quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Chefe do Estado-Maior General do Exército saharaui anuncia que a guerra continua até à independência do Sahara Ocidental


Mohamed Uali Akeik

Chahid Alhafed (ECS). - O Chefe do Estado-Maior do Exército de Libertação do Povo Saharaui, Mohamed Uali Akeik, reafirmou que o exército saharaui continuará a levar a cabo as suas missões de combate até à plena independência do território do Sahara Ocidental, salientando que a principal tarefa das unidades militares saharauis é continuar o seu trabalho de combate em defesa da soberania nacional, relata agência SPS.

O Chefe do Estado-Maior do Exército de Libertação do Povo Saharaui, no discurso que proferiu na abertura dos trabalhos do fórum alargado do Estado-Maior General do Exército Saharaui, aberto na quinta-feira em Chahid Alhafed, esclareceu que a fase atual exige que "os nossos combatentes continuem a cumprir as tarefas que lhe foram confiadas, intensifiquem as operações de combate e melhorem-nas para garantir o seu sucesso através da utilização de todas as capacidades.

Mohamed Uali Akeik acrescentou que o novo ano 2022 se concentra principalmente na continuação da prontidão de combate nos seus vários aspetos, e na implementação de todas as medidas necessárias para proteger o exército, para além de enquadrar e avaliar o sistema de controlo e gestão para esse fim.

Akeik salientou que a fase atual é marcada pela emergência de uma potência estrangeira na região que apoia o inimigo, o que nos obriga a redobrar os nossos esforços, trabalhar, invocar perigos e uma prontidão permanente para enfrentar todos os acontecimentos que possam surgir no nosso caminho.

Sondagem - No conflito entre o Sahara Ocidental e o Reino de Marrocos, o que deveria fazer a Espanha?

 

Segundo a sondagem realizada pelo site especializado electomani.es, 65% dos espanhóis acha que  seu país deveria defender os interesses do Sahara Ocidental; 33,6% pensa que o melhor é  seu país de manter neutral e nada fazer, enquanto que apenas 1,8% defende que Espanha deveria apoiar a posição de Marrocos. Ver AQUI a os resultados detalhados por província, município e por partidos.

EUA: Biden condiciona a ajuda militar a Marrocos


Loyd Austin III - Secretário de Estado da Defesa dos EUA


Western Sahara News – 30-12-2021 - O Presidente norte-americano Joe Biden assinou a Lei de Autorização da Defesa Nacional (NDAA) para o ano fiscal de 2022, que inclui uma restrição à ajuda militar e ao financiamento a Marrocos se o Reino não se comprometer a "procurar uma solução política mutuamente aceitável para o Sahara Ocidental", anunciou a Casa Branca.

A nova restrição faz parte do orçamento de defesa do Pentágono que ascende a 770 mil milhões de dólares.

Assim, o orçamento de defesa dos EUA para 2022 declara que os fundos disponibilizados ao abrigo desta lei não serão utilizados pelo Secretário da Defesa para apoiar a participação das forças marroquinas em exercícios multilaterais organizados pelo Pentágono, a menos que o Secretário da Defesa descubra, em consulta com o principal diplomata dos EUA, que Marrocos está empenhado na procura de uma solução política no Sahara Ocidental.

Embora o texto permita ao chefe do Pentágono renunciar a esta medida por considerações que devem estar ligadas aos interesses de segurança dos Estados Unidos, ele deve fazê-lo em consulta com as duas comissões de defesa do Congresso, apresentando uma decisão escrita que justifique a renúncia a esta disposição.

Esta limitação surge depois de "dezenas" de membros do Congresso terem apelado à administração Biden para revogar o reconhecimento do ex-presidente norte-americano Donald Trump da alegada soberania de Marrocos sobre o Sahara Ocidental.

O texto em questão representa uma evolução positiva na medida em que permite ao Congresso exercer a sua reserva relativamente a esta isenção, enquanto que numa versão anterior do projeto de orçamento, este poder era concedido ao Departamento de Estado.

Em Outubro, a Comissão de orçamento do Senado norte-americano aprovou também um projeto de lei que proíbe a utilização dos fundos de ajuda dos EUA atribuídos ao Sahara Ocidental para abrir um consulado na cidade saharaui ocupada de Dakhla, bloqueando uma das promessas do ex-presidente norte-americano Donald Trump a Marrocos.


Senado dos EUA


A disposição orçamental contrasta com a decisão de Donald Trump de reconhecer a chamada "soberania" de Marrocos sobre o Sahara Ocidental, e também reafirma a posição do Congresso dos EUA, especialmente do Senado, sobre este conflito.

O antigo ocupante da Casa Branca tinha prometido, na sequência do acordo de normalização entre Marrocos e a entidade sionista, a abertura de um consulado dos EUA na cidade ocupada de Dakhla.

A administração Biden comprometeu-se a "apoiar ativamente" os esforços do novo enviado pessoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental, Staffan de Mistura, para promover um futuro pacífico e próspero para o povo do Sahara Ocidental e da região.

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Guerra no Sahara Ocidental: Comunicado militar nº. 409, 410 e 411



O Ministério de Defesa da RASD emitiu os comunicados referentes ao 409º e 410º e 411º dias de reatamento da guerra de libertação contra o ocupante marroquino.



Comunicado militar n.º 411

Terça-feira, 28 dezembro 2021

01 – Bombardeadas, por duas vezes seguidas, as forças de ocupação na área de Adheim Um Jlud, no setor de Auserd (sul do SO).

02 - Bombardeamento concentrado sobre as trincheiras das forças inimigas na área de Rus Sabti, no setor de Mahbes (nordeste do SO).

03 - Bombardeadas as posições das forças ocupantes na zona de Shidhmiya, no setor de Mahbes.


Comunicado militar n.º 410

Segunda-feira, 27 dezembro 2021

01 e 02 – fogo de artilharia sobre as forças ocupantes marroquinas nas áreas de Stilat Uld Bougerin e de Galb Nas, ambas no setor de Auserd

03 – Bombardeadas posições inimigas em Gueret Uld Blal, no setor de Mahbes.



