quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Autoridades de ocupação marroquinas arquivam investigação sobre o assassinato de Mahmoud Haidar




Mahmoud Haidar, primo da conhecida ativista saharaui Aminetou Haidar cujo cadáver apareceu no passado domingo abandonado a vários quilómetros a oeste de El Aaiun, foi enterrado antes de ontem sem que a família tenha recebido o relatório da autópsia que revele a causa da sua morte, uma vez que as autoridades marroquinas arquivaram o caso e suspenderam a investigação oficial. O seu cadáver apresentava evidentes sinais de violência, denotando que foi assassinado e posteriormente abandonado no deserto. Segundo parece, a Proteção Civil terá recebido um aviso anónimo que informava sobre o paradeiro do corpo.

Segundo fontes próximas da família, vários familiares receberam pressões e ameaças de perder o seu emprego se persistissem em exigir o relatório forense, enquanto as forças de ocupação mantêm um férreo cerco repressivo em seu redor.

Fonte: el Sahara de los Olvidados


Portugal: Secretária-Geral da União Nacional das Mulheres Saharauis recebida na Assembleia da República


A SG da UNMS com o vice-presidente da Assembleia da República, António Filipe

A Secretária-Geral da União Nacional das Mulheres Saharauis (UNMS) e membro do Secretariado Nacional da Frente POLISARIO, Fatma Medhi Hassam, esteve ontem, terça-feira, na Assembleia da República no âmbito da sua visita a Portugal, onde se deslocou para participar no 9.º Congresso do MDM.

A dirigente saharaui foi recebida pelo vice-presidente do Parlamento português, António Felipe, e também por representantes de vários grupos parlamentares representados no Parlamento. Eles eles, o grupo do Partido Social Democrata (PSD) através da deputada Mónica Ferro; do CDS/PP, representado pela responsável da Igualdade, a deputada Teresa Anjinho; com as responsáveis de Relações Internacionais e de Direitos Humanos do Partido Comunista Português (PCP) Rita Rato e Carla Cruz; e com Joana Silva, Chefe de Gabinete do Partido Os Verdes.

Com a deputada Mónica Ferro no Grupo Parlamentar do PSD

Com a deputada Teresa Anjinho no Grupo Parlamentar do CDS/PP

Com as deputadas Rita Rato e Carla Cruz no Grupo Parlamentar do PCP

A Secretária-Geral da UNMS, acompanhada do Delegado saharaui em Portugal, teve a ocasião da falar sobre a atual situação do conflito saharaui  que atravessa um momento crítico como consequência da repressão exercida pelas forças de ocupação marroquinas, especialmente após o falecimento do preso político Hassana Luali no hospital militar de Dakhla.

Com Joana Silva no Grupo Parlamentar de Os Verdes

Fatma Medhi, no seu encontro com o vice-presidente do parlamento português e com as representantes dos diferentes Grupos parlamentares, apelou ao governo de Portugal a jogar um papel mais ativo na solução do conflito saharaui após a sua nomeação para o Conselho Internacional dos Direitos Humanos e, para que impulsione a ampliação do mandato da MINURSO na monitorização e vigilância dos direitos humanos no Sahara Ocidental.

A líder da UNMS pediu igualmente aos partidos políticos que realizem visitas ao Sahara Ocidental para conhecer a situação in situ, tanto nos acampamentos de refugiados como nos territórios ocupados por Marrocos.


Fonte: UNMS

Marrocos: o pesadelo Chris Coleman




A causa saharaui recebeu um inesperado aliado. É marroquino e diz chamar-se Chris Coleman. Este hacker está sacudir o Reino de Marrocos ao revelar documentos sensíveis e confidenciais (emails, ordens de transferência, telegramas secretos e outra correspondência oficial). Entre outras coisas deu a conhecer subornos a jornalistas franceses, norte-americanos e britânicos por parte da inteligência marroquina. Dois deles são Richard Miniter e Joseph Braude, que nas suas “análises”, tratavam de transmitir falsamente à opinião pública norte-americana que os saharauis tinham ligações com o “terrorismo jihadista”. Os documentos filtrados indicam que receberam dezenas de milhares de dólares.

Denominado como o “Snowden marroquino”, desde princípios de outubro este desconhecido inundou as redes sociais com twitts repletos de informação confidencial. Os documentos revelam também que Marrocos e a ONU, respaldada agora pelos EUA, vivem uma espécie de borrasca permanente por causa do Sahara Ocidental. É a primeira vez que documentos secretos são revelados assim, e ainda por cima estão relacionados com a questão estratégica do Sahara. Não há dúvida que este génio da informática está dando muitas dores de cabeça aos dirigentes do Makhzen.

Fonte: Vidasolidaria.com


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Mahyuba, uma jovem saharaui a quem a família biológica não deixava regressar à Europa


Mahyuba Mohamed Hamdidaf

A história da jovem saharaui Mahyuba é um exemplo do confronto entre a tradição e a modernidade, entre o amor-possessivo arreigado da família de sangue e a liberdade de uma jovem brilhante que tem umas encantadoras asas para voar…       

É difícil mudar mentalidades. Muitas vezes, os processos revolucionários de libertação nacional irrompem com todo o seu vigor e bandeiras de utopia, mas a mudança de mentalidades nem sempre chega a todos, educados em práticas ancestrais que se perdem na memória dos tempos.

