domingo, 31 de março de 2013

A teimosia leva o Makhzen ao desespero




Devido à sua persistência em continuar a ocupação do Sahara Ocidental e prosseguir nas violações dos direitos humanos no território, Marrocos está na mira da comunidade internacional.

O Parlamento Europeu, o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, a Amnistia Internacional, Human Rights Watch, o relator especial sobra Tortura da ONU Juan Mendez, Ban Ki-moon, todos denunciaram as práticas desumanas de Marrocos no Sahara Ocidental contra uma população civil inocente que apenas reivindica o direito legítimo de protestar e se expressar.

Mesmo a presença do Enviado Pessoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental, Christopher Ross, não dissuadiu as autoridades marroquinas.

Em vez de olhar de frente para a realidade, o governo marroquino persiste e prossegue na linha de conduta que consiste em enganar a opinião pública sobre a verdade do conflito que opõe Marrocos e os saharauis.

Em vez de fazer autocrítica, Rabat levanta o espantalho da Argélia. Sempre que a questão do Sahara Ocidental é analisada no Conselho de Segurança, Marrocos instrui as suas marionetas nos órgãos de comunicação social e meios associativos de se “atirarem” à Argélia. O primeiro-ministro marroquino, Benkirane, o ministro de Negócios Estrangeiros e até mesmo o rei Mohamed VI participam na campanha a fim de assegurar o silenciamento do povo marroquino e o seu apoio à louca aventura do Sahara.

Depois de perder todas as batalhas na questão saharaui, para Rabat seria um pesadelo também perder o apoio do povo marroquino, especialmente agora que o Makhzen está enfraquecido pelos ventos da Primavera Árabe.

Assim, a Argélia é acusada de estar por trás do Centro Kennedy para a Justiça e os Direitos Humanos, de estar por trás do ator espanhol Javier Bardem, de estar por trás da derrota de Marrocos no Fórum Social Mundial de Tunes etc. Mesmo o Enviado da ONU não escapou à ira de um governo desesperado que dispara em todas as direções para justificar a sua obstinação contra a vontade da comunidade internacional.

Fonte: La Tribune du Sahara

Carta aberta ao Rei de Marrocos: Presidente saharaui condena os abusos contra mulheres saharauis


O Rei Mohamed VI como destinatário...

Mohamed Abdelaziz, Presidente da República Saharaui e Secretário-Geral da Frente Polisario, afirma em carta aberta enviada sábado ao Rei de Marrocos que “abusar de mulheres saharauis pacíficas manifestantes, despojá-las das suas indumentárias na via pública, persegui-las e ameaçá-las com violações em público, constitui um caso grave de imprudência, irritabilidade e falta de ética humana, um atentado grave aos postulados e à tolerância do Islão”.

“O que se passou sábado, 23 de março, nas ruas da cidade de El Aaiún ocupada, no marco da visita do Enviado Pessoal do Secretário-Geral das Nações Unidas para o Sahara Ocidental, Sr. Christopher Ross, e também na cidade de Bojador a 18 de fevereiro de 2013, onde sob ordens oficiais das autoridades e com deliberada presença de altos funcionários de segurança, foram cometidos “abusos contra mulheres saharauis manifestantes pacíficas, despojando-as das suas vestes na via pública, perseguindo-as e ameaçando-as de violação em público, o que constitui um caso grave de imprudência, irritabilidade e falta de ética humana e um agravo aos postulados e à tolerância do Islão”, refere o Presidente saharaui na sua carta.

Mohamed Abdelaziz qualifica este ato de obsceno que não dignifica Marrocos nem o povo marroquino.

M. Abdelaziz refere que estes crimes “começaram com o atirar civis de aviões, sepultar vivas pessoas e arrastá-las para fossas comuns, ou com os bombardeamentos de napalm e fósforo, proibidos internacionalmente; com o desaparecimento e o sequestro forçado de pessoas durante décadas, violando mulheres e homens nas celas e salas de interrogatórios, e o assédio sexual em público a inocentes mulheres”.

"A última coisa revelada a público de tais crimes são os atos cobardes, vergonhosos e imorais levados a cabo contra mulheres saharauis que se manifestavam pacificamente e que foram perseguidas e abusadas sexualmente, umas; sequestradas e estupradas e posteriormente atiradas para a via pública outras, com as feridas bem marcadas de tortura e opressão às mãos de homens que obedecem a ordens suas e cometem atrocidades em seu nome contra indefesos civis saharauis", acrescenta o SG da Frente Polisário ao monarca marroquino.

Advirto Sua Majestade, que "o insulto verbal à mulher na cultura saharaui é uma ofensa grande e motivo suficiente para ser privado de valores de cavalheirismo e galhardia autêntica, e muito mais se se trata de assédio sexual em público, como fazem os seus representantes no Sahara Ocidental ".



"Nós, saharauis, herdámos, ao longo dos séculos, uma cultura profunda que concedeu às mulheres plena liberdade e um lugar fundamental na vida da família e da comunidade, e reforçada absoluta aversão a todas as formas de violência, verbal e física contra a mulher, na defesa do cavalheirismo e verdadeira galhardia, valores da religião Islâmica, que se supõe todos nós compartilhamos", afirma o Presidente da República na sua carta ao rei de Marrocos.

Mohamed Abdelaziz sublinha que “se equivocam aqueles que pensam que vão vergar a vontade dos saharauis através da persistência na tortura e o abuso das suas mulheres porque é um intento inútil que não reduz a sua disposição a sacrificar-se pelos seus direitos nacionais legítimos à liberdade e à independência.

