O Enviado
Pessoal do Secretário-Geral da ONU para o Sahara Ocidental, Christopher Ross, está
bloqueado por Marrocos. Desde há meses que ele tenta efetuar uma nova viagem à
região. Provavelmente, ele pretende apresentar uma proposta com base no direito
do povo saharaui à autodeterminação em conformidade com as resoluções da
Assembleia Geral e do Conselho de Segurança da ONU. O que não é do gosto de
Rabat. Marrocos quer uma solução que não tenha em conta o direito internacional
e a Carta das nações Unidas.
Segundo
fontes bem informadas, Ross tentou deslocar-se a Marrocos por duas vezes. Marrocos
impediu-o. A primeira vez, sob o pretexto de eleições nas comissões do Parlamento.
À segunda vez, os marroquinos justificaram a sua recusa com a ausência do rei. Este
encontrava-se na Tunísia. O Ramadão seria um outro pretexto que Marrocos
avançaria no caso de terceira tentativa do diplomata norte-americano de visitar
o país de Mohamed VI.
A União
Africana acaba de designar um representante especial para o Sahara Ocidental [o
ex-Presidente moçambicano Joaquim Chissano] a fim de participar ativamente na
resolução do conflito marroquino-saharaui. Enquanto Marrocos exprimiu a sua
recusa e oposição a esta designação, o Presidente saharaui, Mohamed Abdelaziz, saudou-a
e exprimiu, em intervenção durante o debate do relatório do Conselho Paz e
Segurança da UA, a "consideração" do seu país quanto ao seguimento "permanente" de que
possa beneficiar o dossiê do Sahara Ocidental por parte da Comissão e do Conselho
Paz e Segurança da UA.
O Presidente
saharaui afirmou que o reino de Marrocos "entrava o referendo de autodeterminação
no Sahara Ocidental e as negociações, procede à pilhagem das riquezas na parte
ocupada do Sahara Ocidental, proíbe o acesso aos observadores independentes, reprime
os cidadãos saharauis indefesos e faz comparecer civis perante tribunais militares".
Por seu lado,
Marrocos multiplica os pretensos incidentes com a França na desesperada esperança
de fazer pressão sobre o Presidente François Hollande, suspeito de abandonar a velha
posição francesa de apoio incondicional às teses marroquinas em detrimento da legalidade
internacional.
Assim, os
dirigentes de Rabat encontram-se sós na sua aventura sahariana num contexto onde
a comunidade internacional exprime o seu enfado com a persistência do contencioso
do Sahara Ocidental e a necessidade de respeitar a vontade do povo saharaui.
Isto acontece
num contexto marcado pela liderança da Argélia a nível regional e internacional
que se desenvolve através de rondas diplomáticas que se sucedem em Argel, as
visitas de chefes de Estado e de Governo e as missões da União Africana e da
ONU. Um contexto que irrita Rabat, que vê com maus olhos a credibilidade da
Argélia na cena internacional e a sabedoria da diplomacia de um país cada vez
mais procurado e escutado pelos seus interlocutores, que ouvem os seus conselhos,
atendem à sua sabedoria e os seus encorajamentos à paz.
Fonte: Diaspora
Saharaui
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