Comunicado militar n.º 409

Domingo, 26 dezembro 2021

01 - Bombardeio concentrado contra as posições entrincheiradas das forças de ocupação na zona de Udei Al-Dhamran, setor de Mahbes.

02 – Intendo bombardeio contra as forças inimigas na zona de Udi um Rukba, setor Mahbes.

domingo, 26 de dezembro de 2021

O exército saharaui efetuou mais de 1600 bombardeamentos contra cerca de trinta alvos marroquinos em 2021

 


Madrid (Por Sidi Maatala/ECS) 26-12-2021 – Passaram já 13 meses desde que o conflito no Sahara Ocidental recomeçou devido à violação do cessar-fogo por parte de Marrocos, ao atacar civis saharauis e queimar as suas tendas na brecha ilegal de El Guerguerat. Além disso, o exército marroquino colocou um novo campo de 12.000 minas anti-pessoais com cerca de 4 quilómetros de comprimento, a sul do Sahara Ocidental, desde El Guerguerat até ao ponto 55 na Mauritânia.

Em 2021, o exército saharaui realizou mais de 1600 bombardeamentos contra cerca de trinta alvos marroquinos, tendo a maior parte das regiões saharauis ocupadas sido afetadas, particularmente no norte e nordeste do país. A guerra irá intensificar-se no próximo ano, como o Ministério da Defesa da RASD advertiu nos seus relatórios de guerra.

Apesar dos relatórios da MINURSO, Marrocos continua a negar a guerra, mas mobiliza tropas, combatentes e drones para o Sahara Ocidental, e está sofrer um desgaste diplomático a Ocidente, uma vez que tem sido ostracizado em África em resultado da sua rejeição da UA. É evidente que Marrocos fez do discurso um dos eixos da sua estratégia: conduz uma operação de censura e silenciamento dentro do país, e impede a entrada de jornalistas estrangeiros, com o único objetivo de controlar a narrativa e ser capaz de construir um contra-discurso à sua maneira.




Ataques saharauis neste ano 2021 quase a terminar

No início deste ano, o sul de Marrocos, onde as 1ª a 25ª bases estão localizadas em regiões como Touizgui, Lemsamir, Tarf Bouhenda, Labaaj e Uarkziz, foi severamente atacado por tropas da Exército de Libertação Popular Saharaui (ELPS). Esta região foi bombardeada pelo menos seis vezes entre janeiro e março. Foi também atacada por comandos saharauis deixando quatro soldados marroquinos mortos e capturando uma quantidade de munições.


MAHBES:
Nordeste do Sahara Ocidental. É aqui que se encontram as bases marroquinas 19, 20 e 23, vários pontos de observação e valas de entrincheiramento do exército invasor. Nesta região, as áreas mais atacadas foram Rus Chedmiya, Um Legta e Sabjat Tinushad, onde se encontra a base marroquina n.º 20, com a maioria dos ataques e onde uma dúzia de postos de comando de campo foram destruídos. Seguido de perto foi a zona de Rus Sabti. Ao longo do ano, Mahbes foi fortemente bombardeado pelo ELPS, causando a deslocação de tropas marroquinas para a região. A 07 de abril passado, teve lugar uma batalha entre unidades saharauis do 6º Regimento Militar e o 40º Corpo de Infantaria das FAR que terminou com a destruição parcial da 23ª base do mesmo corpo. A um nível inferior encontram-se as áreas de Um Legta e Güerat uld Blal.


HAUZA:
Esta região norte do Sahara Ocidental alberga as bases militares marroquinas 4, 7, 8 e 13, o 70º Corpo de Infantaria das FAR, bem como o 71º Centro de Alerta. Os bombardeamentos nesta área foram amplamente dispersos entre diferentes áreas, com Fadret Targant em primeiro lugar. O segundo lugar é partilhado por Fadret Laghrab, Fadret Tamat e Fadret Al Ish. O resto está espalhado por outras áreas tais como Harishat Dirt, Gleib Dirt e Rus Ben Zakka. Em Hauza, devido à forte chuva de mísseis saharauís, o comando militar marroquino estacionou tropas a partir de 17 de dezembro deste ano.





SMARA:
Apesar de ter sido uma das menos atacadas durante o primeiro mês da guerra, à medida que a guerra evoluía, Smara tornou-se um alvo importante para o ELPS nos últimos meses. A cintura que protege o triângulo da riqueza do Sahara Ocidental passa por aqui, com inúmeras bases, pontos de apoio e abastecimento para as FAR. O distrito de Lafrina tem sido alvo do maior número de ataques, seguido de Russ Udey Asif. O mesmo se aplica a Hauza; a dispersão do bombardeamento estende-se pela maioria dos distritos da região em questão, mas os subsectores de Sabjat al Akrish e Benkarat são dignos de menção. A 12 de Agosto,o quartel-general das FAR em Tazuwet Miran, a 50 km da cidade ocupada com o mesmo nome, foi severamente danificada após vários ataques.



FARSIA:
Acolhe a base marroquina nº 25, o 191º ponto de alerta e o centro de operações do 40º batalhão das FAR. O sub-sector Alfaiyi'in foi o mais visado, ligeiramente seguido por Russ Udeyat Chdida. Outras áreas visadas pels obuses saharauis foram Gararat Al Ramth, Lejcheibi e Russ Ben Zakka.



BAGARI:
Ao Sul do Sahara Ocidental, está a zona do muro mais difícil para Marrocos manter. Os 63º, 67º e 69º batalhões das FAR estão aqui destacados, especificamente nas áreas de Um Edeguen e Hafret Shiaf, que lideram a lista com as ofensivas mais devastadoras. Aqui, tiveram lugar ataques quádruplos de bombardeio, causando graves danos às bases marroquinas, uma vez que os veículos militares foram destruídos e foram relatados danos técnicos e materiais. Deve ser feita uma menção especial a Tiniguil, onde o radar marroquino que cobre a área foi recentemente demolido.