“Os saharauis, e as mulheres em particular, estão conscientes de que a violação e o assédio sexual são uma arma que empregam os invasores e o colonialismo para submeter e controlar os povos oprimidos”.

M. Abdelaziz refere, por último: ”espero que o testemunho daquela mulher saharaui vos faça refletir, que com um grito vibrante na cara de um dos polícias marroquinos na cidade de El Aaiún, dizia:” eu o que quero é a minha terra“; esse grito é um apelo eloquente que resume o cenário do conflito e a situação da crise dos direitos humanos nos territórios ocupados".

"A senhora que luta honestamente, transbordando sentimentos patrióticos, está disposta a sacrificar tudo pelo seu povo, tem um motivo ainda mais forte e mais nobre de continuar a lutar: a Pátria; enquanto o agente de segurança marroquino só está interessado em exercer suas práticas repressivas com métodos vis e miseráveis​​, e eu imagino que tais práticas não o honram como monarca de Marrocos, nem dignificam o povo marroquino, conhecido pela sua nobreza, magnanimidade, e bons hábitos", acrescenta o Presidente saharaui.

O Presidente Abdelaziz afirma na carta ao Rei de Marrocos, que "assuma a sua responsabilidade, e não deixe que oficiais e soldados do seu exército e da sua polícia de segurança cometam tais comportamentos ultrajantes e vergonhosos em seu nome na parte ocupada do Sahara Ocidental.

sábado, 30 de março de 2013

Sim à cooperação, não à ingerência


Os saharauis não pedem ao Presidente francês que condene as violações dos direitos humanos no Sahara, nem que reconheça a RASD. Pedem apenas que a França deixe de interferir no trabalho de Ban Ki-moon e do seu Enviado Pessoal Christopher Ross. Que a França não impeça que o Conselho de Segurança responsabilize a MINURSO pela vigilância e monitorização do respeito dos direitos humanos no Sahara Ocidental.

A França é o primeiro parceiro económico de Marrocos em matéria de investimento e trocas comerciais. Só podemos incentivar que essas relações contribuam para melhorar a vida diária dos marroquinos.

O Presidente François Hollande deslocar-se-á a Marrocos entre 3 e 4 de abril em visita oficial, três meses depois da que realizou à Argélia. No seu programa, um discurso aos membros do Parlamento marroquino.

Os saharauis não pedem ao Presidente francês que aborde, no seu discurso, o tema do Sahara Ocidental nem que condene a repressão e as violações dos direitos do Homem cometidas por Marrocos no Sahara Ocidental perante o olhar da comunidade internacional. Pedem-lhe simplesmente que não impeça a MINURSO de vigiar o respeito dos direitos do homem no Sahara Ocidental. De não interferir no trabalho do SG da ONU e do seu Enviado Pessoal, Christopher Ross.

Se a França considera que o plano de autonomia apresentado por Rabat é "uma base séria de negociação", é seu direito de ter a sua própria visão sobre a resolução deste conflito. Mas Paris não tem o direito de se ingerir na questão ao ponto de impor o seu ponto de vista ao Secretário-Geral da ONU, cujos relatórios foram, muitas vezes, modificados pelo embaixador francês nas Nações Unidas. O «forcing» sobre a autonomia pretende objetivamente afastar toda outra solução que permita aos Saharauis exercer o seu direito à autodeterminação, um direito reconhecido por todas as resoluções da ONU.

Marrocos invadiu o território do Sahara Ocidental a tiros de canhão e bombardeamentos, em violação dos princípios de descolonização e da intangibilidade das fronteiras. Apoiá-lo é contrário aos princípios que conduziram a França a intervir militarmente no Mali.



Sahara Ocidental: “uma série de acontecimentos dignos de analisar”



Assistimos nestes dias a uma série de factos e acontecimentos dignos de analisar:

1. O ilegal, imoral e sumaríssimo julgamento militar contra os 25 saharauis do acampamento de Gdeim Izik e suas desmesuradas penas.

2. O périplo de Christopher Ross pela região e o desenrolar do mesmo em cada paragem, assim como os temas tratados com seus distintos interlocutores.

3. As importantes declarações do ministro saharaui dos Negócios Estrangeiros.

4. A deslocação de imensos efetivos policiais marroquinos, apoiados por um grande número de “presumíveis colonos” para intimidar e amedrontar a população saharaui e especialmente os ativistas de Direitos Humanos.

5. A inutilização da cinta transportadora de fosfatos, um ato, uma chamada de atenção aos usurpadores e aos compradores do usurpado.

Todos estes fatores, não são mais que claros indicadores da intensidade da luta do povo saharaui, e o nervosismo e a improvisação do governo marroquino ante a determinação e a resistência saharaui, por um lado, e a sua frustração no seu empenho de desestruturar e acabar com a identidade saharaui.

Mas todos estes acontecimentos são também um motivo de preocupação especial para a que é designada por “comunidade internacional”, que está vendo que a luta pacífica dos saharauis nos territórios ocupados e a vontade política da Frente Polisario estão cada vez mais irmanados, enquanto tanto uns como outros não excluem qualquer outra tipo de luta para impor a vontade do povo saharaui sobre todo o território do Sahara Ocidental, ante a timidez e a falta de contundência das resoluções da ONU.

Além disso, os constantes protestos e manifestações nos territórios ocupados, apesar da brutalidade da repressão das mesmas, são a resposta ao fantasma com o qual a França nos quer intimidar, chamar a atenção da opinião internacional e, assim, desviar a atenção mundial, mas a ênfase principalmente regional sobre o perigo ela própria criou na região, e, assim, tentar impor uma solução para o conflito do Sahara que não passe pela opção da independência.