A Frente Polisario, constituída a 10 de maio de 1973 na sua esmagadora maioria por jovens saharauis, veio abalar também concepções, modos de vida, mentalidades…40 anos passados sobre a sua fundação tudo o que preconizava e defendia foi conseguido? Não. Mas seria idílico que isso ocorresse, numa sociedade em que no tempo colonial espanhol fenómenos como a escravatura ainda existiam e eram, até, prática corrente…

Eis como o jornal EL MUNDO conta a sua história:


"A retenção de Mahyuba Mohamed Hamdidaf nos acampamentos saharauis de Tindouf (Argélia) chegou ao seu fim. Mahyuba, de nacionalidade espanhola, saiu esta terça-feira do acampamento de El Aaiun e encontra-se a salvo no consulado de Espanha em Argel, segundo confirmaram ao EL MUNDO fontes próximas da sua família de acolhimento. Está previsto que hoje mesmo viaje para Espanha.

A jovem de 24 anos estava retida contra sua vontade desde mediados de agosto, obrigada por seus pais biológicos a permanecer nos acampamentos. Retiraram-lhe o seu passaporte espanhol e proibiram-na de voltar à sua vida na Europa, onde trabalhava há um ano numa prestigiada fundação de Londres.

Numa entrevista a este periódico há uma semana, Mahyuba pedia para ser livre: "Quero decidir por mim mesma. Sou uma mulher de 24 anos; não me formei para estar na cozinha. ¡Quero a minha liberdade!".

Desde há semanas, o Ministério dos Negócios Estrangeiros [de Espanha] mediava com a Frente Polisario e a família biológica da jovem para que Mahyuba fosse libertada. A organização Human Rights Watch (HRW) também denunciou o seu confinamento forçado em Tindouf. Familiares e amigos de Hamdidaf em Espanha criaram uma plataforma para denunciar a sua situação e exigir o seu direito a decidir.

Mahyuba chegou pela primeira vez a Espanha em 1999, dentro do programa “Vacaciones en Paz”, através do qual centenas de famílias espanholas acolhem durante o verão crianças saharauis. Em 2002, foi ratificado o seu acolhimento permanente no seio de uma família da localidade valenciana de Genovés.

Em 2012, a jovem obteve a nacionalidade espanhola. Licenciada em Filologia Árabe pela Universidade de Alicante, seus professores qualificaram Hamdidaf de "aluna brilhante". Agora, poderá recuperar a vida e a sua prometedora carreira."

Marrocos quer comprar o apoio do Panamá às suas teses com alguns contentores de fosfato roubado



É com fosfatos que Marrocos quer convencer o Panamá a não restabelecer as relações com a RASD. Ofereceu graciosamente 3.000 toneladas de fertilizantes (156 contentores) das jazidas Bou Craa no Sahara Ocidental, sob ocupação marroquina. Mas, ao que parece, a oferta é aquilo que se chama um "presente envenenado". Os 156 contentores de fertilizantes que foram entregues há já vários meses jazem, até à data, num porto do Panamá.

Todo o artigo em:

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Conselho de Segurança da ONU analisa o atasco diplomático no Sahara




Nações Unidas, 27 out (EFE).- O Conselho de Segurança da ONU analisou hoje durante mais de duas horas o conflito do Sahara Ocidental, onde as iniciativas diplomáticas impulsionadas pelo Secretário-Geral Ban Ki-moon continuam atascadas.

O Enviado Pessoal de Ban para o Sahara, Christopher Ross, informou os membros do Conselho sobre a situação numa sessão à porta fechada a após a qual não quis fazer declarações.

Participou também no encontro o subsecretário-geral para as Operações de Paz da ONU, o francês Hervé Ladsous, que também não falou com os jornalistas.

A missão das Nações Unidas na zona, a MINURSO, continua sem receber a sua nova chefe, Kim Bolduc, apesar de ela ter sido nomeada desde maio passado.

Embora não tenha sido explicada a razão oficial para a espera, o ministro dos Negócios Estrangeiros marroquino, Salahedin Mezuar, queixou-se em setembro por Marrocos "não ter sido consultado" pela ONU no momento da nomeação Bolduc e deu a entender que não aceitaria a sua chegada até que fossem dadas "muitos esclarecimentos" sobre o seu mandato.

Para a Frente Polisario, Rabat bloqueia tanto a chegada da responsável da MINURSO como os esforços diplomático de Ross, segundo disse hoje à EFE o seu responsável junto da ONU, Ahmed Bukhari.

Para o representante saharaui, Marrocos colocou "um desafio frontal" às Nações Unidas, ao qual a organização deve responder. Apesar do apoio manifestado nos últimos meses pelo Conselho à missão de Ross, o diplomata não viaja para a região desde janeiro e transmitiu a alguns interlocutores o pessimismo sobre uma possível solução.

O Conselho de Segurança terá que voltar a pronunciar-se sobre o conflito na próxima primavera, altura em que a Espanha fará parte do órgão como membro não permanente.

Bukhari espera que a Espanha e outros países intercedam junto de Marrocos para se avançar em direção a uma solução para o conflito.

Desde 2007, sob os auspícios da Organização das Nações Unidas, a Frente Polisario e Marrocos tiveram várias reuniões para tentar encontrar uma solução para o conflito que remonta a 1975, após a colonização espanhola do Sahara Ocidental.

Rabat propõe uma ampla autonomia para o território, desde que este se mantenha sob o chapéu-de-chuva do Estado marroquino, enquanto a Frente Polisario exige a realização de um referendo de autodeterminação em que se posse eleger livremente a opção da independência do povo saharaui.

