheres e jovens até aos 35 anos representam 73% dos NEET.

Sahara Ocidental: Um antigo oficial do exército marroquino ataca o Makhzen

 

Abdelilah Isso sobreviveu a várias tentativas de assassinato enquanto residia em Espanha, incluindo uma tentativa de rapto em Madrid, em 2010, e um recente acidente de viação quase fatal a que escapou por pouco, que atribui à rede de espionagem marroquina que opera em Espanha.


Um antigo oficial do exército marroquino a residir em Espanha sublinhou a estratégia do regime de Makhzen de doutrinar o povo marroquino para apoiar a sua ocupação ilegal dos territórios saharauis.

"Infelizmente, a questão do Sahara Ocidental une o povo marroquino. Para mim, não porque a sua causa seja justa, mas porque os marroquinos sofreram e sofrem, desde há décadas, uma lavagem cerebral muito grave e sofisticada, que os transformou em meros «zombies», incapazes de pensar e analisar os factos", lamentou Abdelilah Issou, em entrevista publicada na segunda-feira pelo site "Ecsaharaoui".

Instado a pronunciar-se sobre o conflito do Sahara Ocidental, afirmou que o povo saharaui não tinha outra alternativa senão continuar a lutar pela sua liberdade e independência, prosseguindo a sua luta contra o ocupante marroquino, denunciando a inação da ONU, que qualificou como um instrumento de dominação nas mãos das potências ocidentais.

"Os patriotas saharauis não têm outra escolha senão continuar a lutar pela sua liberdade e independência. É claro que (...) poderiam fazer melhor, e poderiam também receber mais apoio (...) para poderem continuar a sua luta armada", sublinhou Abdelilah Issou. Denunciou a "hipocrisia ocidental sem precedentes" em relação ao conflito saharaui, sublinhando que "a contradição é a mesma que vemos na Palestina".

"Por um lado, armam e apoiam (a entidade sionista) e, por outro, apelam aos palestinianos oprimidos para que se acalmem", indignou-se. Neste contexto, o antigo oficial do exército marroquino apelou à Frente Polisario a prosseguir a sua luta armada até à independência do Sahara Ocidental, sublinhando que "ceder nesta fase da luta seria uma traição à causa".




"A palavra de ordem deve ser 'lutar e resistir até à morte'", insistiu. A uma pergunta sobre o papel da ONU no conflito saharaui, Abdelilah Issou indicou que esta instituição internacional "nunca foi justa nem fiável", e que sempre foi "um instrumento de dominação nas mãos das potências, em particular do Ocidente". "E se não, vejam o que fizeram com os palestinianos. Os saharauis têm a obrigação de denunciar pelo menos as duas medidas utilizadas pela ONU no caso do Sahara Ocidental e de prosseguir a sua ofensiva diplomática em todas as frentes", afirmou.

Por último, Abdelilah Issou dirigiu uma mensagem àquilo a que chamou a "pseudo-oposição marroquina no estrangeiro", que afirmou ter apelado à unidade em várias ocasiões, mas que infelizmente foi alvo de ataques por parte desses mesmos pseudo-opositores. Nascido em Tetouan, no norte de Marrocos, em 1965, graduado como segundo-tenente de infantaria na academia militar de Meknès em 1988, colocado no mesmo ano na frente de batalha do Sahara Ocidental, onde permaneceu até ao final de 1999, Issou sempre se apresentou como um antigo oficial do exército marroquino, opositor do regime de Mohamed VI.

Depois de deixar Marrocos em 2002, é atualmente considerado um dos principais observadores do seu país. Sobreviveu a várias tentativas de assassinato enquanto residia em Espanha, incluindo uma tentativa de rapto em Madrid, em 2010, e um recente acidente de viação quase fatal a que escapou por pouco, que atribui à rede de espionagem marroquina que opera em Espanha.

 

 

domingo, 5 de maio de 2024

FiSahara 2024 abraça a Palestina e atribui a 'Camela Branca' ao filme "200 metros"

 


Contramutis - 05-05-2024 | O Festival Internacional de Cinema do Sahara Ocidental reuniu milhares de pessoas durante uma semana para apelar à união dos povos oprimidos e à sua resistência como uma vitória.