São também estes fatores, a prova da importância do papel desempenhado pelo movimento de solidariedade, farto e indignado com a passividade do governo espanhol na descolonização de sua última colónia e província, onde, perante a comunidade internacional, continua a ser o administrador "de jure" do território.

Por Bachir Lehdad Dadda




Governo do Estado de Bremen concede prémio a Aminetu Haidar




A ativista saharaui e presidente do coletivo "CODESA" do Sahara Ocidental, foi galardoada com o 13º  Prémio da Solidariedade que o Governo do Estado de Bremen  concede a personalidades que tenham distinguido pelos seus compromissos com a liberdade, democracia e os direitos humanos e contra o colonialismo e o racismo no Mundo.
                                                            
O jurado alemão concedeu o prémio a Haidar pela sua trajetória na luta pacífica por uma solução do conflito saharaui e pela sua defesa dos direitos humanos dos saharauis nos territórios ocupados.

O prémio de 10.000 euros será entregue em cerimónia no Salão do Governo na cidade de Bremen. O prémio foi concedido a personalidades célebres como Nelson Mandela, entre outros.

Aminetu Haidar tem recebido vários prémios internacionais, como reconhecimento da sua trajetória na defesa dos Direitos Humanos no Sahara Ocidental.

Em 2005 foi designada pelo Parlamento Europeu candidata ao premio «Sakharov», uns dias depois da sua detenção na cidade ocupada de El Aaiún. Em maio de 2006 recebeu em Madrid o V Prémio Juan María Bandrés pela defesa do direito de asilo e da solidariedade com os refugiados, que lhe foi concedido pela Comisión Española de Ayuda a los Refugiados (CEAR). Em 2007 recebeu o prémio austriaco «Silver Rose Award» atribuído anualmente aos defensores dos Direitos Humanos de todo el mundo, entre outros.

SPS

sexta-feira, 29 de março de 2013

Após anos de sofrimento Marrocos confisca-lhe as suas terras

Oum Lmomnin Boulsan
As autoridades de ocupação marroquinas detiveram sexta-feira de manhã a cidadã saharaui Oum Lmomnin Boulsan na casa de seus pais em Tidraret, arredores de Tah (fronteira entre Marrocos e o Sahara Ocidental), e levaram-na à força para as instalações da empresa "Semens Somagik" onde a interrogaram durante seis horas antes de a libertar, ordenando-lhe que deverá comparecer perante o procurador do rei junto do tribunal de primeira instância em El Aaiun ocupada.

A senhora Oum Lmomnin, de 68 anos, mãe de 5 filhos tinha-se deslocado à casa de seus pais em Tidraret a fim de pôr cobro a uma tentativa da referida empresa de confiscar terrenos da sua família. Foi detida pelos chefes da gendarmeria e das forças auxiliares e do “Qaid” (chefe administrativo) e elementos da polícia. Estas autoridades fizeram-na entrar pela força numa “van” em direção à sede de empresa em Tah para a interrogarem.

A senhora Oum Lmoumnin é filha de dois mártires saharauis, sua mãe, Batoul ment Sidi, morta sob tortura no centro de detenção secreto de Agdaz no ano de 1977; e Salek Abdesamad, seu pai, assassinado no centro de detenção secreto de Kal'at Mgouna, em 1985; e irmã mais velha de duas saharauis que passaram 16 anos desaparecidas em centros de detenção secretos.

Os sobreviventes não estão em melhor situação, sofrem de despejo forçado e privados de educação obrigatória desde o início da ocupação marroquina do Sahara Ocidental. Esta família ativista sofre ainda hoje abusos e a perseguição.
Recordamos que a senhora Oum Lmomnin Boulsan é irmã da Mohamed Salem Ould Salek ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo Saharaui.

Fonte: EquipeMedia

Passará Cristopher Ross o rubicão(*) ?


O último périplo de Cristopher Ross, enviado pessoal do secretário-geral da ONU para o  Sahara Ocidental, tem sido marcada por uma série de ações do governo marroquino que mostram a falta de respeito pelos direitos humanos e a atitude provocatória que mantém o sultão em relação ao enviado da ONU.

A 23 de março, durante a estadia de Ross em El Aaiún, ocorreu uma carga policial (à paisana) contra manifestantes pacíficos que protestavam contra a presença de Marrocos, impedindo, inclusive, que as ambulâncias pudessem socorrer os feridos. Desconhece-se o número de vítimas saharauis de terrorismo policial. A imagem desse dia nessa cidade era verdadeiramente surreal: num local, Ross e o responsável pela MINURSO ouvindo e conversando com vários ativistas de direitos humanos; noutro, os policiais disfarçados batendo selvaticamente todos os saharauis que apanhavam pela frente.


No mesmo dia, na cidade de Smara, cinco saharauis refugiaram-se na sede da MINURSO pondo em estado de nervos as forças de ocupação e funcionários da ONU. Começaram por tentar convencê-los a deixar o local através dos bons ofícios de alguns anciãos saharauis colaboracionistas. Ao não obterem resultado, Adoumou Abdallah Jayda e Mayhoub, assessor pessoal e chefe de segurança Ross, respetivamente, garantiram aos cinco saharauis que se concordassem em deixar o local beneficiariam de garantias para a sua segurança pessoal, teriam uma reunião com Ross em El Aaiún e eles mesmos acompanhariam o seu caso por forma a garantir que não sofreriam retaliações, fornecendo-lhes dinheiro para apanhar um táxi para a capital e pedindo-lhes para telefonarem logo que chegassem ao destino. Chegados à sede da MINURSO em El Aaiún, as suas chamadas telefónicas não foram atendidas, conforme acordado, e acabaram por ser sequestrados por polícias à paisana que os levaram de volta a Smara, onde foram torturados durante várias horas e abandonados no deserto.