EFE


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Wikileaks do Makhzen (III): graves segredos do regime marroquino a descoberto




Carlos Ruiz Miguel, Prof. de Direito Constitucional na Universidade de Santiago de Compostela,  ajuda-nos a compreender a importância dos documentos revelados pelo Wikileaks marroquino https://twitter.com/chris_coleman24/

A conta no twitter de "Chris Coleman" intensifica a colocação de documentos secretos do Makhzen. Entre esses documentos, alguns dizem respeito a temas anteriores (como as atividades secretas marroquinas de manipulação da opinião pública  nos EUA, ou as ligações secretas do regime marroquino com Israel). Mas apareceram outros documentos, extraordinariamente importantes, sobre a estratégia diplomática do Makhzen na América latina (e, especialmente no Perú) e nas Nações Unidas (tanto em Genebra como em Nova Iorque). A documentação de "Coleman" prova que altos cargos das Nações Unidas de Genebra, a Alta-Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay (e o seu chefe de operações sobre o terreno, Anders Kompass, e Bacré Ndiaye, diretor do Conselho de Direitos Humanos e de procedimentos especiais) assim como o chefe de gabinete do Alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Athar Sultan-Khan, estavam sob o controlo do serviço secreto marroquino através de Omar Hilale [o atual embaixador de Marrocos junto da ONU]. Estas escandalosas revelações põem fim à carreira internacional destes altos cargos das Nações Unidas e inabilitam Hilale a continuar exercendo o seu posto em Nova Iorque. @Desdelatlantico.

Navi Pillay, Anders Kompass, Bacré Ndiaye e Athar Sultan-Khan: ao serviço da ONU e... de Sua Majestade o Rei de Marrocos!


I. NAVI PILLAY, ALTA-COMISSÁRIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA OS DIREITOS HUMANOS, "ALICIADA" POR MARROCOS COM UMA DOAÇÃO DE 250.000 DÓLARES

Navi Pillay, jurista de nacionalidade sul-africana, desempenha na sede de Genebra o cargo de "Alta-Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos" (ACNUDH) desde que, em 2008, substituiu a canadiana Louise Arbour. O seu mandato termina, precisamente, este ano 2014.
Num dos documentos revelados por "Chris Coleman", [http://www.4shared.com/web/preview/pdf/wE0OPm79ba] firmado por Omar Hilale (ou Hilal), embaixador (ou representante permanente) do Reino de Marrocos nas Nações Unidas em Genebra até que, em abril deste ano, foi designado para esse posto na sede da ONU de Nova Iorque, substituindo Mohamed Lulishki, fica clara que, desde 01 de fevereiro de 2014, Navi Pillay desempenha as suas funções ao serviço de interesses marroquinos. Neste documento, Hilale diz que Pillay deu instruções ao seu representante em Nova Iorque para que "mantivesse em segredo a sua conversa com o embaixador de Marrocos e não a revelasse em Nova Iorque nem à ONU nem aos diplomatas ali acreditados. Além disso, pede ao seu representante que não formule nenhuma recomendação para que a Missão de Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental (MINURSO) veja ampliadas as suas competências para velar pelos direitos humanos. Mais, Hilale diz que Pillay "espera ardentemente" efetuar uma visita a Rabat (que se realizou em maio de 2014) "e ser recebida por Sua Majestade o Rei, que Deus o assista".

"Chris Coleman" publica [http://www.4shared.com/web/preview/pdf/a5nf-scJce]" outro despacho de Hilale, com data de 14 de maio de 2013, em que dois indivíduos, de que adiante se falará — Anders Kompass e Bacre Ndiaye —, recomendam a Hilale que ganhe os favores de Navi Pillay através de meios financeiros, pois, comentam, houve uma redução de 25% no orçamento do organismo dirigido por Pillay e ela quer terminar o seu mandato de forma brilhante, graças às contribuições voluntárias dos Estados. Com efeito, [http://www.4shared.com/web/preview/doc/GOmxQYgEba] noutro telegrama revelado por "Coleman", datado de 22 de janeiro de 2012, e dirigido ao ministro dos Negócios Estrangeiros marroquino, a Missão Permanente Reino de Marrocos na sede da ONU, em Genebra, conclui:

"quero recordar a imperativa necessidade de transferir os restantes 250.000 dólares a título de contribuição voluntária de Marrocos para o orçamento 2011 do Alto Comissariado para os Direitos Humanos que a Comissária me disse em duas ocasiões que está desejando receber. Esta transferência fará com que a Sra. Pillay seja mais recetiva às nossas preocupações sobre o tema do contributo da sua agência para o próximo relatório do SG da ONU sobre o Sahara".