O FiSahara (Festival Internacional de Cinema do Sahara Ocidental) encerrou a sua 18.ª edição honrando o lema escolhido para a edição deste ano: Jaimitna Fi Cinema (O Nosso Jaimah no Cinema): Resistir é Vencer. O filme palestiniano 200 metros, realizado por Ameen Nayfeh e produzido por Ahmad Al-Bazz, ganhou a Camela Branca, que o reconhece como o vencedor desta edição.


O palestiniano Ahmad Al-Bazz, recebe a «Camela Brana» prémio máximo do FiSahara


Na presença do presidente da RASD (República Árabe Saharaui Democrática) e SG da Frente POLISARIO, Brahim Ghali, e do primeiro-ministro, Bucharaya Beyun, terminou na noite de 4 de maio o festival de uma semana no campo de refugiados saharauis de Auserd, no deserto do Sahara argelino, informa o serviço de imprensa do festival.

Ao atribuir o prémio a este filme, que narra as adversidades causadas pelo muro erguido por Israel na Cisjordânia e a opressão a que é submetida a população palestiniana, o júri alargou a geminação de causas como a saharaui e a palestiniana, ambas resistindo ao incumprimento da legalidade internacional por parte de uma potência invasora. O próprio Al-Bazz, que chegou diretamente da Cisjordânia para receber o prémio, aceitou o prémio das mãos do ministro saharaui da Cultura, Moussa Salma, e da governadora de Auserd, Jira Bulahi, sublinhou o seu "orgulho em receber este prémio num festival como o FiSahara", ao mesmo tempo que afirmou que "enquanto fotojornalista e documentarista, continuarei a utilizar o cinema e o seu poder como instrumento de transformação".

O segundo prémio foi atribuído a «Insumisas», o documentário realizado por Laura Dauden e Miguel Ángel Herrera, que relata as atrocidades e os crimes contra a humanidade cometidos por Marrocos contra mulheres activistas, muitas delas dos Territórios Ocupados, como Sultana Jaya, Elghalia Djimi, Mina Baali, Omeima Mahmud Nayern e Jadiyetu El Mohtar. As activistas dos Territórios Ocupados Elghalia Djimi e Mina Baali receberam o prémio das mãos de Galia Yahia, Directora da Cultura na wilaya de Ausserd, e de Sidami Hafed, Directora da Casa da Mulher de Ausserd.

O terceiro prémio, entregue pelo ator Guillermo Toledo, foi atribuído ao filme «Igualada», realizado por Juan Mejía Botero, que conta a história de superação e resistência da vice-presidente colombiana Francia Márquez. A vencedora do Prémio Nacional da Paz da Colômbia e fundadora do Festival Audiovisual Montes de María (Colômbia), Soraya Bayuelo, recebeu o prémio, que destacou a coragem das mulheres que lutam contra a opressão.

Por último, o Prémio Eduardo Galeano para os Direitos Humanos reconheceu o trabalho do Coletivo de Activistas que Defendem os Direitos Humanos nos Territórios Ocupados. A jornalista e ativista Asria Mohamed entregou o prémio a activistas dos Territórios Ocupados, como Salha Boutenghiza, Mahfouda Lekfir, Nasrathoum Babi, Mina Baali, Laila Lilli, Elghalia Djimi, Soukaina Aamadour e Sidi Mohamed Daddach, conhecido como o "Mandela saharauí", entre outros.

A gala, que teve como anfitriãs as actrizes espanholas Carolina Yuste e Nathalie Poza e o activista senegalês Thimbo Samb, contou com a leitura conjunta pelos defensores dos direitos humanos Soraya Bayuelo (Colômbia), Milton Carrero (Porto Rico), Lurdes Pires (Timor-Leste) e Ahmad Al-Bazz (Palestina) de um manifesto de solidariedade com o povo saharaui.




A gala foi concluída com um concerto de Pedro Pastor e Álvaro Navarro, encerrando assim uma nova edição do festival que, como salientaram nas suas intervenções a sua directora executiva, María Carrión, e o responsável saharaui pelo Cinema e o Teatro no Ministério da Cultura, Ahmed Mahamud Mami, "após 20 anos de existência, continua a ganhar a sua importância entre tantas guerras e opressões, utilizando o cinema como arma".


