quarta-feira, 2 de julho de 2014

Sahara Ocidental: Marrocos, só contra todos


O Enviado Pessoal do Secretário-Geral da ONU para o Sahara Ocidental, Christopher Ross, está bloqueado por Marrocos. Desde há meses que ele tenta efetuar uma nova viagem à região. Provavelmente, ele pretende apresentar uma proposta com base no direito do povo saharaui à autodeterminação em conformidade com as resoluções da Assembleia Geral e do Conselho de Segurança da ONU. O que não é do gosto de Rabat. Marrocos quer uma solução que não tenha em conta o direito internacional e a Carta das nações Unidas.

Segundo fontes bem informadas, Ross tentou deslocar-se a Marrocos por duas vezes. Marrocos impediu-o. A primeira vez, sob o pretexto de eleições nas comissões do Parlamento. À segunda vez, os marroquinos justificaram a sua recusa com a ausência do rei. Este encontrava-se na Tunísia. O Ramadão seria um outro pretexto que Marrocos avançaria no caso de terceira tentativa do diplomata norte-americano de visitar o país de Mohamed VI.

A União Africana acaba de designar um representante especial para o Sahara Ocidental [o ex-Presidente moçambicano Joaquim Chissano] a fim de participar ativamente na resolução do conflito marroquino-saharaui. Enquanto Marrocos exprimiu a sua recusa e oposição a esta designação, o Presidente saharaui, Mohamed Abdelaziz, saudou-a e exprimiu, em intervenção durante o debate do relatório do Conselho Paz e Segurança da UA, a "consideração" do seu país                quanto ao seguimento "permanente" de que possa beneficiar o dossiê do Sahara Ocidental por parte da Comissão e do Conselho Paz e Segurança da UA.

O Presidente saharaui afirmou que o reino de Marrocos "entrava o referendo de autodeterminação no Sahara Ocidental e as negociações, procede à pilhagem das riquezas na parte ocupada do Sahara Ocidental, proíbe o acesso aos observadores independentes, reprime os cidadãos saharauis indefesos e faz comparecer civis perante tribunais militares".

Por seu lado, Marrocos multiplica os pretensos incidentes com a França na desesperada esperança de fazer pressão sobre o Presidente François Hollande, suspeito de abandonar a velha posição francesa de apoio incondicional às teses marroquinas em detrimento da legalidade internacional.



Assim, os dirigentes de Rabat encontram-se sós na sua aventura sahariana num contexto onde a comunidade internacional exprime o seu enfado com a persistência do contencioso do Sahara Ocidental e a necessidade de respeitar a vontade do povo saharaui.

Isto acontece num contexto marcado pela liderança da Argélia a nível regional e internacional que se desenvolve através de rondas diplomáticas que se sucedem em Argel, as visitas de chefes de Estado e de Governo e as missões da União Africana e da ONU. Um contexto que irrita Rabat, que vê com maus olhos a credibilidade da Argélia na cena internacional e a sabedoria da diplomacia de um país cada vez mais procurado e escutado pelos seus interlocutores, que ouvem os seus conselhos, atendem à sua sabedoria e os seus encorajamentos à paz.



Sem comentários:

Enviar um comentário