Salahedín Mezuar, MNE de Marrocos |
Rabat, 12 janeiro (EFE) - O governo de Marrocos
afirma que a Secretaria-Geral da ONU não tem a necessária neutralidade no conflito
do Sahara Ocidental, e essa é a razão dos altos funcionários da ONU encarregados
do caso estarem virtualmente "bloqueados" por Rabat.
O ministro marroquino dos Negócios
Estrangeiros, Salahedín Mezuar, confirma assim numa entrevista ao semanário “Jeune
Afrique” que não tem intenção de permitir o trabalho do Enviado Pessoal do SG
da ONU para el Sahara, Christopher Ross, nem da chefe da missão da ONU no território
(MINURSO), Kim Bolduc, enquanto "não se clarifiquem os parâmetros da nossa
relação".
"Detetámos demasiados embustes em certas
partes no seio da Secretaria-Geral da ONU, que tem tido uma tendência infeliz
para abandonar a sua neutralidade sobre questões-chave" do conflito, diz
Mezuar.
Estas questões são “a natureza do conflito, o
papel-chave da Argélia ou as veleidades de pôr em pé de igualdade um Estado
soberano e um movimento secessionista", afirma Mezuar em relação à Frente
Polisario, a quem que Marrocos parece querer descartar definitivamente de toda a
solução.
Noutro lugar da entrevista, Mezuar acusa a
Argélia, principal protetora diplomática da Polisario, de ter "convicções existenciais
anti-marroquinas".
O ministro assegura que o seu país "não recusa
o processo da ONU, mas há que recordar as regras essenciais; uma vez reestabelecido
o equilíbrio, Christopher Ross e Kim Bolduc poderão trabalhar", adverte.
A canadiana Kim Bolduc foi nomeada em abril de
2014 para o cargo e desde então espera o "assentimento" de Marrocos
para poder instalar-se no quartel geral da MINURSO em El Aaiún. "Devo
recordar que a senhora Bolduc foi nomeada sem que Marrocos tivesse consultado",
lamenta-se Mezuar.
Ainda que durante a entrevista Mezuar não
detalhe os "parâmetros" que devem reger o trabalho da ONU no Sahara, recordou-os
porém noutros fóruns nos últimos meses: vigiar o cessar-fogo, desativar minas e
explosivos e fomentar "medidas de confiança" na questão dos
refugiados, permitindo as visitas recíprocas de familiares entre o Sahara
ocupado e os campos de refugiados.
Em nenhum caso, e este é o cavalo de batalha nos
últimos tempos, Marrocos permitirá que a missão da ONU assuma competências
sobre a vigilância dos direitos humanos na parte que controla do Sahara Ocidental.
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