Cultura e identidade contra a opressão

Na cerimónia de encerramento foram também entregues os prémios Le Frig, um espaço de tendas tradicionais saharauis em que as diferentes wilayas (acampamentos) concorrem em diferentes categorias. A lista dos vencedores foi encabeçada, no concurso nacional, pela wilaya de Auserd, seguida das de Smara, Dakhla, Bojador e El Ayoun, tendo Brahim Ghali e a Bucharaya Beyun entregue o prémio aos dois primeiros classificados. Do mesmo modo, na categoria regional, o vencedor da daira (bairro) foi Leguera, à frente de Zug, Tichla, Bir Ganduz; Miyek e Agüenit.

Le Frig é um dos eventos culturais que, desde o passado dia 30 de abril, data do arranque do FiSahara 2024, se juntou aos mais de trinta filmes, bem como às numerosas mesas redondas e exposições que tomaram a epopeia da resistência como uma espécie de vitória e de ligação entre os diferentes povos oprimidos, com o cinema como ponta de lança da resistência cultural.



Brahim Ghali assegura que o Sahara Ocidental continuará a lutar até à vitória

 


Ausserd (campos de refugiados), Argélia, 4 maio (Prensa Latina) | O presidente da República Árabe Saharaui Democrática (RASD) e SG da Frente POLISARIO, Brahim Ghali, assegurou hoje que o Sahara Ocidental continuará a luta até à devolução dos territórios ocupados.

Numa troca de impressões com os participantes na Primeira Conferência dos Meios de Comunicação Social de Solidariedade com o Povo Saharaui e no Festival Internacional de Cinema (FiSahara), Ghali afirmou que os saharauis não desistirão da justa exigência de serem livres e trabalharem em paz.

A batalha terminará quando as nossas fronteiras forem respeitadas e o Sahara Ocidental nos for devolvido, sublinhou o Presidente neste campo de refugiados no sul da Argélia.

Agradeceu também aos jornalistas pela sua presença na conferência de imprensa e disse à Prensa Latina estar certo de que a RASD triunfará, tal como Cuba, nações - disse numa mensagem à nação caribenha - que, unidas, triunfarão.

O líder saharaui trocou impressões com a imprensa sobre outros temas de interesse como as relações com Espanha, o papel da ONU na procura de uma solução para o conflito e a defesa dos recursos naturais.

Em Bojador, outro dos cinco acampamentos de refugiados saharauis na região argelina, a conferência dos profissionais da informação terminou com um compromisso de multiplicar o apoio à causa do Sahara Ocidental.

O fórum dos meios de comunicação social terminou há algumas horas com a adoção da declaração final e um acordo para a criação da Federação dos Jornalistas e Profissionais dos Meios de Comunicação Social Solidários e Interessados na Luta do Povo Saharaui.




O Ministro da Informação da RASD, Hamada Salma Daf, descreveu os debates como frutuosos e a conferência como um êxito devido à qualidade dos intercâmbios e à decisão principal de elevar a mensagem em defesa do seu povo a nível mundial.

De acordo com declarações daquele responsável à Prensa Latina, a causa do Sahara recebeu um impulso com a participação ativa de mais de uma centena de profissionais de quase 30 países, determinados, disse, a defender o direito à autodeterminação e à devolução dos territórios ocupados.

Ao longo de dois dias, os participantes no encontro nesta região desértica debateram a situação atual do Sahara Ocidental, a situação dos direitos humanos na zona controlada por Marrocos, a duplicidade de critérios e a necessidade de um jornalismo ético.

O texto final de Bojador, conhecido como Declaração de Bir Lehlu, apela a um trabalho equilibrado e objetivo dos meios de comunicação social contra a máquina de propaganda que ameaça a estabilidade, a segurança e a paz mundiais.

Insta igualmente a esforços conjuntos para proteger os direitos fundamentais e os princípios de causas justas, reiterando simultaneamente a possibilidade e a esperança de construir um mundo melhor.

