O defensor dos direitos humanos Brahim Dahan falou a um
programa de rádio das Canárias das conversações com o Enviado Pessoal do SG da ONU e dos últimos acontecimentos em El Aaiún.
Brahim Daham afirmou que, na quinta-feira, reuniram-se com
Christopher Ross duas organizações, primeiro o CODESA (Coletivo dos Defensores
Saharauis de Direitos Humanos), das 9 a 11 horas da manhã; pela tarde foi
convocada a ASVDH (Associação Saharaui das Vítimas de Violações Graves dos
Direitos do Homem cometidas pelo Estado de Marrocos) e também o CODAPSO, CSPRON
e representantes de outras cidades como Dakhla, Smara e Bojador, entre as 14.30
y 16.40 horas.
Falaram com Ross da situação dos direitos humanos e da
situação em geral, o respeito pelos direitos dos saharauis, destes poderem
beneficiar de forma digna dos seus recursos naturais, a ampliação do mandato da
MINURSO na monitorização e vigilância dos direitos humanos. Ross fala da sua
visita no sentido de aplicar as resoluções do Conselho de Segurança, está a
entrevistar-se com a sociedade civil saharaui para conhecer em primeira mão o
seu ponto de vista, e facilitar as negociações entre Marrocos e a Frente
Polisario.
Brahim Daham vê Ross como um diplomata “de peso” e com uma
longa carreira; e, na sua opinião viram-no muito bem informado, fazia perguntas
sobre dúvidas do que conhecia bem e qualifica-o como “bom ouvinte”. Os
defensores dos direitos humanos comentaram-lhe que “as pessoas estão fartas” e
recordaram-lhe que a ONU deve cumprir as suas promessas e que está num
território ocupado para que o referendo se realize. Dahan viu-o bastante
consciente de tudo isto, e qualificou de “significativo” que se tenham reunido
com ele na sede da MINURSO. Dahan sublinhou que é a primeira vez, em 21 anos,
que tiveram acesso à sede da MINURSO para falar sobre estes temas.
Em relação aos acontecimentos da tarde, Dahan referiu que
uma coligação de associações de direitos humanos havia convocado concentrações
e manifestações para demonstrar a sua intenção de obter a independência.
Avisámos Ross e a MINURSO dessa intenção e sublinhámos que se tratava de uma
concentração pacífica na avenida principal da cidade. Marrocos tinha deslocado
milhares de polícias de vários lugares do Sahara e de Marrocos. Houve
repressão, tortura contra mulheres, jovens, crianças, anciãos, homens; o saldo
foi de dezenas de feridos.
Nas palavras de Dahan é “impossível fazer nada pacífico” com
os marroquinos. Os jovens estão “fartos e desesperados” e com uma enorme
vontade de usar a violência, como fazem os marroquinos.
Os saharauis explicaram a Ross e à MINURSO que têm um
direito e o vão defender. A cidade de El Aaiun no dia de hoje é um “deserto”,
está tudo fechado, é um estado de “excepção”.
*Fonte: Sahara desde Canarias, Bachir Ahmed Aomar
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