quarta-feira, 13 de junho de 2012

Rabat não quer que a MINURSO substitua Marrocos na gestão do Sahara


Mohamed Cheij Biadilah, transfuga saharaui,
nomeado presidente do Senado marroquino


A Missão da ONU no Sahara Ocidental não deve "ter um papel político nem substituir a administração territorial marroquina", recorda hoje o presidente da Câmara de Conselheiros marroquino ( Senado), Mohamed Cheij Biadilah.

Em entrevista ao diário "Le Matin", Biadilah, de origem saharaui [Nota: Mohamed Cheij Biadilah é um transfuga saharaui que abandonou a luta do seu povo a troco benesses económicas e cargos no aparelho de Estado marroquino], considera que esse foi o intento do Enviado Pessoal do secretário- geral da ONU, Christopher Ross, que Rabat rejeitou recentemente com a fórmula de "retirada de confiança".

"Christopher Ross queria sustituir a Minurso em lugar da administração territorial marroquina, e atribuir-lhe um papel político. No entanto, estamos em nossa casa, no nosso território, e já propusemos uma solução credível e séria" (numa alusão ao plano de autonomia, única saída aceitável por Rabat).

Para Biadilah, a vontade de Ross "recorda-nos o papel do controlador civil durante o período colonial", e tudo o que fez foi "para arrancar ainda mais concessões a Marrocos" - refere.

O Enviado Pessoal do SG da ONU, sobre quem o Secretário- Geral das Nações Unidas continua a manifestar a sua confiança, redigiu um relatório em que se queixava da não confidencialidade das comunicações da Minurso, e aludia também a detalhes como a obrigatoriedade dos edifícios da Minurso terem de colocar a bandeira marroquina ou que os seus veículos tivessem matrículas marroquinas.

Ainda que a maioria dos seus comentários não tenham acabado por ser publicados no relatório enviado ao Conselho de Segurança, Rabat queixou-se das atribuições que Ross se estava a atribuir, o que se traduziu na sua retirada de confiança [Nota: Ross pretendia visitar pessoalmente o território do Sahara Ocidental ocupado por Marrocos, coisa que até hoje nenhum alto responsável da MINURSO o fez, não obstante o conflito se arrastar há décadas…].

A Minurso conta com 519 pessoas no território do Sahara Ocidental, tendo por missão principal a verificação do respeito pelo cessar-fogo entre Marrocos e a Frente Polisario; os intentos de a Missão da ONU incorporar nas tarefas a vigilância dos direitos humanos chocaram até agora com negativa rotunda de Marrocos.

Atualmente a situação no Sahara Ocidental encontra-se num beco sem saída, pois Ross já não conta para Marrocos mas Ban Ki-moon considera-o ainda o seu Enviado Pessoal.

Os meios de Comunicação marroquinos começaram a aventar outros possíveis nomes para o cargo (entre eles o do ex-secretário de Estado de EUA Colin Powell), mas nenhuma outra fonte confirmou esses rumores.

(EFE)

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