A guerra e os ataques do Exército de Libertação Saharaui prosseguiram durante 408 dias, e continuarão sem descanso até que seja fixada uma data para a realização do referendo, tal como declarado pela Segurança e Documentação da RASD (a Inteligência militar). Marrocos continua a não reconhecer as perdas, que com o tempo acabarão por se tornar significativas.

sábado, 25 de dezembro de 2021

Guerra no Sahara Ocidental: Comunicado militar nº. 407 e 408

 



O Ministério de Defesa da RASD emitiu os comunicados referentes ao 407º e 408º dias de reatamento da guerra de libertação contra o ocupante marroquino.



Comunicado militar n.º 408

Sábado, 25 dezembro 2021

01 – Bombardeadas as posições entrincheiradas do ocupante na zona de Fadrat Alaaach, no setor de Hauza (norte do SO).

02 – Destamentos do ELPS lançaram intenso fogo de artilharia sobre a zona de Russ Sabti, no setor de Mahbes (nordeste do SO).



Comunicado militar n.º 407

Sexta-feira, 24 dezembro 2021

01 - Unidades do ELPS bombardearam posições inimigas na região de Twajil, setor de Um Draiga (centro do SO)

Dois anos de prisão para o saharaui que a Espanha entregou a Marrocos




Contramutis, 24/12/2021 - Fayçal Al Bahloul, saharaui entregue por Espanha ao regime marroquino no dia 17 de Novembro foi condenado a dois anos de prisão.

Faisal El Bahloul foi detido pela Polícia Nacional por alegadas atividades em redes sociais com mensagens consideradas "incendiárias" contra pessoas e instituições marroquinas.

Husein Bachir Brahim, outro saharaui entregue pela Espanha apesar de ter solicitado asilo político, foi condenado a 12 anos de prisão.

Alfonso Lafarga


O blogueiro saharaui Faisal El Bahloul, que foi entregue por Espanha a Marrocos a 16 de novembro último, foi condenado a 2 anos de prisão por um tribunal criminal em Casablanca.

El Bahloul, também condenado a uma multa de 1000 dirhams, foi julgado e condenado a 24 de dezembro pelo tribunal de Casablanca.

Faisal El Bahloul, 44 anos, era conhecido pela sua posição hostil contra a ocupação marroquina e pela sua defesa do direito do povo saharaui à autodeterminação, especialmente desde o reinício da luta armada pela Frente Polisario a 13 de Novembro de 2020, depois de Marrocos ter quebrado o cessar-fogo.

Foi preso pela Polícia Nacional a 30 de Março em Basauri (Vizcaya) por alegadas atividades em redes sociais com mensagens consideradas "incendiárias" contra indivíduos e instituições marroquinas e colocado à disposição do Supremo Tribunal Nacional; foi encarcerado primeiro em Madrid e depois em Múrcia.

A 16 de novembro foi levado por polícias espanhóis para Casablanca e, no aeroporto, foi entregue à polícia marroquina.

A entrega do blogueiro saharaui, que segundo a sua família tinha residência legal em Espanha até 2024 e estava pendente de um pedido de asilo em França, causou rejeição e indignação contra o governo nas redes sociais e suscitou várias perguntas parlamentares do senador Carles Mulet García, do partido Compromís.


Carles Mulet perguntou ao governo por que razão se tinha mais uma vez curvado perante as exigências de um regime que não respeita as resoluções da ONU ou os direitos humanos e que "com esta vergonhosa rendição, a Espanha poderia tornar-se cúmplice da tortura ou do destino deste ativista da liberdade saharaui nas mãos de um regime abertamente terrorista que não respeita os direitos humanos".

Perguntou também se haverá mais entregas de ativistas que lutam pela liberdade do povo saharaui e se o executivo está consciente de que estas medidas resultarão em "tortura ou assassinato destes ativistas às mãos do regime marroquino".

A Associação dos Familiares dos Presos e Desaparecidos Saharauis (AFAPREDESA) alegou que a entrega pelo governo de Pedro Sánchez foi uma violação da Quarta Convenção de Genebra e da Convenção contra a Tortura, e que com este "ato grave" a Espanha tinha violado as suas obrigações como potência administrante do território saharaui, nos termos dos artigos 73 e 74 da Carta das Nações Unidas.



O caso do estudante condenado a 12 anos de prisão

A entrega de Faisal El Bahloul não foi um caso isolado: o estudante saharaui Husein Bachir Brahim, que chegou a 11 de janeiro de 2019 em Lanzarote de barco fugindo da perseguição marroquina, foi entregue à polícia marroquina apesar de ter solicitado asilo político.

A 14 de janeiro, Husein Bachir compareceu perante o tribunal de instrução número 4 em Arrecife (Lanzarote), onde declarou que queria asilo político. Os registos do tribunal referem especificamente: "Pede asilo porque é estudante universitário e ativista dos direitos humanos, defende a autodeterminação do Sahara e o seu grupo, chamado os camaradas de El Luali, foi perseguido pelas autoridades e dois dos membros do seu grupo foram mortos". A isto acrescenta "que se ele regressar tem medo de ser preso ou morto como outros membros do seu grupo".

O juiz de Arrecife ordenou a admissão do estudante saharaui na CIE de Hoya Fría (Tenerife) e três dias depois, no dia 17, foi entregue a Marrocos por agentes da polícia. O Ministério do Interior disse a Contramutis que Husein Bachir não tinha pedido asilo.

Após sete adiamentos, o ativista dos direitos humanos Husein Bachir Brahim foi julgado em Marraquexe a 26 de Novembro de 2019 e condenado a 12 anos de prisão.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Guerra no Sahara Ocidental: Comunicado militar nº. 406

 




O Ministério de Defesa da RASD emitiu hoje o comunicado referente ao 406º dia de reatamento da guerra de libertação contra o ocupante.