Há que recordar que, durante o verão de 2012, o Rei de Marrocos tentou que Christopher Ross fosse afastado do cargo, manobra que redundou num completo fracasso para a diplomacia marroquina dado o forte apoio que Ross recebeu de Ban Ki-moon. No entanto, esses factos comprometem seriamente a credibilidade da ONU, pois a violação da promessa feita aos cinco jovens saharauis de Smara foi dada em nome das Nações Unidas, o sequestro ocorreu diante da sede da MINURSO em El Aaiún e a tortura cocorreu com a enganosa cumplicidade dos dois altos funcionários da organização.


A impunidade e o desprezo com que agiram as forças de segurança marroquinas coloca Christopher Ross ante o seu particular Rubicão, ou tem pessoas que trabalham para o sultão no seio da sua equipa, ou o confronto do país vizinho com o enviado pessoal do SG é irreversível. O que faria que qualquer solução proposta por Ross que não atenda aos interesses de Rabat esteja condenada ao fracasso, a menos que seja imposta pelo Conselho de Segurança.

Temos de apontar dois dados altamente relevantes. O primeiro é que a MINURSO é a única missão de paz da ONU que, entre as suas funções, não tem por missão garantir os direitos humanos na região para onde foi destacada. O segundo, é que o chefe das missões de manutenção da paz da ONU, Hervé Ladsus, é francês e assumiu o seu atual cargo graças a Zapatero, que teve de ceder para a França esta vaga correspondente a um espanhol, em troca de colocar Bibiana Aido em Nova Iorque com Michelle Bachelet (Nota:  ex-secretária-geral adjunta das Nações para Agência Mulher).

A 22 de abril, Cristopher Ross apresentará o seu relatório ao Conselho de Segurança, veremos nesse dia se a aposta da ONU é apoiar a livre autodeterminação dos povos não autónomos como consagra a sua própria carta ou continuar a apoiar a sangrenta colonização do Sahara Ocidental por Marrocos.

Fonte: EspaciosEuropeos - Diego Camacho (28/3/2013)

* A frase "atravessar o Rubicão" é usada para referir-se a qualquer pessoa que tome uma decisão arriscada de maneira irrevogável, sem retorno.

Sahara : Marrocos treme face à determinação da ONU





O comunicado do chamado Grupo de Amigos do Sahara Ocidental (EUA, França, Reino Unido, Rússia, Espanha) é significativo e sem precedentes. A ONU pretende uma resolução para o conflito do Sahara Ocidental que remonta há quase 40 anos.

Os membros citados do Conselho de Segurança exigem às partes que demonstrem "flexibilidade nas negociações com a equipa do Enviado Pessoal e entre elas, na esperança de sair do impasse atual em que se encontram e encontrar soluções políticas satisfatórias". Claramente um aviso enviado para Marrocos, cuja imprensa havia tomado novamente por alvo o diplomata dos EUA.

O comunicado data de 15 de março de 2013, mas foi publicado no website da Embaixada dos EUA das Nações Unidas a 19 de março. Um atraso de quatro dias, o que deixa espaço para perguntas. Foi por causa da decisão do Rei de Marrocos de se esquivar ao Enviado da ONU? Foi por descuido? Esperavam o acordo da França ao comunicado?

Em qualquer caso, o que está claro é que o Conselho de Segurança quis recordar o seu apoio ao mediador da ONU que voltou a sofrer a ira do governo marroquino.

O homem de ferro está de volta com seu habitual sorriso. As autoridades marroquinas têm aparecido como anões face ao tamanho de um homem determinado a implementar as resoluções da ONU sobre o Sahara Ocidental, e em primeiro lugar o direito inalienável do povo de decidir ao seu destino.

Aborrecidos por uma derrota profunda, tentam através dos seus agentes localizados em jornais como o Al-Quds e Elaph fazer passar a mensagem que o diplomata americano traz uma proposta baseada numa confederação. Como prova, apresentam a sua recente visita à Suíça. Como se o Sr. Ross precisasse de ir a Genebra para ter uma ideia do que é um Estado federal à imagem da sua terra natal, os Estados Unidos. Rumor rapidamente negado pelo enviado da ONU.

Por este rumor, Marrocos reconhece implicitamente que a sua proposta de autonomia está enterrada para sempre e propõe, com uma oferta, uma solução "mais generosa ainda". Rabat está pronta a fazer qualquer coisa para ganhar o reconhecimento da soberania de Marrocos sobre o território do Sahara Ocidental. Mas a comunidade internacional está comprometida com seus princípios e com a paz na região. Razão pela qual Ross continua repetindo que o conflito do Sahara Ocidental é uma ameaça para toda a região. E isso é de facto verdade, enquanto a vontade dos saharauis não for respeitada.


A luta pelos fosfatos: 1.250 milhões de euros por ano




A luta que, desde há quase quatro décadas, Marrocos iniciou pelo controlo de Sahara espanhol tem causas muito mais tangíveis das que o ideário aluíta tende a outorgar-lhe. Uma densa rede de interesses históricos, económicos e geoestratégicos permitem a Marrocos uma ampla margem de impunidade no seu constante impulso anexionista sobre o Sahara Ocidental. O Reino de Marrocos aufere cerca de 1.250 milhões de euros por ano com os fosfatos saharauis. Ao preço atual dos fosfatos, em três décadas estamos a falar de 38.000 milhões de euros.

