Angola quer o regresso de Marrocos à União Africana (UA) e
que a organização resolva em definitivo a questão do Sahara Ocidental, defenderam
responsáveis angolanos na cimeira da organização pan-africana que termina hoje
na capital etíope.
O vice-presidente da República, Manuel Vicente, que
representou Angola na cimeira, interveio na quinta-feira na sessão de abertura
dos trabalhos e, na ocasião, considerou que a questão do Sahara Ocidental e o
direito do seu povo à autodeterminação devem constituir prioridade da agenda da
União Africana.
Citado pela agência Angop, Manuel Vicente salientou que
Angola é "amiga" dos povos saharaui e marroquino, países "com os
quais mantém excelentes relações, pelo que augura que ambos possam conviver em
paz e em harmonia".
Relativamente ao regresso de Marrocos à União Africana, que
abandonou em 1984 na sequência do reconhecimento da República Árabe Saharaui
Democrática (RASD) pela organização, coube ao secretário de Estado angolano
Manuel Augusto defender essa ideia.
Também citado pela Angop, Manuel Augusto, que integra a
comitiva angolana na cimeira da UA, disse que Angola "vai envidar todos os
esforços" para que Marrocos regresse à organização.
A garantia foi dada no final do encontro que manteve na
capital etíope com a ministra dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação de
Marrocos, Bouaida Mbark, com quem abordou questões relacionadas com a
cooperação bilateral e a situação do Sahara Ocidental.
Apesar de reconhecer o direito à autodeterminação do povo saharaui,
Manuel Augusto disse que Angola apoia igualmente o processo político de diálogo
entre Marrocos e a RASD.
"Nesta conversa com a ministra marroquina, nós
encorajamos a prosseguir o diálogo e justificamos também a nossa posição, que é
de apoio à luta dos povos, por isso nós temos a singularidade de ter em Angola
uma embaixada de Marrocos e outra da República Árabe Saharaui
Democrática", salientou.
Com o fim do domínio colonial espanhol do Sahara Ocidental,
em 1975, Marrocos anexou aquela parcela de território, iniciando um conflito
com a Frente Polisario, que reivindica representar o povo saharaui.
Com a declaração unilateral de independência, em 1976, e
progressivo reconhecimento internacional, Marrocos abandonou a Organização de
Unidade Africana, organização que antecedeu a UA.
A RASD é reconhecida internacionalmente por 50 Estados e
mantém embaixadas em 16 deles, sendo membro da União Africana desde 1984, mas
não tem representação na ONU.
Fonte: Notícias ao Minuto
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