Morreu um de nós
Morreu este sábado o Luís Moita. Um companheiro, amigo, fiel camarada solidário em tantas lutas, com quem aprendemos tantas coisas e a quem tanto devemos pelo exemplo de lutador pela igualdade, pela paz, pela solidaridade, pela real libertação dos povos sujeitos ao colonialismo.
Luís Moita foi, desde a primeira hora, um defensor da autodeterminação do Povo Saharaui. Fundador e dirigente do CIDAC (Centro de Informação e Documentação Anti-Colonial e mais tarde Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral), entre 1974 e 1989, foi dos primeiros a divulgar em Portugal a situação de atropelo à legalidade internacional de que o Povo da antiga colónia espanhola estava a ser vítima e a denunciar a posição pérfida da Espanha franquista face à política colonial e expansionista do Reino de Marrocos. Foi também dos primeiros portugueses a conhecer in loco a difícil realidade dos refugiados saharauis na hamada inóspita de Tindouf, no extremo sudoeste do território argelino, assistindo, em Fevereiro de 1977, ao 1.º aniversário da proclamação da RASD.
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Nos Acampamentos de Tindouf, a convite da Frente POLISARIO: da esquerda para a direita, o jornalista Benigno da Cruz, João Vieira Lopes, Nuno Teotónio Pereira e Luís Moita (Fev. 1977) |
Ao longo da sua vida o Luís Moita, enquanto cidadão e professor de Política e Relações Internacionais, acompanhou sempre a luta do Povo Saharaui, privando de perto com muitos dos seus dirigentes, em particular com Mohamed Khadad (falecido em 2020), sempre que este passava por Lisboa, e de quem era particular amigo. Para o Luís, era um encanto debater e trocar opiniões com Mohamed Khadad, tal a sua preparação, lucidez e experiência internacional.
O funeral de Luís Moita, lutador anti-colonial, professor universitário e um dos organizadores da vigília da Capela do Rato em 1972 contra a guerra colonial e pela paz, será nesta terça-feira, 31, às 15h, na Igreja de Santa Isabel, em Lisboa. Antes disso, o corpo será velado na mesma igreja a partir das 18h30 desta segunda-feira, 30 de Janeiro.
A Associação de Amizade Portugal - Sahara Ocidental (AAPSO) manifesta à família, em particular à Ana - sua esposa e companheira - e à sua filha Madalena toda a sua dor e solidariedade neste duro momento de perda e consternação.
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