“Células terroristas»; «Ceuta e Melilla»;
imigração em massa de subsaarianos; exportação maciça de drogas são argumentos
que as autoridades de Marrocos utilizam recorrentemente em vésperas de
discussão da questão do Sahara Ocidental no Conselho de Segurança das Nações
Unidas.
Já nos admirávamos pelo atraso… mas eis que, hoje, a
imprensa marroquina anuncia com pompa e circunstância “o desmantelamento de mais
uma célula terrorista ligada à Al Qaida que efetuava recrutamentos de jihadistas
em território nacional de Marrocos”.
Na semana passada, a mesma imprensa oficial e oficiosa
marroquina anunciava que «as reivindicações de Marrocos sobre Ceuta e Melilla estarão
de novo em cima da mesa em 2015“, o que levaria “o governo espanhol a estar já
em estado de alerta”. Concluindo: «Uma espada de Dâmocles está suspensa sobre a
cabeça de Espanha até que Marrocos abra este dossiê».
Sobre a maior ou menor intensidade das vagas de deserdados subsaarianos
lançados para as praias de Espanha, estamos conversados… Depois das armadas de
«pateras» enviadas a partir das costas marroquinas, com o trágico saldo de
mortos e desaparecidos em pleno Oceano, seguiram-se-lhes as hordas organizadas
contra as altas “cercas” dos enclaves espanhóis.
No que se refere à droga, o caso é semelhante. «O mercado»
poderá condicionar o fluxo exportador… mas não podemos ser inocentes ao ponto de
imaginar que esse comércio sujo de que Marrocos é o principal produtor e
exportador mundial, segundo a ONU, não está sujeito às «necessidades» argumentativas
da política externa do Palácio quando a questão é defender a pretensa
marroquinidade do Sahara Ocidental.
Ninguém no seu pleno juízo pensará que, quer o fluxo
imigratório para a Europa, quer aquele que é o mais lucrativo produto de
exportação de Marrocos – o haxixe —, é apenas controlado por obscuros contrabandistas
e traficantes que contrabandeiam a traficam “livremente” longe da tutela de um
Estado policial e de um superpoderoso poder real.
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