O que está por trás desta bomba-relógio em que se converteu o Sahara Ocidental é, como mencionámos, o controlo de seus abundantes recursos naturais por parte Marrocos. E, entre eles, um se destaca: a fosforite.

As fosforites são rochas que contêm pentóxido de fósforo, componente fundamental do ácido fosfórico. Este produto é de grande interesse para a agricultura, na produção dos fosfatos utilizados na elaboração de fertilizantes.

Assim, quando Espanha, no ano de 1947, descobriu as primeiras jazidas de fosfatos, dava o disparo de partida para uma guerra pelo seu controlo. A descoberta da mina de BuCraa (uma das mais grandes do mundo), em 1963, acabou por atrair o interesse global. O regime de Franco realizou investimentos importantes para a sua exploração. De facto, a ainda existente cinta transportadora que leva os fosfatos de BuCraa até ao porto (a maior do mundo, com 100 km de extensão) data desses anos. Atualmente, e pese as reiteradas queixas e denúncias dos saharauis, a mina é explorada por uma empresa estatal marroquina encarregada das extrações, processamento e venda.

Que rendimentos económicos obtêm Marrocos das jazidas de BuCraa?

É deveras complicado conhecer com exatidão o valor dos lucros que resultam para Marrocos a extração das fosfatinas.

Fizeram-se estudos e, segundo os cálculos menos ambiciosos, entre 1975 e 2006, terão sido extraídos de Bucraa um total de 40 milhões de toneladas.

Nos últimos anos, é muito possível que esta cifra tenha disparado já que se estima que houve um aumento muito significativo na produção, tendo atingido os quatro milhões de toneladas por ano. Hoje, Marrocos é o maior exportador de fosfatos do mundo (com uma produção anual aproximada de 30 milhões de toneladas).

E enquanto Marrocos é o principal exportador, os Estados Unidos são o principal importador.
Nos últimos dez anos, 99 por cento dos fosfatos importados pelos EUA provêm de Marrocos e do Sahara Ocidental. O esgotamento que estão a sofrer as suas jazidas de fosfatos tem levado a que os dois maiores produtores (EUA e China) venham a preferir refrear as suas exportações.

Com o aumento da produção de alimentos e também de biocombustíveis, a mudança da dieta da população mundial e a luta pelas reservas mundiais de fosfatos vão levar a que os preços conheçam aumentos consideráveis.

Segundo o estimado, as jazidas de BuCraa têm uma vida à sua frente de 30 ou 40 anos. Depois, ficarão esgotadas. Mas, ao preço atual, sabemos que os fosfatos provenientes das minas saharauis fazem aumentar os cofres do Reino alauita em cerca de 1.250 milhões de euros por ano. Uma cifra que justificaria a luta pela anexação do Sahara. Considerando apenas o preço atual dos fosfatos, em três décadas estamos a falar de 38.000 milhões de euros.

…e  outras matérias-primas

Mas não são só os fosfatos a única fonte de interesse para Marrocos, já que também a indústria pesqueira constitui um motivo de anexação.

Com o litoral mediterrânico sobreexplorado, a costa saharaui representa um objetivo estratégico para Marrocos. De facto, e segundo algumas estimativas, entre 70 por cento e 90 por cento das capturas marroquinas têm origem no Sahara. Cerca de 100 companhias estrangeiras participam neste setor atualmente.

Mas, para além dos fosfatos e da pesca, existem outras indústrias no Sahara que merecem menção. Desde há algum tempo, a região converteu-se num importante exportador de areia (utilizada na construção). De referir também as exportações de certos metais e minerais (ferro e zircónio), e, inclusive, o aproveitamento de urânio das próprias minas de fosfatos.

Fonte: síntese de um artigo publicado no eleconomista.es

quinta-feira, 28 de março de 2013

O assunto Dihani : Plano B?



Pela segunda vez, o preso político saharaui Mohamed Dihani foi levado da sua célula da prison de Salé 2 no dia 25 de março de 2013. Os seus bens foram confiscados no dia seguinte.

Dihani foi capturado por agentes da DST em abril de 2010 *a saída da sua casa em El Aaiun, capital ocupada do Sahara Ocidental. A 27 de outubro de 2011, foi condenado a 10 anos de prisão. Quando do julgamento, declarou que tinha sido vítima de tortura para obterem a sua confissão e rejeitou as acusações contra ele formuladas

O processo pre-fabricado contra este ativista saharaui procurava fazer passá-lo por um chefe de uma célula terrorista qui reivindicaria atentados contra membros da MINURSO (Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental) e contra instalações da sociedade de fosfatos.

A imprensa marroquina fala desde há dois dias de uma explosão na cinta transportadora de fosfatos na sequência de um alegado ato de sabotagem. Terão os marroquinos passado à segunda fase do seu plano que passa por acusar os saharauis de atos terroristas?

A reunião do Conselho de Segurança sobre os debates sobre o Sahara Ocidental e a renovação do mandato da MINURSO terá lugar no final de abril próximo. Regra geral, algumas semanas antes, invariavelmente, Rabat anuncia um atentado ou o desmantelamento de uma célula terrorista.