 

Comunicado militar n.º 406

Quinta-feira, 23 dezembro 2021

01 - Unidades do ELPS bombardearam posições inimigas na região de Fadrat Abruk, no setor de Hauza (norte do SO).

Jovens marroquinos fogem do seu país e saltam a cerca em Melilha para evitar fazer o serviço militar.




Eram 80, mas só 14 jovens conseguiram entrar em Espanha através da cerca.


14 marroquinos, entre 17 e 20 anos de idade, conseguiram entrar ontem em Melilha saltando por cima do posto de Mari Guari, depois de terem escalado as instalações policiais que as Forças de Segurança Marroquinas lá possuem. Segundo o periódico espanhol LA RAZÓN, os jovens, como os que chegaram há dias por mar, fgem ao cumprimento do serviço militar obrigatório que Rabat introduziu.
Segundo a mesma fonte, a tentativa de saltar foi feita por cerca de 80 pessoas, mas apenas 14 conseguiram entrar.
Por seu lado, a Delegação do Governo Espanhol indicou que os acontecimentos ocorreram por volta das 8.20 da manhã e que a rápida ação da Guardia Civil conseguiu conter a entrada do grupo, e que a maioria deles desistiu da tentativa e regressou ao interior de Marrocos.

A propaganda de aliciamento por parte do regime alauita para o alistamento militar não parece seduzir
em nada a juventude em Marrocos.

Segundo a notícia do La Razon, as entradas ilegais são feitas em grande maioria por africanos subsarianos mas, há já algum tempo, foi detetado que um número considerável de jovens marroquinos estão a tentar atravessar para Espanha a fim de solicitar asilo.
#marrocos #marruecos #espanha



quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Guerra no Sahara Ocidental: Comunicado militar nº. 405

 



O Ministério de Defesa da RASD emitiu o comunicado 405, referente aos combates travados hoje contra o exército marroquino ocupante.

Comunicado militar n.º 405

Quarta-feira, 22 dezembro 2021

01 - Bombardeamento das trincheiras das forças de ocupação na zona de Laagad, no sector de Mahbes (nordeste do SO).

02 - Bombardeamento das posições entrincheiradas das forças inimigas na área de Sabkhat Tinushad, também no setor de Mahbes.

03 - Bombardeamento dirigido contra as posições do exército de ocupação na zona de Um Edeguen, no setor de Bagari (centro do SO).

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Guerra no Sahara Ocidental: Comunicados militares nº.s 399 a 404

 


O Ministério de Defesa da RASD emitiu os comunicados 399, 400, 401, 402, 403 e 404 referentes aos seis últimos dias de combates contra o exército marroquino ocupante. Neles se assinalam os ataques do Exército de Libertação do Povo Sahara (ELPS) contra posições marroquinas no interior do muro militar que divide Sahara Ocidental.

 

Comunicado militar n.º 404

Terça-feira, 21 dezembro 2021

01 - Bombardeio das defesas entrincheiradas das forças de ocupação na zona de Fadrat Labir no setor de Farsia (nordeste do SO).

02 – fogo de artilharia contra as trincheiras das forças inimigas na área de Fadrat Al Ish no setor de Hauza (norte do SO).

03 - Bombardeio sobre uma concentração de forças inimigas estacionadas na área de Targant, também no sector Hauza.

 04 - Uma ronda de bombardeamentos consecutivos tiveram como alvo as forças de ocupação na área de Galb Annass, no setor de Auserd (sul do SO).

05 - Bombardeamento intenso e concentrado sobre uma posiçã do exército de ocupação marroquino na zona de Steilat Ould Bougrein, de novo no setor Auserd.

06 e 07 - Bombardeio contra posições inimigas nas áreas de Udey Al Dhamran e de Udey Um Rukb, ambas no sector Mahbes (nordeste do SO).

 

Comunicado militar n.º 403

Segunda-feira, 20 dezembro 2021

01, 02 e 03 – Forças saharauis bombardearam posições inimigas nas áreas de Hafrat Achiaf, Galb An-nas e Gararat Al-Firsik, nos setores de Bagari (centro), Auserd (sul) e Mahbes (nordeste, respectivamente.

 

Comunicado militar n.º 402

Domingo, 19 dezembro 2021

01, 02, 03 e 04 – Bombardeadas as tropas de ocupação marroquinas nas áreas de Tarkant, Rus Arbib, Al Kaa'a e Lagtaira, todas no setor de Hauza (norte do SO)

05 - Intenso ataque de artilharia contra  as forças inimigas posicionadas nas áreas a norte e sul de Adheim Um Ajlud , no setor de Auserd, sendo avistadas densas colunas de fumo emergindo dos alvos atingidos.

06 – Destacamentos avançados do ELPS bombardearam também o quartel general do 43º corpo inimigo em Umaytir de Mujainza, no setor de Mahbes.

 

Comunicado militar n.º 401

Sábado, 18 dezembro 2021

01, 02 e 03 – Bombardeadas as forças ocupantes em Gseib Anajla, Ras Lagsaibi e Fadret Lamara, todas elas no setor de Hauza (norte do SO).

04 - Bombardeadas tropas invasoras na área de Graret Attasa, na região de Mahbes (nordeste do SO).

 

Comunicado militar n.º 400

Sexta-feira, 17 dezembro 2021

01 e 02 – Bombardeadas as áreas de Udi Al-Dhamran e de Um Arakba, ambas no setor de Mahbes (nordeste do SO).

03 – Fogo de artilharia e obuses sobre as trincheiras e posições defensivas das FAR marroquinas na área de Gallb al-Nas,  no setor de Auserd (sul do SO).

 

Comunicado militar n.º 399

Quinta-feira, 16 dezembro 2021

01 – fogo de artilharia sobre as posições defensivas das forças de ocupação na região de Rus Udei Chdida, no setor Farsia (nordeste do SO).

02 - Bombardeamento concentrado contra as trincheiras das forças inimigas na área de Tarkant, setor Hauza (norte do SO.

03 - Bombardeio das forças marroquinas ocupantes na zona de Lukteira, setor de Hauza.

