segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

França vai condecorar o chefe dos serviços secretos marroquinos investigado em Paris por torturas



Abdelatif Hamouchi, chefe da Direção-Geral de Supervisão do Território (DGST), a polícia secreta de Marrocos, é intimado pela Justiça francesa no âmbito de uma investigação sobre torturas que os seus subordinados terão infligido a dois marroquinos residentes em França e a um saharaui encarcerado peto de Rabat e cuja esposa é francesa.

Abdelatif Hamouchi vai, no entanto, ser condecorado por França dentro de umas semanas com a medalha de Oficial da Legião de Honra. Já possui, desde 2011, a medalha, de nível inferior, de Cavaleiro da Legião de Honra. Como não pode pisar solo de França, sob pena de ser levado ante um juiz instrutor, a medalha ser-lhe-á imposta em Rabat, provavelmente na Embaixada de França. Isto numa altura em que dois jornalistas da agência « Premières Lignes » foram presos à força e de forma humilhante em Marrocos quando realizavam um documentário sobre a economia marroquina, tendo o seu material sido confiscado.

Artigo de Ignacio Cembrero no EL MUNDO

Segundo o artigo de Ignacio Cembrero para o EL MUNDO, este parece ser «o preço pago por França para que Marrocos volte e colaborar com o sistema judicial e os serviços secretos franceses na luta antiterrorista. O anúncio indignou as ONGs e defensores dos direitos humanos. "Parece-me um autêntico escândalo, uma vergonha para a França", declara Patrick Baudouin, presidente da Federação Internacional das Ligas de Direitos Humanos. É "degradante ter cedido no âmbito de um acordo com as autoridades marroquinas", acrescentou. "É muito provável que agora haverá intentos de colocar obstáculos ao bom funcionamento da Justiça", vaticinou Joseph Breham, um dos dirigentes da ACAT que defende os que foram presumivelmente torturados.


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