Segundo o ministro da Informação da RASD, um dos marcos da Conferência foi a decisão de fundar a federação dos jornalistas e profissionais solidários e interessados na causa saharaui, com um órgão diretivo composto por um presidente, um vice-presidente, o secretário-geral e representantes em cada região geográfica.

O Sahara Ocidental é uma linha vermelha para os jornalistas em Marrocos, denuncia o relatório da Repórteres Sem Fronteiras (RSF)

 


As autoridades marroquinas utilizam acusações forjadas contra jornalistas independentes, tais como acusações de violação, tráfico de seres humanos, adultério ou prática ilegal de aborto.

O regime de Mohamed VI reforçou o seu controlo sobre a imprensa em Marrocos.

Por Alfonso Lafarga - Contramutis



O Sahara Ocidental - um Território Não Autónomo pendente de descolonização ocupado pelo regime marroquino desde finais de 1975, depois de ter sido entregue por Espanha - é uma linha vermelha para os jornalistas em Marrocos, para além de outras como a monarquia, a corrupção, o Islão, os serviços de segurança e a repressão das manifestações.

A Repórteres sem Fronteiras (RSF) denuncia esta situação no seu Relatório Mundial sobre a Liberdade de Imprensa 2024, no qual especifica que as detenções de jornalistas sem mandato e por períodos prolongados estão na ordem do dia em Marrocos, onde o governo de Aziz Akhannouch reforçou o seu controlo sobre a imprensa.

No Índice Mundial da Liberdade de Imprensa 2024, Marrocos passa do 144.º para o 129.º lugar, mas a RSF observa que tal se deve "à ausência de novas detenções, mas não reduz a extensão da repressão, nomeadamente judicial, que continua contra os profissionais da comunicação social".

No seu relatório, publicado a 3 de maio, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, a RSF sublinha que, nos últimos anos, "foram utilizadas contra jornalistas independentes questões morais completamente forjadas, como acusações de violação, tráfico de seres humanos, adultério ou prática ilegal do aborto" e que "os processos que se seguem a estas acusações são acompanhados de campanhas de difamação orquestradas contra eles pelos meios de comunicação social pró-governamentais".




Repórteres sem Fronteiras afirma que o pluralismo da imprensa marroquina é apenas uma fachada, uma vez que os meios de comunicação social não reflectem a diversidade das opiniões políticas no país. "Os meios de comunicação social e os jornalistas independentes enfrentam graves pressões e o direito à informação é esmagado por uma máquina de propaganda e de desinformação ao serviço da agenda política dos detentores do poder e dos seus círculos", afirma a ONG.

Apesar de o novo código de imprensa marroquino, adotado em 2016, despenalizar os delitos de imprensa, qualquer publicação considerada crítica pode ser objeto de uma ação penal com base no código penal. Esta falta de garantias jurídicas para a liberdade de expressão e o jornalismo, a falta de independência do poder judicial e o aumento das acções judiciais contra jornalistas levam os profissionais da comunicação social a autocensurarem-se.

 

JORNALISTAS SAHARAUIS DETIDOS

A RSF não faz qualquer referência específica à situação da liberdade de imprensa no Sahara Ocidental, apesar de seis jornalistas saharauis estarem atualmente a cumprir penas graves nas prisões marroquinas, a maior parte deles a mais de 1.000 quilómetros de distância das suas famílias, segundo fontes do grupo jornalístico saharaui Equipe Media.

São eles Abdalahi Lekhfauni, condenado a prisão perpétua, da Equipe Media; Hassan Dah, (25 anos de prisão), da RASD TV e Rádio; Mohamed Lamin Haddi (25 anos), da RASD TV e Rádio; El Bachir Khada (20 anos), da EM; Khatri Dadda (20 anos), da Salwan Media e Mahmud Khambir (10 anos), da Smara News.




Yahdih Essabi, diretor da Gargarat Media, foi libertado da prisão a 28 de maio de 2023 após ter cumprido uma pena de dois anos. A caminho de casa, num posto de controlo, a polícia agrediu-o, espancou o seu irmão, ameaçou a família e depois impediu os saharauis de o visitarem.

