segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Governo [de Espanha] deve atuar como “potência administrante” e não “a reboque da França”


Bucharaya Beyun, delegado da F. POLISARIO em Espanha

A entrada de Espanha no Conselho de Segurança da ONU deveria ser uma oportunidade para que se começasse a solucionar alguns conflitos internacionais em que o nosso país tem alguma responsabilidade histórica, como o do Sahara Ocidental. Por isso, a Frente Polisario pediu ao Governo espanhol que “lidere” a procura de uma saída para o conflito e deixe de ir “a reboque da França”.

Espanha ocupará o seu lugar em janeiro de 2015 e, em abril desse ano, o Conselho de Segurança reanalisará a missão no Sahara Ocidental em função do relatório que vier a apresentar o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, sobre o processo de paz. Na opinião da Polisario, Espanha deveria desempenhar um papel chave nas futuras votações do Conselho de Segurança a favor do direito de autodeterminação do povo saharaui.

“Espanha tem que fazer o que lhe corresponde, e que até agora não o fez”, declarou esta sexta-feira o delegado da República Árabe Saharaui Democrática em Espanha e membro do executivo da Frente Polisario, Bucharaya Beyun, ao The Diplomat in Spain.

Governo [de Espanha] deve atuar como “potência administrante” e não “a reboque da França”

“Espanha continua a ser a potência administrante e é membro do Grupo de Amigos do Sahara”, formado pela França, Reino Unido, EUA, Espanha e Rússia. Por isso, a sua entrada no Conselho de Segurança da ONU deveria ser “uma boa oportunidade para que faça algo”, prosseguiu Beyun, ainda que para isso seja necessário que a Espanha “lidere a procura de uma solução para o Sahara, em vez de ir a reboque da potência francesa”. “Não creio que mude muito”, lamentou o dirigente saharaui.

O delegado saharaui recordou que em 2013 Espanha uniu-se à Rússia e a França na oposição a uma proposta dos EUA para que o mandato da missão da ONU (MINURSO) incluísse a função de manutenção dos direitos humanos. Na sua campanha para conseguir os votos necessários para entrar no Conselho de Segurança, o Governo espanhol comprometeu-se a contribuir “eficazmente para a manutenção da paz e segurança internacionais, o desenvolvimento sustentável e a defesa e promoção dos direitos humanos”.

O presidente da RASD e secretário-geral da Frente Polisario, Mohamed Abdelaziz, instou na passada quarta-feira Ban Ki-moon a adotar medidas “urgentes” contra Marrocos para “pôr fim” aos ataques das “forças de ocupação marroquinas, compostas pelo Exército, a Polícia e as forças auxiliares”, contra a população saharaui, em especial contra os manifestantes partidários da autodeterminação.

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