quinta-feira, 12 de junho de 2014

Relatório revela compradores do fosfato roubado no Sahara



O Observatório de Recursos do Sahara Ocidental (WSRW) publica pela primeira vez um relatório exaustivo de todos os clientes, quantidades, importações e envios das exportações que faz Marrocos da rocha fosfórica do Sahara Ocidental ocupado.

O Western Sahara Resource Watch (WSRW) publica um resumo detalhado das companhias implicadas na compra de fosfatos do Sahara Ocidental ocupado. O resumo tem por base a investigação e análise dos 98 graneleiros que atracaram ao porto de El Aaiún, Sahara Ocidental, no decurso dos anos 2012 e 2013.

O relatório revela o valor das vendas da produção extraída por Marrocos do Sahara Ocidental em 2013 a 12 importadores — dez conhecidos e dois ainda desconhecidos — oriundos de dez países. Só duas das empresas  — a PotashCorp (EUA) e a Lifosa (Lituânia) — são responsáveis por 50% de todas as compras.




Durante décadas, os preços mundiais de fosfato quedaram-se pelos 50 dólares/tonelada, até que dispararam em 2007. Em 2013 o valor foi de cerca de 150 dólares/tonelada.(Fonte: Global Phosphorus Research Initiative, www.phosphorusfutures.net)


O relatório refere uma quantidade total exportada do Sahara Ocidental, em 2013, da ordem dos 2,2 milhões de toneladas, por um valor estimado de 330 milhões de US dólares, transportada em 48 graneleiros. “Isto implica um incremente de 400 000 toneladas em relação a 2012”, afirma o relatório.

A rocha fosfórica é explorada ilegalmente pelo Governo de Marrocos no Sahara Ocidental, território que Marrocos ocupou selvaticamente. As exportações são a principal fonte de receitas que Marrocos consegue dos territórios ocupados. Representantes dos saharauis têm-se oposto de forma clara e firme a este comércio, tanto na ONU, como noutras instâncias, como frente a determinadas empresas.
 
Mina de Bou Craa, a maior mina mundial de fosfatos "a céu aberto"  

Das dez empresas conhecidas, identificadas como importadoras de fosfatos do Sahara Ocidental em 2013, dez são cotadas em bolsas de valores Internacionais ou são participadas maioritariamente por empresas que estão cotadas. Quatro delas foram objeto de inclusão em listas negras por investidores eticamente comprometidos, que invocam os direitos humanos ou a lei internacional contra este tráfico. A companhia canadiana Agrium não começou as suas importações até setembro de 2013, e por tanto desconhece-se se foi objeto de exclusão por parte de investidores.

Das outras quatro companhias não registadas nos mercados de valores, duas são cooperativas pertencentes a agricultores da Nova Zelândia, enquanto as duas últimas pertencem, total ou parcialmente, ao Governo da Venezuela.

Além de nomear as companhias envolvidas e de estimar o valor das suas importações, o relatório identifica também os potenciais compradores, assim como uma “lista verde” de empresas que tendo estado envolvidas neste negocio já nele não participam.

“O WSRW faz um apelo a todas as companhias implicadas neste negocio para que cessem imediatamente as suas compras de fosfato do Sahara Ocidental até que seja encontrada uma solução para o conflito. É solicitado aos investidores um compromisso, o de que retirem os seus investimentos, enquanto medidas adequadas não forem tomadas ", afirma o relatório.

Todo o relatório em:

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