Fonte: Tribuna do Sahara

quarta-feira, 27 de março de 2013

" Encontrar soluções para a questão do Sahara Ocidental em conformidade com as decisões do Conselho de Segurança " – afirma Christopher Ross



O Enviado Pessoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental, Christopher Ross, afirmou terça-feira à noite, no final da visita aos campos de refugiados saharauis, que esta se inscreve "no quadro do seu novo périplo, que visa a procura de soluções para a questão do Sahara Ocidental em conformidade com as decisões do Conselho de Segurança ".

"A situação grave na região do Sahel apela, mais do que nunca, a uma solução urgente", afirmou Ross antes de precisar ter "tido reuniões com a direção da Frente Polisario e o seu secretário-geral, Mohamed Abdelaziz, e representantes da sociedade civil para conseguir os meios apropriados de impulsionar o processo de negociações".

"Os resultados da minha viagem que me levará a Nouakchott e depois à Argélia serão apresentados ao Conselho de Segurança no dia 22 de abril", sublinhou.

Por seu lado, o encarregado da comissão nacional saharaui para o referendo, M’hamed Kheddad, disse que a reunião entre o Presidente saharaui Mohamed Abdelaziz e o enviado da ONU focara-se nas ações que este contava empreender no quadro da sua abordagem de descolonização do Sahara Ocidental, na base do direito do povo saharaui à autodeterminação.

Os principais países do Conselho de Segurança estão convencidos da necessidade de encontrar uma resolução rápida para a questão do Sahara Ocidental", referiu citando o enviado pessoal do SG da ONU que submeterá o seu relatório ao Conselho de Segurança.

Acrescentou que Ross "está pensando em adotar um novo método de negociação através de reuniões e consultas com as partes interessadas na base de deslocações, incluindo ao Saara Ocidental na expectativa de uma nova ronda de negociações."

"O secretário-geral da Frente Polisario reiterou a Christopher Ross, a vontade da Frente em prosseguir a sua colaboração com as Nações Unidas, qualificando a inércia atual de inadmissível. Cada dia que passa descredibiliza o Conselho de Segurança e as Nações Unidas", afirmou ainda.

"É inconcebível que as Nações Unidas permaneçam silenciosas face ao que se passa no Sahara Ocidental, como sejam as violações flagrantes dos direitos humanos e o processo iníquo sancionado com pesadas penas contra os militantes saharauis do acampamento de Gdeim Izik", afirmou M. Kheddad.

O mesmo responsável indicou também que o Presidente saharaui apelou às Nações Unidas a assumirem plenamente as suas responsabilidades a este propósito encontrando mecanismos de vigilância dos Direitos do Homem.

Fonte: agência APS

terça-feira, 26 de março de 2013

“Ross não pode cumprir a sua missão enquanto a França continuar a apoiar Marrocos“





O ministro saharaui dos Negócios Estrangeiros, Mohamed Salem Uld Salek, afirmou hoje que o enviado pessoal do Secretário-Geral das Nações Unidas para o Sahara Ocidental não pode cumprir a sua missão enquanto a França, país membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, continuar a dar o seu apoio a Marrocos. "É tempo de resolver a questão saharaui para que se possa adquirir a paz, a calma e a fraternidade na região, antes que as coisas escapem a qualquer controlo", advertiu, por seu lado, Moulay Bibatt, presidente do Conselho Consultivo Saharaui.

"França, país dos direitos humanos, apoia Marrocos que ocupa ilegalmente o Sahara Ocidental", acrescentou Salek, que lamentou que, por um lado, França intervenha militarmente em vários países, entre eles o Mali, para "impor a democracia" e, por outro lado, continue a apoiar Marrocos, "um país que comete crimes atrozes contra o povo saharaui apenas por reclamar a paz e a independência".

Uld Salek instou a comunidade internacional a atuar com urgência para evitar "a deterioração da situação que pode ter consequências incalculáveis para a estabilidade da região".

“A paciência tem limites”

Por seu lado, o presidente do Conselho Consultivo Saharaui (CCS), Moulay Bibatt, declarou também hoje que "a paciência dos saharauis chegou aos seus limites, face à situação crítica em que vivem".

"A paciência dos saharauis atingiu os seus limites e as questões de violações de direitos do Homem e de usurpação da terra dos saharauis não podem mais ser toleradas", afirmou Bibatt à imprensa, na sequência de um encontro com Christopher Ross.

O presidente do CCS sublinhou que o povo saharaui "não é mais capaz de conter os impactos potenciais que podem surgir de uma situação marcada por um cúmulo de quase 40 anos de luta e sofrimento, e que se tornou insuportável, podendo mesmo representar uma ameaça para a paz e a estabilidade em todo região".

"É tempo de resolver a questão saharaui para que se possa adquirir a paz, a calma e a fraternidade na região, antes que as coisas escapem a qualquer controlo", advertiu Bibatt.

 (SPS)

M'hamed Khaddad pede a Ross que dê à comunidade internacional imagem fiel da situação dos saharauis



M'hamed Khaddad, coordenador da F. Polisario junto da MINURSO e encarregado da Comissão Nacional para o Referendo, pediu ao enviado pessoal do Secretário-Geral para o Sahara Ocidental, Christopher Ross, que dê ao Conselho de Segurança uma imagem fiel da situação do povo saharaui.

No final de uma reunião com Ross, Khaddad insistiu que o Conselho de Segurança deve ampliar as prerrogativas da Missão das Nações Unidas para o Referendo do Sahara Ocidental, MINURSO, para a proteção dos DDHH no território.

"Ross deve assumir esta responsabilidade uma vez que já esteve nos territórios ocupados quando a população saharaui foi reprimida. Quem ouve não é mesma coisa de quem vê ", afirmou Khaddad.

