Londres,
1 ago (EFE) .- A Amnistia Internacional (AI) denunciou nesta
quinta-feira a “brutal repressão” sofrida por um grupo de
manifestantes no Sahara Ocidental pelas forças de segurança
marroquinas em 19 de julho e pediu a Rabat que esclarecer o que
aconteceu.
Em
comunicado, a AI informa que verificou imagens de vídeo e reuniu
depoimentos de várias pessoas que afirmam que as forças de
segurança marroquinas "usaram força excessiva, atirando pedras
para dispersar a multidão de manifestantes e desencadeando
confrontos".
Pouco
depois de a Argélia ter vencido a Taça de África em 19 de Julho,
alguns manifestantes desceram às ruas de El Aaiún para comemorar
esta vitória, agitando bandeiras argelinas e saharauis e gritando
slogans a favor da autodeterminação do povo saharaui
Como
resultado dos confrontos com a Polícia, duas testemunhas afirmaram
ter testemunhado como Sabah Njourni, uma mulher de 24 anos, foi morta
depois que dois carros da força auxiliar marroquina a terem
atropelado.
Segundo
a AI, imagens e testemunhos mostram como as forças de segurança
marroquinas intervieram nas comemorações atirando pedras, usando
balas de borracha e disparando gás lacrimogéneo e lançando jactos
de água para dispersar os manifestantes, ao que estes responderam
atirando pedras contra os agentes.
"Há
evidências claras que sugerem que a resposta inicial das forças de
segurança marroquinas ao protesto saharaui, que começou
pacificamente, foi excessiva e provocou confrontos violentos que
poderiam e deveriam ter sido evitados", disse Magdalena
Mughrabi, vice-diretora do AI para o Oriente Médio e norte de
África.
Mughrabi
acrescentou que a morte de Sabah Njourni "parece ser o resultado
direto da falta de moderação da polícia" e considerou
necessária "uma investigação exaustiva", cujos
resultados sejam tornados públicos, para que qualquer membro da
Polícia envolvida "seja trazido ante a Justiça ".
Num
comunicado oficial, autoridades locais em El Aaiún disseram que um
grupo "dirigido por indivíduos hostis" aproveitou as
celebrações para realizar atos de vandalismo e saques e que as
forças de segurança foram forçadas a intervir para proteger a
propriedade pública e privada.
Acredita-se
que dezenas de manifestantes saharauis ficaram feridos e, segundo a
AI, existem fontes que sugerem que pelo menos 80 pessoas sofreram
ferimentos, embora o número exato seja desconhecido.