Por esta altura começam os trabalhos da
Assembleia Geral das Nações Unidas. Por esse motivo, inúmeros chefes de Estado acorrem
à sede nova-iorquina da organização onde pronunciam discursos ante a Assembleia.
Também por esta ocasião, os chefes de Estado costumam manter encontros com o Secretário-Geral
das Nações Unidas. O serviço de imprensa da ONU relata estes encontros. A leitura
dos comunicados de imprensa publicadas acerca dos encontros com o rei de Espanha
e o presidente da Mauritânia revela-nos alguma chave sobre a situação no Sahara
Ocidental.
I. O ENCONTRO DO SG DA ONU COM O REI DE
ESPANHA
O serviço de imprensa da ONU informa que
a 25 de Setembro o Secretário-Geral, Ban Ki-Moon, teve um encontro com o rei de
Espanha, Felipe VI. O comunicado de imprensa da ONU no final diz o seguinte:
Finally, the Secretary-General emphasized the need for a renewed push to
resolve the situation in Western Sahara.
Tradução:
Finalmente, o Secretário-Geral sublinhou
a necessidade de um novo impulso para resolver a situação no Sahara Ocidental
II. O ENCONTRO DO SG DA ONU COM O PRESIDENTE
DA MAURITÂNIA
No mesmo dia 25 de Setembro Ban Ki-Moon
também teve um encontro com o presidente da Mauritânia, Mohamed Uld Abdelaziz. Na
nota de imprensa desse encontro afirma-se:
The Secretary-General stressed the urgency of resolving the question of
Western Sahara and thanked Mauritania for its continued support to the
mediation process.
Tradução:
O Secretário-Geral sublinhou a urgência
de resolver a questão do Sahara Ocidental e agradeceu à Mauritânia o seu contínuo
apoio ao processo de mediação.
III. CONCLUSÕES
Estes curtos textos permitem algumas
conclusões importantes.
Primeira.
O comunicado do encontro com Felipe
VI revela-nos que, para a ONU, o Sahara Ocidental é a principal questão da política
externa espanhola, por muito que se procure ocultar em Espanha. E isso é assim porque,
por muito que o Makhzen e o seu lobbie, incluindo os seus súbditos no país, procure
ocultar, Espanha É a potência
administrante do Sahara Ocidental.
Segunda.
O facto do SG da ONU agradecer à Mauritânia,
MAS NÃO A ESPANHA, o seu apoio ao processo de mediação no conflito do Sahara Ocidental
é toda uma denúncia, muito subtil, mas muito contundente, do papel do governo
espanhol neste assunto. Não devemos estranhar. Há que recordar que, como já
disse aqui, o governo espanhol foi o único governo do mundo civilizado que, sob
a batuta de Mariano Rajoy Brey e José Manuel García-Margallo y Marfil (MNE
espanhol), que alinhou com a torpe pretensão do makhzen marroquino de
obstaculizar o trabalho do mediador da ONU.
Fonte. Desde el Atlántico – blog do Carlos
Ruiz Miguel – prof. catedrático de Direito Constitucional na Universidade de
Compostela.
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