II. ANDERS KOMPASS, CHEFE DE OPERAÇÕES SOBRE O TERRENO DO ACNUDH, O AGENTE DO MAKHZEN NA SEDE DA ONU EM GENEBRA

Anders Kompass, diplomata de nacionalidade sueca, ocupa o posto de "Chefe de Operações sobre o Terreno" do ACNUDH. [http://www.4shared.com/folder/iQxvRrwd/Anders_Kompass.html] Praticamente todos os telegramas redigidos por Hilale referem-se a ele como "seu amigo" (à vezes entre aspas a palavra "amigo").
O próprio "Coleman" [http://www.mediafire.com/view/llhzjgfvnw2ac2t/Note_ANDERS.pdf] sintetiza num documento as gravíssimas manipulações de Anders Kompass, que, diz Coleman, se reunia com Hilale na residência do embaixador em Genebra, onde aconselhava Hilale sobre as melhores estratégias para apresentar Marrocos como um "modelo" no respeito dos direitos humanos e onde recebia instruções de Hilale para influir na tomada de decisões de Navi Pillay, conseguindo, entre outras coisas:
- que o ACNUDH renunciasse a visitar o Sahara Ocidental;
- que o contributo do ACNUDH para o relatório sobre o Sahara Ocidental do Secretário-Geral ao Conselho de Segurança da ONU tivesse uma orientação favorável a Marrocos;
- que neutralizasse o diplomata tunisino Frej Fennich, chefe da secção do Médio Oriente e África do Norte do ACNUDH, pois Hilale considerava-o hostil a Marrocos;
- que evitasse que, no encontro com o presidente da República Saharaui, Mohamed Abdelaziz, a 23 de maio de 2013, Pillay fizesse qualquer concessão;
- e que interferisse nas discussões entre Navi Pillay e Christopher Ross, para evitar que Pillay se comprometesse a apoiar a ampliação do mandato da MINURSO para proteger os direitos humanos no Sahara Ocidental.


“Temos a honra de dirigirmo-nos a Vexa. na qualidade de membros do Comité para la Defensa del Derecho a la Autodeterminación del Pueblo del Sahara Occidental (CODAPSO), transmitindo-lhe o nosso pesar por não nos termos podido encontrar, depois ter combinado uma reunião connosco, no âmbito da sua visita à cidade de El Aaiún (Sahara Ocidental) em finais de abril e após ter-lhe pedido um encontro para lhe transmitir o nosso ponto de vista sobre as violações graves dos direitos humanos no Sahara Ocidental, que a CODAPSO pôde constatar no período compreendido entre 1 de maio de 2013 e 22 de abril de 2014.
Lamentamos muito o desinteresse da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, ao realizar os encontros com as associações dos direitos humanos no hotel "Al Massira” ("La Marcha Verde"), já que esse lugar tem uma clara conotação política, o que evidencia o êxito das autoridades de ocupação marroquinas ao destruir o trabalho da Alta Comissária, forçando-a a realizar reuniões naquele local maldito.”


III. ATHAR SULTAN-KHAN, CHEFE DE GABINETE DO ALTO COMISSÁRIO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA OS REFUGIADOS, CAVALO DE TRÓIA DO MAKHZEN

Athar Sultan-Khan é o chefe de gabinete do Alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), António Guterres. Alguns documentos de "Coleman" também referem Sultan-Khan como cúmplice dos serviços secretos marroquinos. Num [http://www.4shared.com/web/preview/pdf/eMEHuIuyba] documento muito recente, de 31 de agosto de 2014, Hilale (já no seu novo posto em Nova Iorque) refere como Sultan-Khan lhe transmitiu ao detalhe a conversa que manteve em Genebra com o coordenador da Frente Polisario para as relações com a MINURSO, Mhammed Khaddad. Sultan-Khan também refere ao embaixador marroquino várias conversas confidenciais que manteve com outros responsáveis da ONU, além de lhe perguntar pela posição de Marrocos sobre um tema delicado da questão do Sahara Ocidental.
O documento em questão revela:
- Que Sultan-Khan tinha a confiança de Khaddad que teve com ele um discurso extremamente derrotista;
- Que Sultan-Khan tinha a confiança da canadiana Kim Bolduc, nomeada pelo Secretário-Geral da ONU como nova Enviada Especial das Nações para o Sahara Ocidental. Bolduc deveria ter chegado a El Aaiún a 1 de agosto de 2014. No entanto, Marrocos tem bloqueado a sua chegada. A razão principal reside, como Sultan-Khan revela a Hilale, que Bolduc tem a intenção de impulsionar a partir do seu cargo o respeito dos direitos humanos no Sahara Ocidental.
- Que Sultan-Khan conta com a confiança da Polisario para substituir Ross como Enviado Pessoal (e isso seria uma enorme novidade!!!).
- Que Sultan-Khan pergunta pela posição de Marrocos ante o eventual recomeço das "Medidas de fomento da confiança" no conflito do Sahara Ocidental... e o embaixador marroquino responde-lhe que Marrocos se opõe às mesmas.

Conhecidas as ligações de Sultan-Khan com o regime marroquino, adquire todo o seu sentido outro telegrama secreto revelado por "Coleman", [http://www.4shared.com/web/preview/doc/ZSA6mMVwba] enviado pela missão de Marrocos em Genebra a 14 de novembro de 2013, que se fazia eco de um recente relatório do ACNUR avaliando as "medidas de fomento de confiança" que era muito complacente para com Marrocos. Não é pois de estranhar, à luz do agora revelado, que o embaixador argelino na sede de Genebra da ONU dissesse que "o ACNUR está a soldo de Rabat".


IV. AS RESPONSABILIDADES NECESSÁRIAS

As revelações de "Coleman" são gravíssimas e não podem deixar de ter consequências.
Tanto as instâncias da ONU como as instâncias nacionais, especialmente a sul-africana, sueca e saharaui, cabem a depuração das responsabilidades adequadas.




9º congresso do MDM reitera apoio à luta do povo saharaui




Lisboa,27/10/14(SPS)-. O 9º congresso do Movimento Democrático de Mulheres portuguesas reiterou esta segunda-feira o seu apoio à luta do povo saharaui e elogiou o papel desempenhado pelas mulheres na sociedade saharaui, afirma o comunicado final do 9º Congresso do MDM, que decorreu na capital portuguesa a 26 e 27 do corrente mês.