Vários destes presos fizeram repetidas greves da fome como única forma de denunciar as condições extremas de detenção, as torturas e os maus tratos de que são vítimas e de exigir que sejam levados para prisões no Sahara Ocidental, perto das suas famílias.

Embora a organização central dos Repórteres Sem Fronteiras, com sede em Paris, não faça referência aos jornalistas saharauis nos seus relatórios anuais, em junho de 2019 a secção espanhola da RSF apresentou um estudo detalhado sobre a liberdade de imprensa no Sahara Ocidental, um território que definiu como "um dos lugares mais áridos do mundo para a informação e o jornalismo". Denunciou a perseguição sofrida pelos jornalistas saharauis por Marrocos, que trata a informação no Sahara Ocidental com "mão de ferro", pune "implacavelmente" o exercício do jornalismo local e bloqueia o acesso aos meios de comunicação estrangeiros.

 

A ESPANHA NÃO ESTÁ LIVRE DE PRESSÕES POLÍTICAS

Repórteres sem Fronteiras afirma que a subida de Espanha no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa, do 36º para o 30º lugar no ano passado, se deve a uma melhoria do ambiente jurídico e de segurança e ao declínio de outros países.

Garante que a Espanha não está livre das pressões políticas que, como em todo o mundo, "estão a corroer a independência e a pluralidade do jornalismo, embora este resista num cenário mundial desanimador".

Apesar de o Governo não ter cumprido o seu compromisso de revogar a "Lei da Mordaça", o facto de esta quase não ter sido aplicada aos profissionais da comunicação social durante anos e de não ter sido aprovada recentemente qualquer outra legislação que atente contra a liberdade de informação coloca o quadro jurídico espanhol entre os 20 mais protectores do mundo, segundo a RSF.

A RSF, que conta e condena regularmente as agressões físicas e verbais de que são vítimas os jornalistas espanhóis que cobrem eventos de rua - como os que tiveram lugar durante os protestos em frente à sede do PSOE no outono passado -, bem como o assédio de que são alvo nas redes sociais, "considera, de um modo geral, que Espanha é um país seguro para o livre exercício do jornalismo".

Dos 180 países que integram o ranking da RSF, os que oferecem melhores condições para o jornalismo são: Noruega, seguida da Dinamarca, Suécia, Holanda, Finlândia, Estónia, Portugal Irlanda, Suíça e Alemanha.

sábado, 4 de maio de 2024

Solidariedade com a RASD contra o cerco mediático ao Sahara Ocidental




Correo Diplomatico Saharaui 04-05-2024 | A União dos Jornalistas e Escritores Saharauis apelou ao mundo para que rompa o cerco informativo em torno da luta do povo da RASD pela recuperação dos territórios ocupados por Marrocos.

Durante a jornada de abertura da 1.ª Conferência dos meios de comunicação social de solidariedade com o povo da República Árabe Saharaui Democrática neste campo de refugiados, que decorreu esta quinta e sexta-feiras (2 e 3 de Maio), os oradores e os painelistas apelaram a que se mostre a verdadeira história do seu povo, com objetividade e sem imparcialidade.

A necessidade de criar uma frente comum para fazer face à desinformação sobre a situação no Sahara Ocidental foi evocada por Nafi Ahmed Mohamed, dirigente da organização, antes de saudar a presença de cerca de 120 convidados internacionais provenientes de quase 30 países.

De acordo com a ordem de trabalhos de dois dias, a conferência organizada nos campos de refugiados do deserto do sul da Argélia pretende adotar um roteiro para difundir o discurso com a mensagem verdadeira da causa da independência, da soberania e da integridade territorial.

O evento mediático visa igualmente encorajar a criação de ligas de jornalistas solidários com a causa saharaui e promoverá uma declaração contra a duplicidade de critérios nos media.




O responsável pela informação do governo da RASD, Maluma Larabas, apelou a um intercâmbio sobre a perspectiva jornalística no tratamento do assunto, que é controlado nos grandes meios de comunicação social do ponto de vista marroquino.