04 - Bombardeio contra tropas marroquinas sediadas na zona de Laksaibi Lamlas, setor de Hauza.

05 - Bombardeio intenso contra as forças inimigas na área de Astila Ould Buagrine, setor de Auserd (sul do SO).

Pilar Bardem agraciada com a nacionalidade saharaui a título póstumo


Pilar Bardem, com os seus filhos Carlos e Javier (© GABRIEL BOUYS / AFP)

21-12-2021 (agências)- Pilar Bardem, a atriz espanhola falecida no passado dia 17 de julho aos 82 anos de idade, mãe de uma geração de actores como Javier, Carlos e Monica Bardem, e grande amiga do povo saharaui, receberá a título póstumo a nacionalidade saharaui, informou Abdulah Arabi, delegado da Frente Polisario em Espanha durante a 2ª edição do FiSahara Madrid, que terminou este domingo no Círculo de Bellas Artes de Madrid.

José Taboada, que durante anos foi presidente do CEAS-Sahara (a estrutura que aglutina todo o movimento de solidariedade com o Povo Saharaui no Estado espanhol), afirmou na ocasião: “Pilar é a mãe da causa saharaui”, recordando a importância que teve o apoio da atriz espanhola para a realização do festival de Cinema Saharaiu (FISAHARA) desde que teve início, em 2003.

Desde os Territórios Ocupados, as ativistas Sultana Jaya e Aminetu Haidar também quiseram estar presentes na homenagem à atriz espanhola enviando vídeos de afeto e recordação para Pilar Bardem.

Os seus filhos, Carlos e Javier Bardem, visivelmente emocionados, subiram ao palco para agradecer a homenagem à sua mãe, de quem herdaram também o seu firme compromisso com a causa saharaui.

Frente POLISARIO condena veementemente a violência selvagem contra civis saharauis após a vitória da Argélia na Taça Árabe de Futebol

 

Sidi Mohamed Omar

Nova Iorque (Nações Unidas), 20 de Dezembro de 2021 (SPS) - O Representante da Frente POLISARIO nas Nações Unidas, Sidi Mohamed Omar, enviou uma carta ao Secretário-Geral da ONU, António Guterres, chamando a sua atenção e a do Conselho de Segurança para a contínua escalada das violações de direitos cometidas pelas autoridades de ocupação marroquinas contra civis saharauis nas áreas ocupadas.

A este respeito, Sidi Mohamed Omar expressou a forte condenação das autoridades saharauis à nova onda de violência selvagem lançada no sábado passado pelas forças de segurança marroquinas em resposta às celebrações pacíficas espontâneas de centenas de saharauis nas ruas das cidades do Sahara Ocidental pela vitória da Argélia na Taça Árabe de Futebol de 2021.

O embaixador saharaui junto da ONU apelou ao Secretário-Geral da ONU a tomar as medidas necessárias para responsabilizar o Estado ocupante marroquino pela continuação das suas ações repressivas, bem como pelos crimes hediondos cometidos pelas suas forças de segurança contra civis saharauis e ativistas dos direitos humanos. (SPS)

sábado, 18 de dezembro de 2021

Embaixada dos EUA em Marrocos reúne em El Aaiun, Sahara ocupado, com representantes saharauis



O adido político da Embaixada dos EUA em Rabat foi a El iún Sahara ocupado, à frente de uma delegação da embaixada norte-americana e reuniu-se com representantes saharauis da ISACOM (Instância Saharaui Contra a Ocupação Marroquina), presidida pelo ativista Aminetou Haidar e de outras organizações pró-indeppendência.

A Instância Saharaui contra a Ocupação Marroquina no Sahara Ocidental (ISACOM), realizou no dia 16 de Dezembro uma reunião com uma delegação da Embaixada dos EUA em Rabat, Marrocos. Segundo um comunicado, este encontro, o segundo do seu género desde o início da guerra no Sahara Ocidental, faz parte de uma visita da delegação americana ao território ocupado do Sahara Ocidental. A reunião, que durou mais de uma hora, teve lugar na sequência de um pedido oficial da Embaixada dos EUA.

Uma delegação da embaixada dos EUA em Rabat chegou à cidade ocupada de El Aaiún na segunda-feira. A delegação era composta pelo conselheiro político da embaixada, David Fisher, e Mohamed Amin Messaoudi, conselheiro da direcção de assuntos políticos da embaixada.

De acordo com diversas fontes, o objetivo da visita foi avaliar a situação dos direitos humanos, económicos e sociais no território saharaui.

A delegação realizou a sua primeira reunião com o chefe da missão da ONU para o referendo no Sahara Ocidental, MINURSO, seguida de uma segunda reunião com um comité pseudo-regional dos direitos humanos criado por Marrocos nos territórios ocupados do Sahara Ocidental. A delegação americana também realizou várias reuniões com associações civis simpatizantes do regime marroquino e de "direitos humanos".

A delegação americana reuniu-se na quarta-feira com o coordenador marroquino junto da MINURSO, seguida de outra reunião com o diretor do Centro Regional de Investimento Marroquino, e depois de uma terceira reunião com Hamdi Ould Rachid, o eterno presidente da Câmara de El Aiún ocupada.

As autoridades de ocupação marroquinas organizaram outras visitas para a delegação norte-americana ao porto de El Aaiún, e para concluir a sua visita à capital saharaui ocupada, os diplomatas norte-americanos reuniram-se com o governador do que a potência ocupante chama a região de El Aaiún, Abdel Salam Bikrat.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

"Posso ser morto em qualquer altura": Maus-tratos policiais no Sahara Ocidental controlado por Marrocos




Jornalistas e activistas em Laayoune, no Sahara Ocidental, dizem ao MEE que vivem com vigilância policial, intimidação e abusos

Por Oscar Rickett - Middle East Eye - MEE

Data de publicação: 16 Dezembro 2021

Nas horas que antecederam a partida de sábado da Taça Árabe da Fifa entre a Argélia e Marrocos, Laayoune estava mortalmente sossegada.
As autoridades marroquinas tinham emitido um recolher obrigatório na maior cidade do Sahara Ocidental, com cafés, restaurantes e qualquer local que pudesse mostrar o jogo de futebol fechado obrigatoriamente.
Depois a Argélia, aplaudida pelos saharauis devido ao seu apoio a um Sahara Ocidental independente, venceu Marrocos, visto como a potência ocupante. As pessoas saíram às ruas para festejar.
Mas, como disseram jornalistas e defensores dos direitos humanos ao Middle East Eye, as forças de segurança e policiais marroquinas estavam à sua espera, atacando alguns saharauis e detendo e espancando outros na sede da polícia.