“O congresso do MDM saúda e reitera o seu apoio e solidariedade às mulheres saharaui e ao povo saharaui na sua justa luta contra a ocupação marroquina pela autodeterminação e a independência”

O congresso condena energicamente a opressão, repressão e as graves violações cometidas por Marrocos contra os inocentes cidadãos saharauis e ratifica a sua contínua e permanente solidariedade com a mulher saharaui no seu empenho e firmeza pela liberdade e a dignidade.
SPS



domingo, 26 de outubro de 2014

Delegação egípcia visita os acampamentos saharauis




Uma delegação do Egipto iniciou sexta-feira uma visita de três dias aos acampamentos de refugiados saharauis onde contactará com várias instituições nacionais e manterá reuniões e encontros com dirigentes da Frente POLISARIO e membros do governo saharaui.

A delegação egípcia visita a wilaya de Smara e Bojador, sendo recebida pelos respectivos cidadãos e pelos governadores das duas províncias. A delegação visitará ainda o Museu Nacional da Resistência, as instalações e a  sede da Meia Lua Vermelha saharaui, a sede da AFAPRADESA, da TV RASD e da Rádio Nacional saharaui.

Os ministros da Cultura e da Informação recebem a delegação horas antes desta ser recebida pelo Presidente da República.


SPS

Makhzen Wikileaks : Marrocos em guerra com a ONU




Manhã de 27 de outubro, sessão do Conselho de Segurança da ONU sobre a questão do Sahara Ocidental.

A pedido do Secretário-Geral, o Conselho reúne-se para examinar os progressos realizados no trabalho do Enviado Pessoal de Ban Ki-moon para o Sahara Ocidental, Christopher Ross.

As deliberações no Conselho de Segurança chegam num momento em que Marrocos está em guerra com a ONU. Uma realidade corroborada pelos documentos revelados pelo que parece ser um Wikileaks marroquino (https://twitter.com/chris_coleman24).

Com efeito, segundo diferentes documentos trocados entre o Representante Permanente de Marrocos junto das Nações Unidas e do seu adjunto e a sua central em Rabat, Marrocos protesta contra a definição do Sahara Ocidental como "território não autónomo", a referência aos recursos naturais, os direitos Humanos, o prazo de abril de 2015 para "considerar plenamente" as negociações, bem como a nomeação de Kim Bolduc como Representante Especial e Chefe da MINURSO.

A situação de tensão entre Marrocos e as Nações Unidas é descrita numa nota enviada a 14 de agosto de 2014 por Abderrazzak Laassel, Representante Permanente Adjunto, como "um estado de nervosismo que se apoderou da Secretaria da ONU que já não sabe como explicar a falta de resposta às reiteradas petições de Marrocos, tanto para a visita de Christopher Ross à região como para a entrevista com a senhora Kim Bolduc ". A Secretaria `pediu várias vezes a Hilali que recebesse a Senhora Bolduc.

Ante a dimensão das revelações publicadas na net, a imprensa marroquina, como sempre, estende o dedo à Argélia, culpando os serviços secretos argelinos, embora o ministro de Negócios Estrangeiros marroquino tenha já acusado a França de estar por detrás dos documentos secretos posto à disposição do público.


Fonte: Diaspora Saharaui

sábado, 25 de outubro de 2014

Wikileaks do Makhzen : previsões alarmistas de Rabat




Marrocos prevê uma segunda crise com a administração Obama. No cerne do mal-entendido entre Washington e Rabat o mandato do Enviado Pessoal do Secretário-Geral da ONU para o Sahara Ocidental, Christopher Ross. Os EUA exigem progressos nos esforços de mediação de Ross e que ele se possa deslocar à região.

É a segunda ronda da questão dos direitos humanos. Os dirigentes americanos lembram, a todo o momento, Marrocos dos compromissos assumidos a quando do encontro entre o Presidente Obama e o Rei Mohamed VI relativamente à proteção dos DDHH.

Os EUA exigem também a Marrocos uma melhoria das relações com a Argélia. Para justificar as suas falhas de compromisso, Rabat tenta culpabilizar a Argélia dando uma mediatização exagerada a pequenos incidentes de percurso.

O período de abril 2014-abril 2015 é descrito numa nota interna do Ministério dos Negócios Estrangeiros marroquino como «uma etapa charneira na gestão do Sahara» pelas Nações Unidas. Nessa nota, são veiculadas instruções com o objetivo de levar Christopher Ross à demissão e a lutar contra a decisão do Secretariado da ONU de tratar o território do Sahara Ocidental como território não-autónomo. É nesse quadro que surge a nomeação da nova chefe da MINURSO a quem Marrocos impede de entrar no Sahara Ocidental.

Entre as medidas que irritaram as autoridades marroquinas está a decisão da ONU de realizar os encontros oficiais na sede da MINURSO e não num hotel pejado de microfones pela DGED marroquina.

E por fim, e sempre, o contencioso dos Direitos Humanos. Marrocos tinha-se comprometido a permitir mais visitas do Alto-comissário das nações Unidas para os Direitos Humanos.


Nenhumas das expectativas dos Estados Unidos se concretizaram. Daí as previsões pessimistas marroquinas relativamente às relações o Tio Sam.

