segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Marrocos diz que a secretaria-geral da ONU não é neutral sobre o Sahara Ocidental


Salahedín Mezuar, MNE de Marrocos

Rabat, 12 janeiro (EFE) - O governo de Marrocos afirma que a Secretaria-Geral da ONU não tem a necessária neutralidade no conflito do Sahara Ocidental, e essa é a razão dos altos funcionários da ONU encarregados do caso estarem virtualmente "bloqueados" por Rabat.

O ministro marroquino dos Negócios Estrangeiros, Salahedín Mezuar, confirma assim numa entrevista ao semanário “Jeune Afrique” que não tem intenção de permitir o trabalho do Enviado Pessoal do SG da ONU para el Sahara, Christopher Ross, nem da chefe da missão da ONU no território (MINURSO), Kim Bolduc, enquanto "não se clarifiquem os parâmetros da nossa relação".

"Detetámos demasiados embustes em certas partes no seio da Secretaria-Geral da ONU, que tem tido uma tendência infeliz para abandonar a sua neutralidade sobre questões-chave" do conflito, diz Mezuar.

Estas questões são “a natureza do conflito, o papel-chave da Argélia ou as veleidades de pôr em pé de igualdade um Estado soberano e um movimento secessionista", afirma Mezuar em relação à Frente Polisario, a quem que Marrocos parece querer descartar definitivamente de toda a solução.

Noutro lugar da entrevista, Mezuar acusa a Argélia, principal protetora diplomática da Polisario, de ter "convicções existenciais anti-marroquinas".

O ministro assegura que o seu país "não recusa o processo da ONU, mas há que recordar as regras essenciais; uma vez reestabelecido o equilíbrio, Christopher Ross e Kim Bolduc poderão trabalhar", adverte.

A canadiana Kim Bolduc foi nomeada em abril de 2014 para o cargo e desde então espera o "assentimento" de Marrocos para poder instalar-se no quartel geral da MINURSO em El Aaiún. "Devo recordar que a senhora Bolduc foi nomeada sem que Marrocos tivesse consultado", lamenta-se Mezuar.

Ainda que durante a entrevista Mezuar não detalhe os "parâmetros" que devem reger o trabalho da ONU no Sahara, recordou-os porém noutros fóruns nos últimos meses: vigiar o cessar-fogo, desativar minas e explosivos e fomentar "medidas de confiança" na questão dos refugiados, permitindo as visitas recíprocas de familiares entre o Sahara ocupado e os campos de refugiados.


Em nenhum caso, e este é o cavalo de batalha nos últimos tempos, Marrocos permitirá que a missão da ONU assuma competências sobre a vigilância dos direitos humanos na parte que controla do Sahara Ocidental.

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