Para Lwali Lahmad, direcor da Fundação sem fins lucrativos Nushatta, fundada em 2013, o assédio e a intimidação constantes na sua linha de trabalho.

O jornalista e ativista dos media, Lahmad e o seu colega Mansour Mohammed Moloud, 27 anos, têm como objectivo "fornecer uma pequena janela do Sahara Ocidental ocupado", que tem sido descrita como um "buraco negro de notícias" e uma "zona interdita aos jornalistas" pelos Repórteres Sem Fronteiras.

Na noite do jogo de futebol, disse Lahmad ao MEE, oito carros e três motos vieram cercar a sua casa, onde alguns dos membros da fundação assistiam ao jogo.

Os veículos estacionados pertenciam a vários organismos de segurança diferentes, incluindo a Direcção Geral de Vigilância Territorial (DST), a agência de inteligência interna de Marrocos. Eram liderados por Younes Fadel, um oficial amplamente temido conhecido localmente como "Wald Atohima", uma referência a um notório carrasco marroquino.



O irmão mais novo de Lahmad estava a chegar para assistir ao jogo. Mas no seu caminho, foi detido pelos agentes de bloqueio, que lhe pediram a identificação. Lahmad e o seu pai saíram ao encontro das forças de segurança, que lhe disseram que era procurado para ser preso.

Os oficiais à paisana, que usavam máscaras, perguntaram a Lahmad se ele apoiava a autodeterminação para o Sahara Ocidental, se apoiava a Frente Polisario, que luta por um Sahara Ocidental independente, e se ele ainda trabalhava como jornalista. A sua resposta a todas estas perguntas foi "sim".


Espancado na sede da polícia

Lahmad, os seus colegas e outros jornalistas saharauis disseram ao MEE que ele foi então forçado a entrar para trâs de uma das viaturas da polícia, ao lado de quatro agentes marroquinos. Eram 19 horas da tarde.

De olhos vendados e algemado, Lahmad disse ter sido espancado no carro com uma barra de ferro quando foi conduzido ao quartel-general da polícia, que fica apenas a alguns quilómetros do escritório da Minurso, a Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental.

No carro, o jovem de 26 anos teve a cabeça colocada entre os bancos da frente para que o condutor do carro, conhecido como "Esargini", o pudesse acotovelar no rosto e na cabeça enquanto os dos bancos traseiros continuavam a bater-lhe. "Desmaiei, mas não completamente", disse Lahmad à MEE da sua casa em Laayoune.

Na cave da sede policial, Lahmad foi espancado com um taco de basebol - fotografias enviadas para o MEE atestam o nível de violência que lhe foi infligido, uma vez que se podem ver cicatrizes em todo o seu corpo - e disse que se não parasse o seu activismo, seria morto ou violado da próxima vez.

A polícia visou as pernas de Lahmad até ele já não aguentar mais, altura em que foi arrastado pelas escadas para ser interrogado por agentes de segurança, que lhe perguntaram sobre as suas opiniões políticas, os seus colegas e sobre o trabalho que faz.

As autoridades marroquinas dizem que a Fundação Nushatta é financiada pela Argélia e pela Polisario, acusações que os seus fundadores negam. "Nós somos auto-sustentados. Vivemos com os nossos pais", disse Moloud. "Por vezes recebemos uma pequena subvenção de outra ONG".

Libertado da sede da polícia às 2.30 da manhã, Lahmad regressou a casa, onde tem estado desde então. Permanece sob vigilância e ainda não pôde consultar um médico.

O jornalista saharaui diz que nunca foi emitido um mandado de captura ordenado pelo tribunal e que nunca lhe foi dada uma razão para a sua detenção. Diz que em momento algum lhe foi dada uma oportunidade de falar com um advogado.

"Eles torturaram-no sistematicamente durante horas", disse o seu amigo e colega Moloud . "Foi submetido a tortura física e psicológica em retaliação ao seu ativismo mediático e ao seu papel de liderança dentro da nossa fundação".

Nem o Ministério dos Negócios Estrangeiros marroquino nem a embaixada de Marrocos em Londres responderam ao pedido do MEE sobre o caso de Lahmad.



As mulheres saharauis falam de um padrão de abuso

Para os jornalistas e ativistas do Sahara Ocidental, ser visado desta forma pelas autoridades marroquinas é um facto de longa data.

Em Julho, Mary Lawlor, relatora especial da ONU sobre a situação dos defensores dos direitos humanos, apelou a Marrocos para "deixar de visar os defensores dos direitos humanos e os jornalistas que defendem os direitos humanos relacionados com o Sahara Ocidental".

Na sua síntese por país sobre Marrocos, a Amnistia Internacional observa que "os defensores dos direitos humanos saharauis continuaram a ser intimidados, assediados e presos por expressarem pacificamente as suas opiniões".

Em Novembro, a organização dos direitos humanos relatou que as forças de segurança marroquinas tinham invadido a casa da conhecida ativista dos direitos das mulheres saharauis Sultana Khaya, violando-a e abusando sexualmente das suas irmãs e da sua mãe de 80 anos de idade.

Os jornalistas e ativistas saharauis Salha Boutangiza e Ahmed Ettanji, tal como Lahmad e os seus colegas, foram molestados e espancados pelas forças marroquinas em diversas ocasiões.