Tanto o presidente dos jornalistas e escritores saharauis como Maluma Larabas destacaram a presença da Prensa Latina, uma agência de notícias que, segundo eles, sempre reflectiu de forma oportuna o que consideravam ser a justa luta do seu povo.

É significativo, reiteraram, que o presidente da principal agência de notícias da América Latina, Luis Enrique González, participe com contribuições sensíveis baseadas na experiência de quase 65 anos de enfrentamento dos bloqueios de informação na distante Cuba.

O primeiro dia da conferência contou com intervenções do ministro dos Negócios Estrangeiros Mohamed Sidati, de peritos nacionais e estrangeiros no painel sobre a situação política e diplomática da questão do Sahara Ocidental.

Além disso, as mesas redondas centraram-se na situação dos direitos humanos e nas suas violações na parte ocupada pela nação vizinha, enquanto os comandantes militares falaram sobre as acções das suas forças desde a rutura do acordo de paz em novembro de 2020.

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Casal sueco percorre 48.000 quilómetros de bicicleta para apoiar a causa saharaui

 


Correo Diplomatico Saharaui - 02-05-2024 | Sim, não leu mal: é mesmo essa considerável distância...

Um casal sueco aceitou o desafio de percorrer 48.000 quilómetros de bicicleta para sensibilizar a opinião pública para a causa saharaui em três continentes, numa viagem rica em encontros que deverá terminar em janeiro de 2025.

Sanna Ghotbi e Benjamin Ladraa, que chegaram na semana passada à Suíça com bandeiras saharauis, informam sobre a luta do povo saharaui onde quer que possam, sublinha o diário suíço Le Courrier, que refere que o casal já percorreu 21 países em dois anos.

Segundo Benjamin Ladraa, o Sahara Ocidental "não é apenas a última colónia de África, mas também a maior do mundo".

"Para nós, o Sahara Ocidental é um símbolo", acrescenta Sanna Ghotbi. "Se não aplicarmos o direito à autodeterminação a um caso tão claro como este, então este princípio nunca mais (...) será aplicado", afirma.

Durante a sua viagem, os dois aventureiros procuram encontrar o maior número de pessoas para falar com elas sobre a situação no Sahara Ocidental ocupado.

"Trata-se de identificar pessoas-chave para sensibilizar a opinião pública: políticos, académicos ou jornalistas", explica Benjamin. "Os meios de comunicação social estão sobretudo interessados no facto de estarmos a sacrificar três anos das nossas vidas para viajar, mas a sua curiosidade permite-nos enviar uma mensagem", afirma.

Para cobrir os custos da sua viagem, Sanna e Benjamin utilizam um sítio de angariação de fundos. Têm também uma rede de contactos em diferentes países. Alguns deles acolhem-nos, mas muitas vezes montam a tenda para dormir onde podem.

 


Palestina e Sahara, a mesma luta

Nos países onde a causa saharaui é pouco conhecida, Sanna e Benjamin contam com a sua rede de contactos solidários com a causa palestiniana para preparar o terreno e sensibilizar para a causa do povo saharaui.

Pela Palestina, Benjamin Ladraa já fez uma viagem de 5.000 quilómetros a pé em 2017. Uma viagem que passou principalmente pelos países do Médio Oriente, onde organizou conferências sobre vários temas relacionados, nomeadamente o bloqueio imposto à Faixa de Gaza e a situação dos refugiados palestinianos. Foi expulso pelo exército sionista quando tentou entrar nos territórios ocupados.

No mesmo ano, cria a associação Solidarity Rising para "a defesa da liberdade e das causas justas".

Voltando à questão saharaui, Benjamin sublinha a vontade do ocupante de esconder os seus crimes a todo o custo.

Tal como acontece com a entidade sionista na Palestina, as autoridades marroquinas proíbem a presença de meios de comunicação social e de ONG nos territórios ocupados.

Foi precisamente por isso que os dois suecos decidiram organizar a sua viagem de solidariedade. Planeiam também realizar um documentário que será exibido nos Estados Unidos em 2025.

Sanna recorda: "Os EUA são um país importante na procura de uma solução para o Sahara Ocidental. E quando vemos as actuais mobilizações nas universidades americanas a favor da Palestina, isso dá-nos esperança. "