Fonte: SPS

Primeiro-ministro saharaui afirma que ONU deve tomar medidas mais "sérias" para a autodeterminação do povo saharaui


Abdelkader  Taleb Omar

O primeiro-ministro, Abdelkader  Taleb Omar insistiu, hoje, terça-feira, que as Nações Unidas devem tomar medidas mais "sérias" para a realização do referendo de autodeterminação do povo saharaui.

Em declarações à imprensa no final de uma reunião com o enviado pessoal do Secretário-Geral da ONU para o Sahara Ocidental, Christopher Ross, Abdelkader Taleb Omar afirmou que "o povo saharaui não pode continuar a sofrer ante as flagrantes violações dos direitos humanos e a ausência de perspetivas de uma solução".

Abdelkader Taleb Omar referiu que "Ross está determinado a prosseguir com os seus esforços e pede o apoio de todos para a aplicação das resoluções da ONU que defende a autodeterminação do povo saharaui e que continua a ser a referência de todos estes esforços".

O primeiro-ministro explicou que "Ross fará o que puder para assegurar a proteção dos direitos humanos a fim de criar um ambiente propício para alcançar este objetivo".

Na reunião estiveram igualmente presentes os ministros do Interior e da Reconstrução dos Territórios Libertados. 

Fonte: SPS

Quem é Abou Walid, o porta-voz do MUJAO?



Um saharaui que nasceu e cresceu sob a ocupação marroquina. Membro da riquíssima família dos Yumani, juntou-se às fileiras da Polisario em 1990 para combater os marroquinos. A frustração criada pela ONU, a degradação do nível de vida nos acampamentos devido à diminuição da ajuda humanitária, a falta de perspetivas empurraram-no a praticar o comércio com os habitantes da região maliana de Azawad. Aí é contagiado pelas ideias islamitas. Não podendo morrer pelo Sahara, decide morrer por Alá.

A frustração conduziu «um punhado de saharauis» a juntar-se às fileiras da organização terrorista Al-Qaida do Magrebe islâmico (Aqmi), escreveu, na passada segunda-feira, o diário espanhol «El Pais».

«Seguindo os passos de alguns jovens argelinos, um punhado de saharauis frustrados pela falta de perspetivas juntaram-se ao ramo magrebino da Al-Qaida», afirmava Ignacio Cembrebro, correspondente do jornal espanhol em Marrocos, num artigo intitulado «O conflito do Sahara Ocidental ganha uma nova urgência devido à instabilidade do Sahel».
Cembrero indica ter entrevistado três antigos reféns da AQMI, a francesa Françoise Lerribe, e um casal austríaco, Wolfgang Ebner e Andrea Kloiber, que disseram que «entre os seus carcereiros existiam saharauis, além dos seus chefes argelinos e uma tropa composta por inúmeras nacionalidades».

O ministro da Defesa saharaui, Mohamed Lamin El Bouhali declarou aos jornalistas que existem umas duas dezenas de saharauis que se encontram nas fileiras das organizações terroristas no Mali.

A maioria desses jovens juntaram-se à Frente Polisario nos anos 80 e 90. Nasceram e cresceram nos territórios ocupados do Sahara Ocidental. Viveram o quotidiano saharaui sob a ocupação de Marrocos.

Entre eles Lehbib Ould Ali Ould Saïd Ould Joumani, aliás Walid Abou Adnan Sahraoui, atual porta-voz do MUJAO. Próximo da rica família dos Joumani, neto do notável saharaui Khatri Ould Joumani, Lehbib chegou aos campos de refugiados saharauis na Argélia em 1990.

Lehbib nasceu em El Aaiun, capital do Sahara Ocidental ocupado por Marrocos. A repressão, a marginalização, a pilhagem e a política de empobrecimento seguida pelas autoridades marroquinas levam-no a deixar a família e a juntar-se às fileiras da Frente Polisario. Seu único desejo: combater pelo seu país. Alista-se no exército saharaui. Logo que acaba o seu período de instrução na Escola Militar Chahid El Ouali (conhecida pelo nome de Mouqataa), a ONU anuncia o cessar-fogo e a aplicação de um processo de paz que devia conduzir, no prazo de seis meses, à realização de um referendo de autodeterminação do povo saharaui.

Tal como todos os saharauis, a alegria de Lehbib é imensa. Na Escola 9 de Junho, perto de Rabouni (nota : local dos acampamentos mais próximo da cidade argelina de Tindouf), a Frente Polisario cria comités de «trabalhadores», «mulheres», «estudantes », etc., que serão encarregados de levar por diante a campanha eleitoral nos territórios ocupados. Os refugiados saharauis preparam os seus pertences para regressar ao país. Todos, incluindo as autoridades saharauis, estão longe de adivinhar que a ONU ia fazer marcha atrás no seu projeto e que a situação de statu quo criada por Marrocos, com a cumplicidade de certas potências, iria perdurar mais de 20 anos.

Os anos passam e nenhumas perspetivas do referendo anunciado. A alegria dá lugar à frustração e à cólera. A ONU deixa fazer o que Marrocos quer e abandona os saharauis à sua sorte. Nos campos de refugiados de Tindouf, a ajuda humanitária diminui drasticamente. Segundo os últimos relatórios, uma criança em cada seis, morre todos os anos por má-nutrição. A repressão marroquina contra os jovens da Intifada prossegue sob os olhos dos oficiais da MINURSO. Esta é acusada de estar a soldo de Marrocos. O sentimento de impotência e deceção, a Polisario refém do processo onusiano, não pode regressar às armas para libertar o país. Tudo isso se passa sob o olhar de Lehbib.