Fonte: Diaspora Saharaui

Portugal: Delegação saharaui no Congresso do Movimento Democrático das Mulheres




Lisboa, 25 out 2014 (SPS) Uma delegação liderada pela Secretária-geral da União Nacional das Mulheres Saharauis, Fatma El Mehdi, e pelo representante da Frente POLISARIO em Portugal, Ahmed Fal M’hamed, estarão presentes no 9.º Congresso do MDM, que decorre hoje, sábado, 25 de outubro.

A delegação saharaui manterá vários encontros com organizações portuguesas a quem informará sobre os últimos desenvolvimentos da questão do Sahara Ocidental.


 (SPS)

Itália : Senado aprova duas moções de apoio ao Sahara Ocidental




Rome (Itália), 23 out 2014 (SPS) Duas moções de apoio a favor da causa saharaui foram aprovadas pelo Senado da República italiana.

As suas moções instam o governo italiano a "empenhar-se" a nível internacional para que o mandato da MINURSO seja atualizado com base nos mais recentes modelos aprovados pelo Conselho de Segurança, incluindo nomeadamente as tarefas específucas em matéria dos direitos humanos, mencionam as resoluções.

O Senado italiano pediu igualmente ao governo do seu país para "tomar a iniciativa" em favorecer a retoma das negociações diretas sob a égide das Nações Unidas entre o Reino de Marrocos e a Frente Polisario, a fim de se alcançar, no "mais curto espaço de tempo possível", uma solução conforme com as resoluções da ONU que respeitam ao direito à autodeterminação e independência do povo saharaui.

O Senado italiano exortou também o governo a reclamar a "libertação imediata" dos presos políticos saharauis e a solicitar uma investigação internacional sobre os acontecimentos de Gdeim Izik, a fim de que um novo processo, "novo e sério, devotado à verificação dos factos" seja iniciado.


O Governo italiano foi também convidado a adotar, de acordo com os seus parceiros europeus e com as instituições da comunidade, toda a iniciativa "útil" na frente diplomática, a fim de "promover o reconhecimento efetivo da liberdade de acesso e movimentação no Sahara a observadores ocidentais independentes internacionais, media e organizações humanitárias e um perito independente em matéria dos direitos humanos "

(SPS).

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

O silêncio culpado dos media franceses


Jack Lang (à esq.), atual diretor do Instituto do Mundo Árabe

Jack Lang, atual diretor do Instituto do Mundo Árabe, organiza atualmente uma exposição sobre Marrocos. O antigo ministro faz o favor às autoridades marroquinas que o livraram de boa depois de ter sido apanhado em flagrante pela polícia marroquina numa orgia com meninos em Marraquexe.

O antigo ministro Luc Ferry falou disso em 2011 na antena de Canal Plus e confirmou-o recentemente no programa Medias, o magazine difundido por France 5 no dia de outubro de 2014.

Parece que o governo marroquino possui provas irrefutáveis para chantagear funcionários franceses que desenvolvem práticas semelhantes em Marrocos, com plano conhecimento das autoridades marroquinas.

Outros são corrompidos recorrentemente com belas somas de dinheiro. O hacker marroquino Chris Coleman acaba de revelar documentos que colocam em causa jornalistas conhecidos e com enorme reputação como sendo especialistas do Magrebe.

Entre eles Dominique Lagardère, Mireille Duteil e Vincent Hervouet, do prestigiado canal francês LCI. Todos foram recrutados por Ahmed Charai, diretor do jornal « L’Observateur du Maroc” e agente da DGED marroquina. Eles recebiam um montante de 6000 euros por artigo.

Num email, Vincent Hervouet pede mesmo um adiantamento de 38.000 euros para resolver problemas com a mudança de domicílio.

Informações escandalosas que parecem passar desapercebidas nos meios jornalísticos. A razão estará provavelmente no facto de o fenómeno ser comum e afetar grande parte do pessoal da imprensa francesa. Marrocos tem, talvez, provas bastantes consistentes para silenciá-los a todos.


Em todo o caso, o silêncio dos media em França sobre as revelações de Coleman suscita muitas interrogações.

Missão da ONU no Sahara continua sem receber a sua chefe nomeada em maio


Kim Bolduc

Rabat, 23 out (EFE).- A missão da ONU para o Referendo no Sahara Ocidental (MINURSO) tem uma nova chefe, a canadiana Kim Bolduc, nomeada em maio passado pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, mas que continua, até agora, em Nova Iorque, desconhecendo-se quando chegará à sede em El Aaiún.

Segundo disseram à EFE fontes da MINURSO em El Aaiún, “não há uma data precisa” para a chegada de Kim Bolduc, a qual continua em Nova Iorque neste compasso de espera quando era aguardada na região em finais de julho passado.

Na ausência de Kim Bolduc, a chefia tem sido assumida de forma interina pelo chefe militar da missão, o comandante indonésio Emamedín Mulyono, enquanto a MINURSO “continua a trabalhar com normalidade”, realçaram as fontes.

Estas fontes não quiseram pronunciar-se sobre as razões da demora de Bolduc em assumir o cargo.

No entanto, os motivos foram expostos recentemente pelo ministro marroquino dos Negócios Estrangeiros, Salahedín Mezuar, que escolheu um jornal diário local, em setembro passado, para as explicitar.

Mezuar queixou-se de que Marrocos “não tinha sido consultado” pela ONU no momento da nomeação de Kim Bolduc e deu a entender que não aceitaria a sua chegada até que se resolvessem “muitos esclarecimentos” sobre o seu mandato.