"Fui preso e ameaçado várias vezes", disse Ettanji, que documenta a vida no Sahara Ocidental controlado por Marrocos. "Estou sob vigilância constante da polícia e o assédio afeta a minha família". Não me foi permitido celebrar o meu casamento devido aos ataques da polícia à minha e à casa da minha mulher".

Boutangiza, 36 anos, disse à MEE que na noite do jogo Argélia-Marrocos, ela e várias outras mulheres saharauis foram abusadas na rua pela polícia.

"Fui para a rua celebrar a vitória da Argélia com outro amigo e defensor dos direitos humanos", disse ela. "Três homens saltaram para cima de nós, incluindo um conhecido carrasco marroquino. Puseram as mãos dentro do sutiã dela para lhe apanharem o telefone, que estava lá dentro. Bateram-nos com bastões e apalparam-nos".

A jornalista e ativista disse que esta não era a primeira vez que ela e outras mulheres saharauis tinham sido assediadas e abusadas sexualmente pela polícia marroquina. "É nojento". Deixa uma profunda cicatriz psicológica. Somos uma sociedade conservadora - não somos tratados desta forma por homens saharauis".

Boutangiza e outras mulheres saharauis disseram ao MEE que os polícias marroquinos tinham apalpado os seus seios com molhos de chaves empunhadas nas mãos. O uso de chaves desta forma torna mais difícil dizer em filmagens de vídeo que a apalpação ocorreu.

As forças de segurança marroquinas, disse Boutangiza, passam também para os seus telefones imagens das mulheres saharauis, publicando as suas fotos privadas em contas falsas no Facebook - como esta - como forma de as envergonhar.


É como esperar por Godot''

Boutangiza disse que ela e muitos outros ativistas tinham estado em contacto com ONG internacionais, mas que estas não "pareciam querer impedir Marrocos de abusar sexualmente de mulheres".

Moloud, colega de Lahmad e amigo de Boutangiza, comparou a situação dos saharauis com a peça de Samuel Beckett “Waiting for Godot”, na qual duas personagens, Vladimir e Estragon, esperam pelo titular Godot, que nunca chega.

"Estamos à espera de alguém para nos salvar", disse ele à MEE. "É como Esperar por Godot". Nós, como jovens, que não somos capazes de viver as nossas vidas normalmente - ter namoradas e ir a bares - temos de viver como alvos das autoridades marroquinas, esperando que a comunidade internacional nos preste finalmente atenção".

Questionados se o tipo de intimidação e abuso que tinham recebido os impediria de fazer o seu trabalho, os jornalistas e activistas saharauis disseram que não tinham outra escolha senão continuar.

Falando de sua casa, que ainda está sob vigilância policial, um Lwali Lahmad ainda em recuperação disse a MEE que a sua provação às mãos das forças de segurança não o impediria de lutar por um Sahara Ocidental independente.

"Esta é a realidade". Posso ser morto a qualquer momento, mas não posso ficar em casa o tempo todo". Sou um homem pacífico que apenas tem opiniões diferentes das das autoridades marroquinas", disse ele.

"Aquilo a que fui submetido é canja em comparação com o que Marrocos faz com o apoio dos EUA, Israel e Reino Unido aos saharauis nos territórios controlados pela Polisario", disse, referindo-se aos ataques com drones no território da Polisario no Sahara.

"Vamos continuar a lutar. Continuaremos a resistir".

Marrocos mobiliza uma verdadeira "máquina de media" contra os saharauis




Argel (APS) 16-12-2021 - Marrocos mobiliza uma verdadeira "máquina de comunicação" contra os saharauis, disse Mohamed Salem Ahmed Laabeid, diretor da televisão Sahraui RASD TV, acrescentando que esta mesma "máquina" é apoiada por medias estrangeiros.

"Marrocos implementa uma verdadeira máquina de meios de comunicação, incluindo canais de televisão, estações de rádio, jornais e websites. É apoiado por meios de comunicação social estrangeiros em diferentes países", disse Mohamed Salem Ahmed Laabeid à APS.

Esta situação "pressiona-nos a pôr em prática uma nova política de media", disse, considerando que a melhor maneira de ripostar era confiar no elemento humano, concentrando-se na formação de jornalistas.

O outro ponto forte dos saharauis, prosseguiu, é a justeza da sua causa, que é agora apoiada por resoluções da ONU e decisões da justiça internacional.



Um blackout mediático imposto pelos meios de comunicação árabes e ocidentais

Um blackout "perigoso" é imposto sobre a questão saharaui pelos meios de comunicação árabes e ocidentais, disse o diretor da RASD TV.

"Os canais árabes e estrangeiros obscurecem a questão saharaui e evitam mostrar o que está a acontecer nos territórios ocupados", disse ele.

Segundo Mohamed Laabeid, estes meios de comunicação evitam revelar o que é suportado, por exemplo, pela ativista Sultana Khaya, que se encontra em prisão domiciliária há mais de um ano e é regularmente submetida a tratamentos degradantes por parte das forças de segurança marroquinas.

"Nada foi dito sobre os detidos saharauis nas prisões marroquinas, nem sobre as 652 pessoas desaparecidas, incluindo 151 soldados, desde o início do conflito em 1975", disse o diretor da RASD TV.

"Vemos como o mundo foca as suas câmaras na Síria ou no Iémen e afasta os olhos do que está a acontecer no Sahara Ocidental. Isto é suscetível de nos fazer perder a confiança na credibilidade dos meios de comunicação social internacionais e da comunidade internacional", lamenta.

"O que nos aconteceu com a comunidade internacional está a acontecer-nos com os meios de comunicação internacionais", observa, salientando que Marrocos colocou o seu peso por detrás da questão saharaui para a manter invisível para o mundo.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Guerra no Sahara Ocidental: Comunicados militares nº.s 395 a 398

 



O Ministério de Defesa da RASD emitiu os comunicados 395, 396, 397 e 398, referentes aos quatro últimos dias de combates contra o exército marroquino ocupante. Neles se assinalam os ataques do Exército de Libertação do Povo Sahara (ELPS) contra posições marroquinas no interior do muro militar que divide Sahara Ocidental.

