terça-feira, 22 de julho de 2014

“Marrocos financia indiretamente a AQMI com o objetivo de incriminar a Argélia e a Polisario”

 
Hicham Bouchti

O ex-oficial dos serviços de inteligência marroquinos conhecidos sob a sigla de DST, Hicham Bouchti, confirmou a implicação do rei de Marrocos, Mohamed VI, no tráfico de drogas e as ligações dos serviços secretos marroquinos com movimentos terroristas na região, como a AQMI e o MUJAO.
Numa entrevista concedida ao diário argelino “Echorouk”, Bouchti declarou que “o rei tornou-se rico graças ao tráfico de cannabis.

Não é preciso ser muito inteligente para saber que uma das fontes de enriquecimento da monarquia marroquina é o tráfico internacional de drogas”.

“Marrocos financia indiretamente a Al-Qaeda no Magrebe Islâmico para que possa prosseguir as suas atividades na região e assim matar dois pássaros com um só tiro: acusar a Argélia de ser um foco de terrorismo e colar à Frente Polisario a etiqueta de organização terrorista”, acrescentou.

Com o fito de se apresentar às potências ocidentais no papel de “gendarme da região e atrair o seu dinheiro em nome da luta contra o terrorismo, a monarquia não hesitou em reprimir e torturar cidadãos marroquinos inocentes para os apresentar como terroristas, afirmou Bouchti.

Interrogado sobre a relação entre o rei e a instituição militar e os corpos de segurança marroquinos, Bouchti declarou que esta relação é semelhante à que existe entre o Padrinho e a Máfia, exceto quando atendem à diretiva dada por Hassan II aos oficiais do exército depois das duas tentativas de golpe em 1971 e 1972 de " interessá-los pelo dinheiro, mas afastá-los da política"

O ex-espia marroquino disse que o que o havia levado a deixar os serviços secretos marroquinos “foi a ausência de uma lei que enquadre esses serviços e defina a sua missão”. “Ao mesmo tempo que – acrescenta - , não existe um contrato institucional para proteger os cidadãos contra o abuso dos seus oficiais”, sublinhando que “os serviços não estão sob nenhum controlo da justiça nem do Parlamento e que aproveitam este vazio jurídico para reprimir e cometer injustiças e burlar a lei no exercício das suas funções“.

“Eu trabalhava para a inteligência militar. Tínhamos contacto com mais de 12 serviços de inteligência, em primeiro lugar a DGED (Direção-Geral de Estudos e Documentação), a DST (Direção de Vigilância do Território) e o DAG, um serviço que depende do Ministério do Interior e fui testemunha de operações de sequestro, tortura, corrupção, suborno e tráfico de drogas levadas a cabo por responsáveis desses serviços”, disse.


Fonte: Diáspora Saharaui

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