O mandato da MINURSO, criado em 1991, consiste teoricamente em supervisionar o cessar-fogo e preparar um referendo de autodeterminação no território, mas esta última tarefa tem sido descartada por Marrocos.

A 8 de outubro, o representante permanente adjunto de Marrocos junto da ONU, Abderrazak Laassel, enumerou ante a Comissão de Descolonização quais agora as tarefas que Rabat considera que a MINURSO tem sobre o terreno.

As funções limitam-se à vigilância do cessar-fogo, desativar minas de guerra e promover medidas de confiança em apoio ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), “e em particular as visitas entre familiares saharauis” que vivem sob administração marroquina ou da Frente Polisario em Tindouf.

Na entrevista que concedeu ao referido periódico, Mezuar advertiu, além disso, que o enviado pessoal do secretário-geral da ONU para o Sahara, o norte-americano Christopher Ross, não seria recebido em Marrocos até que Rabat obtivesse respostas “escritas” à petição de “aclarações sobre os limites da sua missão”.

As relações de Marrocos com Ross não são precisamente cordiais: em maio de 2012 o Governo de Rabat anunciou que lhe “retirava a sua confiança” pelo seu “comportamento desequilibrado e parcial” no tema do Sahara Ocidental, mas recebeu uma bofetada diplomática quando Ban Ki-moon ignorou os argumentos e confirmou o norte-americano no cargo.

As relações de Ross com o Governo marroquino foram, desde então, no mínimo distantes.

Ban Ki-moon defendeu, em abril passado, um mecanismo independente, duradouro e imparcial” 
de vigilância dos direitos humanos no Sahara e em Tindouf

O enviado pessoal realizou vários périplos mais pela região num espírito de “construção de medidas de confiança” entre as partes, mas negou ter na mão um novo “plano de resolução” para o território.

Em privado, Ross, que não viaja à região desde janeiro de 2014, confiou a alguns interlocutores o seu pessimismo sobre uma solução ante a enorme distância entre as partes, Marrocos e a Frente Polisario.

Ao desgosto de Rabat para com Ross junta-se a preocupação de Marrocos de que regresse à mesa uma proposta que, em 2013, os Estados Unidos apresentaram ao Conselho de Segurança (e, em seguida, retiraram-na sob a pressão de Rabat e seus aliados) para expandir o mandato da MINURSO ao monitoramento dos direitos humanos.

Aquela proposta foi mais tarde retomada à sua maneira pelo próprio Ban Ki-moon, o qual, em abril passado, em vésperas da renovação do mandato da MINURSO, apoiou “um mecanismo independente, duradouro e imparcial” de vigilância dos direitos humanos no Sahara e em Tindouf.

Esse mecanismo que Ban propunha não foi mencionado na resolução para ampliar o mandato da MINURSO e deu a impressão que, uma vez mais, Marrocos conseguira levar a água ao seu moinho.

Uma impressão que deve ser errónea ante o enésimo “impasse” em que se encontra o contencioso do Sahara e a própria Minurso.


EFE

CODESA reúne em El Aiún ocupada com diplomatas da Embaixada dos EUA em Marrocos




Membros do Coletivo de Defensores Saharauis dos Direitos Humanos (CODESA), presidido pela ativista Aminetou Haudar, tiveram nesta quarta-feira uma reunião com diplomatas da Embaixada dos EUA em, segundo informou o CODESA.

A reunião durou aproximadamente uma hora e nela foram debatidos temas como a situação dos direitos humanos no Sahara Ocidental e as sistemáticas violações de Marrocos contra a população civil saharaui em total violação dos convénios internacionais relativos aos direitos humanos firmados por Marrocos.

O encontro foi solicitado ao CODESA há uma semana pela Embaixada dos EUA em Rabat.


(Sahara Ocidental ocupado), 23/10/2014 (SPS)

Wilikeaks do Makhzen (II): graves segredos do regime marroquino postos a descoberto



Artigo de
Carlos Ruiz Miguel, prof. Catedrático de Direito Constitucional na Universidade de Santiago de Compostela

A aparição no twitter de uma conta com o nome de "Chris Coleman" produziu uma verdadeira comoção em Marrocos. No dia 3 de outubro, "Coleman" começou a publicar muitos e importantes documentos sobre vários aspetos do regime da dinastia alauita, o "makhzen". No dia 17 de outubro a conta de "Coleman" foi suspensa, mas alguns dias depois, a 20 de outubro, foi reativada e desde o dia 22 de outubro voltou a publicar novos documentos muito relevantes. Esta reativação pode ser muito significativa. Se na primeira parte desta série sublinhei algumas revelações sobre o lobby pro-marroquino nos EUA e França (depois do meu artigo de 10 de outubro apareceram mais documentos sobre esses lobbies), hoje vou deter-me sobre outros aspetos: a criação de um meio de informação africano teledirigido pelo Makhzen; e as conexões mauritanas do serviço secreto marroquino. Mas os materiais de "Coleman" continuam a aparecer... @Desdelatlantico.


I. A SUSPENSÃO E A REATIVAÇÃO DA CONTA DE "CHRIS COLEMAN"

Este blog foi o PRIMEIRO em Espanha a fazer-se eco desta importantíssima revelação de segredos do Makhzen num artigo publicado a 10 de outubro.
Vários dias depois, a 17 de outubro, foi suspensa a conta do twitter de "Chris Coleman". Muito, mas muito significativamente, esta suspensão ocorreu UM DIA DEPOIS de um website próximo do núcleo duro do Makhzen ter publicado um artigo acusando claramente França de estar por detrás das revelações de "Chris Coleman" e lançando uma advertência ao governo francês. Este blog foi o ÚNICO em Espanha que se fez eco desta delicadíssima informação num artigo publicado no dia 18 de outubro.