 

Comunicado militar n.º 398

Quarta-feira, 15 dezembro 2021

01 e 02 – Bombardeamento sobre as posições das FAR marroquinas estacionadas nas áreas de Graret al-Farsik e Rus Sabti, ambas no setor de Mahbes (nordeste do SO)

 

Comunicado militar n.º 397

Terça-feira, 14 dezembro 2021

01 e 02 – Bombardeio de posições entrincheiradas das forças ocupantes em Ben Zakka e Rus Dirt, ambas no setor de Hauza (norte do SO)

03 – Bombardeamento das forças marroquinas entrincheiradas na Área de Aydiat, no setor de Guelta (centro do SO).

04 . Bombardeamento de forças de ocupação na área de Rus den Omaira, no sector de Farsía (nordeste do SO).

 

Comunicado militar n.º 396

Segunda-feira, 13 dezembro 2021

01 e 02 – Bombardeadas posições das FAR marroquinas nas áreas de Laagad e Graret Al-Farsik, ambas no setor de Mahbes (nordeste do SO).

03 – Fogo de artilharia sobre as forças de ocupação na área de Astilat Uld Bougerin, no setor de Auserd (sul do SO)

 

Comunicado militar n.º 395

Domingo, 12 dezembro 2021

01 – Bombardeadas posições do ocupante na área de Galb Annass, na região de Hauza (norte do SO).

02 – Posições das forças de ocupação marroquinas foram alvo da artilharia saharaui na zona de Adheim Um, região de Auserd (sul do SO).

 

Rússia apela ao reatamento incondicional das negociações directas entre Marrocos e a Frente Polisario





Sergey Lavrov

(ECS). - O Ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, apelou ao reatamento incondicional das negociações diretas entre Marrocos e a Frente Polisario o mais rapidamente possível para encontrar soluções consensuais para o problema do Sahara Ocidental.

Lavrov afirmou numa entrevista ao canal de televisão egípcio TeN, cujo conteúdo foi publicado no website do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo na terça-feira, que "o conflito do Sahara Ocidental deve ser resolvido, como qualquer outra crise, com base nas resoluções do Conselho de Segurança da ONU".

"Em relação ao Sahara Ocidental, as decisões exigem um diálogo directo entre Marrocos e a Frente Polisario. O diálogo deve ser retomado o mais rapidamente possível. Estas negociações devem começar e ajudar a formular soluções consensuais que vão ao encontro dos interesses de ambas as partes", salientou Lavrov.

Ele considerou que tanto Marrocos como a Frente Polisario deveriam fazer mais esforços para mostrar esperança, advertindo neste contexto que se a questão for deixada como está, os terroristas podem tentar tirar partido da situação difícil da população saharaui.

Acrescentou que o reconhecimento da soberania marroquina sobre o Sahara Ocidental pelos EUA [na era Trump] provocou uma grave escalada, observando a importância da realização de um referendo e permitindo ao povo do Sahara Ocidental decidir o seu próprio destino.

Eia a tradução não oficial da entrevista do ministro dos Negócios Estrangeiros russo ao canal egípcio ontem, terça-feira 14 de Dezembro de 2021.



Pergunta: A Rússia tem boas relações com Marrocos e a Argélia, em que é que isso contribui para a resolução do conflito do Sahara Ocidental?

Sergey Lavrov: O conflito do Sahara Ocidental deve ser resolvido, como qualquer outra crise, com base na aplicação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU, seja no Sahara Ocidental ou numa resolução palestino-israelita ou síria ...

Em todas as questões existem resoluções adoptadas por unanimidade que fornecem a base jurídica internacional para a resolução de um problema particular.

No caso do Sahara Ocidental, as resoluções apelam a um diálogo direto entre Marrocos e a Frente Polisario. As negociações devem ser retomadas o mais cedo possível.

Estas negociações devem começar e contribuir para o desenvolvimento de soluções de compromisso que satisfaçam os interesses de ambas as partes.

A instabilidade no Norte de África e na região do Sahel afeta a região mais vasta, e a falta de progresso no conflito do Sahara Ocidental pode ser um fator determinante para toda a região.

Acreditamos que, no contexto do que está a acontecer no Sahara Ocidental e na região do Sahel, as duas partes, Marrocos e a Frente Polisario, pelo contrário, deveriam fazer esforços mais ativos para gerar esperança nesta direcção.

Se deixarmos a situação como está, os terroristas podem tentar aproveitar-se da situação desesperada do povo do Sahara Ocidental para aí estenderem também as suas "garras". Sabemos que muitos extremistas, incluindo combatentes da Al-Qaeda, do Magrebe Islâmico e do ISIS, já estão a pensar nisto. Eles têm planos muito ambiciosos.

Estamos algo preocupados não só com o facto de as negociações diretas entre Marrocos e a Frente Polisario não terem sido retomadas, mas também com o facto de, em novembro do ano passado, ambos terem abandonado o seu compromisso de um cessar-fogo de quase 30 anos.

Existe uma clara ameaça de escalada militar nesta parte de África.

Estamos convencidos de que é necessário que todos os países influentes exortem todas as partes a exercer contenção e insistam nos métodos políticos e diplomáticos de resolução. Neste contexto, a Rússia rejeita decisões unilaterais, tal como nós fazemos no conflito israelo-palestiniano.

Em qualquer litígio, as decisões unilaterais não previstas nos acordos de base causam danos significativos ao caso e criam riscos adicionais desnecessários.

Há um ano atrás, os Estados Unidos reconheceram a soberania de Marrocos sobre todo o Sahara Ocidental.

Isto não ajuda a causa e contradiz e mina directamente os princípios geralmente reconhecidos do Plano de Resolução do Sahara Ocidental, segundo os quais o estatuto final do Sahara Ocidental só pode ser determinado por um referendo sobre a autodeterminação.

Esperamos que não se verifiquem tais movimentos bruscos.