Abdelatif
Hamouchi, chefe da Direção-Geral de Supervisão do Território (DGST), a polícia
secreta de Marrocos, é intimado pela Justiça francesa no âmbito de uma investigação
sobre torturas que os seus subordinados terão infligido a dois marroquinos
residentes em França e a um saharaui encarcerado peto de Rabat e cuja esposa é francesa.
Abdelatif
Hamouchi vai, no entanto, ser condecorado por França dentro de umas semanas com
a medalha de Oficial da Legião de Honra. Já possui, desde 2011, a medalha, de nível
inferior, de Cavaleiro da Legião de Honra. Como não pode pisar solo de França,
sob pena de ser levado ante um juiz instrutor, a medalha ser-lhe-á imposta em Rabat,
provavelmente na Embaixada de França. Isto numa altura em que dois
jornalistas da agência « Premières Lignes » foram presos à força e de
forma humilhante em Marrocos quando realizavam um documentário sobre a
economia marroquina, tendo o seu material sido confiscado.
Artigo de Ignacio Cembrero no EL MUNDO
Segundo o artigo de Ignacio Cembrero para o EL MUNDO, este
parece ser «o preço pago por França para que Marrocos volte e colaborar com o sistema
judicial e os serviços secretos franceses na luta antiterrorista. O anúncio indignou
as ONGs e defensores dos direitos humanos. "Parece-me um autêntico escândalo,
uma vergonha para a França", declara Patrick Baudouin, presidente da
Federação Internacional das Ligas de Direitos Humanos. É "degradante ter cedido
no âmbito de um acordo com as autoridades marroquinas", acrescentou.
"É muito provável que agora haverá intentos de colocar obstáculos ao bom funcionamento
da Justiça", vaticinou Joseph Breham, um dos dirigentes da ACAT que defende
os que foram presumivelmente torturados.
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