A suspensão da conta de "Chris Coleman", seguida do surgimento de vários (quatro) novos "Chris Coleman" que, no entanto, NÃO PUBLICAVAM NOVOS DOCUMENTOS, parecia significar que entre França e o Makhzen se tinha acertado uma trégua. Mas se acaso isso aconteceu, podemos agora dizer que essa hipotética trégua foi já quebrada. No dia 22 de outubro a conta original de "Chris Coleman" surgida a 3 de outubro voltou a publicar documentos novos e de grande importância. Quanto ao resto, convém acentuar que entre 10 de outubro (data da publicação do primeiro artigo desta série e o blog) e o dia 17 de outubro (data da suspensão da conta de "Coleman") foram publicados novos documentos sobre a implicação do serviço secreto marroquino no lobby pro-marroquino nos EUA e França, que era o objeto daquele artigo de 10 de outubro.

Haverá tempo, se Deus quiser, para continuar a sistematizá-los e, se for o caso, referir informação suplementar.



II. O SERVIÇO SECRETO MARROQUINO FIXA COMO OBJETIVO A MANIPULAÇÃO DA OPINIÃO  PÚBLICA AFRICANA

Uma das derrotas mais importantes na história da diplomacia do Makhzen foi a admissão da República Saharaui como membro de pleno direito da Organização de Unidade Africana (OUA) em 1982. Quando, em 2002, foi fundada a União Africana, a República Saharaui constitui-se como um dos membros fundadores da mesma, em que Marrocos não participa. Desde então, um dos principais objetivos da diplomacia do Makhzen foi tentar chamar a si a opinião pública africana. A razão é muito clara. A agência oficial de imprensa do Makhzen, a sinistra MAP, não tem nenhuma credibilidade, pelo que era preciso utilizar uma agência de imprensa aparentemente independente que servisse de "proxy" ou "ecrã" para dar difusão aos despachos ou consignas fabricados na MAP e na DGED.

Com tal objetivo foi criada uma agência que pretendia converter-se num portal de notícias, em inglês e francês, que pudesse aspirar a ser uma "referência informativa africana". Essa agência foi a "Agence de Presse Africaine" (APA) que lançou um portal denominado "Apanews".

Entre os documentos filtrados por "Coleman" encontram-se as atas de uma das reuniões do Conselho de Administração da APA, vários relatórios sobre os gastos realizados e carta de demissão de um dos membros (senegalês) do Conselho de Administração.

Sobre a verdadeira natureza da "APA" havia já sérios motivos para suspeição antes das revelações de "Coleman". Neste sentido convém recordar que a imprensa espanhola informou que a 1 de outubro de 2009 fora eleito Said Ida Hassan correspondente da Agência de Imprensa Africana (APA) em Madrid e ex-correspondente chefe da agência oficial marroquina MAP, que havia sido reeleito presidente da Asociación de Corresponsales de Prensa Extranjera en España (ACPE) pelo quarto mandato consecutivo.

Com efeito, a sentença da Audiência Provincial de Madrid de 21 de janeiro de 2008, certificava as relações entre a MAP (em que trabalhava Said Ida Hassan, que é uma das partes do caso que resolve essa sentença) e o serviço secreto exterior do Makhzen (a DGED).

Pois bem, os documentos de "Coleman" mostram que a "APA" foi um instrumento da DGED. Advirto que o link deste twitte à "Dropbox" não está ativo pois "alguém " retirou os documentos que tinham sido depositados no "dropbox".



III. AS SINISTRAS CONEXÕES DO SERVIÇO SECRETO MARROQUINO COM AS FIGURAS DO TERRORISMO ISLAMISTA NA MAURITÂNIA

As informações de "Coleman" sobre a APA têm uma derivação singularmente preocupante. Um dos quatro membros do conselho de administração desta "agência de imprensa" é o mauritano Abdallahi Uld Mohamedi. A questão é interessante porque Mohamedi, por seu lado, é presidente do portal de notícias mauritano "Sahara Medias" que se dedica a atacar a Argelia e a Frente Polisario. E entre os meios utilizados para com esse fim está o de ser portavoz das ações encobertas que sob o nome de "terrorismo islamista" se realizaram na Mauritânia.

- O digital "Sahara Medias", entre outras "informações" falsas, divulgou uma intoxicação fabricada pelo Makhzen segundo a qual um dos "terroristas islamitas" que tinha sido detido no obscuro sequestro dos três cooperantes em Tindouf em outubro de 2011 era "filho do representante da Frente Polisario na Cantábria".

- O certo é que "Sahara Medias" foi o meio eleito seja para os grupos terroristas fazerem chegar as suas mensagens ao Ocidente, seja para intoxicar a opinião pública ocidental. Na internet, porém, é possível encontrar evidências qualificando este meio como cúmplice do Makhzen.

- Por isso, não deixa de ser curioso, que, por um lado, "Sahara Medias" acuse a Argélia de estar por detrás dos grupos terroristas da região... mas, no entanto, seja esse meio, dirigido por um agente próximo do serviço secreto marroquino, quem divulgue os vídeos e mensagens desses terroristas e tenha informações privilegiadas sobre eles.