Descansa em paz Mariem, o teu povo e todos aqueles que
contigo pudemos privar não te esqueceremos.
Mariem Hassan, a mais famosa cantora saharaui, morreu hoje
nos campos de refugiados de Tindouf. Há poucos dias havia abandonado Barcelona,
cidade onde vivia, para declaradamente esperar a morte junto ao seus povo e
familiares nos acampamentos de refugiados saharauis, no sudoeste da Argélia.
Durante anos tentou resistir ao cancro, mas a doença acabou por fazer o ser
percurso fatal.
Mariem Hassan (http://www.mariemhassan.com/), interpretava
e dava expressão às raízes musicais do seu povo — o haul, uma música que foi sendo criada com
influências muito diversas: bereber, árabe, sudanesa, trazida pelas caravanas
que cruzavam o deserto de uma ponta a outra, mas também com muita influência
negra, procedente do sul.
Nascida em 1958 nas imediações de Smara no nordeste do
Sahara Ocidental, Mariem era a terceira de uma família de dez irmãos.
En 1975, tinha 17 anos quando Marrocos iniciou a Marcha
Verde para ocupar o então Sahara Espanhol. A sua família fugiu para o enclave
de Mjeriz, próximo de Tifariti, acampamento controlado pela Frente Polisario.
Daí tiveram que partir para um lugar mais seguro, na Hamada argelina,
instalando-se num acampamento de refugiados no sudoeste de Argélia, perto da
cidade de Tindouf.
Participou em diferentes grupos de música saharaui. Primeiro
no El Hafed, que logo mudou o seu nome para “Mártir Luali”, em memória do
primeiro secretário-geral da Frente Polisario caído em combate às portas da
capital da Mauritânia. Com o grupo viajou por muitos países participando em sessões
culturais que serviam para divulgar a luta do seu povo pela independência.
“Deseos” (Desejos) é o seu primeiro álbum a solo, gravado em
2005, a que se seguiram “Shouka”, em 2010 e “El Aaiun egdat” (El Aaiún arde”),
em 2012.
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