A degradação da situação económica nos campos de refufiados saharauis levam Lehbib a dedicar-se ao comércio com a população da de região de Azawad no Mali, onde ele se deixa seduzir e doutrinar pela doutrina islamita. Não podendo morrer pela Pátria, decide fazê-lo por Allah.

Fonte: http://westernsahara.fr



Combatentes do Mujao no norte do Mali (arquivo)

O que é o MUJAO
O Movimento para a Unicidade e a Jihad na África Ocidental (MUJAO) é um movimento terrorista islamita, alegadamente surgido de uma cisão da Al-Qaida do Magreb Islâmico(AQMI) em 2011, com o objetivo de estender a insurreição islamita do Magreb à África Ocidental.

O MUJAO faz parte dos grupos que durante algum tempo controlaram o norte do Mali. Em 2012, o MUJAO ocupa a cidade de Gao e faz aplicar a Sharia.
Em agosto de 2012, os islamitas proclamam a interdição de difundir todo o tipo de música profana às rádios privadas instaladas no norte do Mali.

A 2 de setembro de 2012, o MUJAO anuncia ter executado o vice-cônsul argelino TaherTouati, retido como refém há cinco meses.

No início de novembro de 2012, Bilal Hicham, figura emblemática do Mujao abandona o movimento acusando os seus membros de não terem nada de muçulmanos".
A 19 de janeiro de 2013, um chefe do MUJAO é morto pelos habitantes de Gao.
Um dos líderes do MUJAO é Omar Ould Hamaha.

O grupo adquiriu notoriedade em Espanha por ter reivindicado o sequestro de três cooperantes que desenvolviam trabalho humanitário nos acampamentos saharauis da Frente Polisario em Tindouf: os dois espanhóis Ainhoa Fernández de Rincón e Enric Gonyalons e a italiana Rossella Urru. Reféns que foram resgatados a troco de avultadas somas de dinheiro dadas pelos seus respetivos países.

A Frente Polisario e fontes argelinas ligadas aos serviços de informação há muito que acusam Marrocos de estar por detrás da criação e financiamento do MUJAO. 

Ler artigo: http://aapsocidental.blogspot.pt/2013/03/na-argelia-dizem-que-marrocos-deu.html

Fonte: Wikipedia e outros

segunda-feira, 25 de março de 2013

O conflito do Sahara ganha nova urgência com a instabilidade no Sahel




Christopher Ross, o Enviado Pessoal do Secretário-Geral da ONU para o Sahara Ocidental, efetua uma nova viagem pelo Magrebe, mas desta vez parece ter mais pressa em acertar posições. “A situação na região do Sahel e nas suas fronteiras levam a que alcançar uma solução seja mais urgente que nunca”, declarou Ross em Rabat. Aludia ao conflito do norte de Mali e ao risco de propagação do terrorismo.

Ross, iniciou o seu périplo terça-feira passada em Madrid, viajou depois para Rabat, sexta-feira esteve em El Aaiún, a capital do território que foi colónia espanhola até 1975, e neste fim-de-semana em Dakhla, a segunda cidade em importância do Sahara que nunca tinha sido visitada pelo enviado das Nações Unidas. A sua viagem está rodeada de um grande secretismo porque nem sequer a sua agenda de entrevistas foi revelada de antemão.

Depois de se reunir em Rabat com as autoridades marroquinas – não o pôde fazer com o rei Mohamed VI que está em viagem pela África Ocidental - e saharauis partidários da união com Marrocos, Ross reuniu-se em El Aaiún com as duas principais associações saharauis ilegais de defensores dos direitos humanos (ASDVH e CODESA). Tendo também reunido com a CSPRON, um grupo que propugna que a exploração de recursos do Sahara beneficie os seus habitantes.

o veterano diplomata norte-americano inicia este périplo depois de acabar de receber um forte apoio do Grupo de Amigos do Sahara Ocidental na ONU e, especialmente, dos EUA que promoveu uma declaração conjunta publicada no dia 19 de março quando iniciava a sua viagem. Nele “animam as partes implicadas a ser flexíveis nas suas relações com o enviado pessoal” de Ban Ki-moon.

A mensagem é especialmente dirigida a Rabat que, em maio passado, recusou a mediação de Ross por ser “desequilibrada” e “parcial” ainda que uma chamada telefónica, em agosto, de Ban Ki-moon para o rei Mohamed VI o tenha obrigado a retificar a sua postura. Na sua passagem por Marrocos em maio o ministro de Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel García-Margallo, apoiou de forma matizada a decisão marroquina de repudiar Ross. Dez meses depois, porém, a diplomacia espanhola juntou-se, sem hesitação, à iniciativa dos EUA, embora não a tenha divulgado no site do Ministério dos Negócios Estrangeiros ou no da Missão junto da ONU.

Se o novo secretário de Estado, John Kerry, se mostra mais determinado é, segundo fontes diplomáticas, porque teme que o prolongamento de um  conflito sahariano que dura há mais de 38 anos, acrescente instabilidade regional e prepare o terreno para os movimentos terroristas. Seguindo os passos de alguns jovens argelinos, um punhado de saharauis frustrados com a falta de perspetivas juntaram-se ao ramo magrebino da Al Qaeda.

Ao longo destes anos este correspondente entrevistou três ex-reféns da Al Qaeda, a francesa Françoise Larribe, e o casal austríaco composto por Wolfgang Ebner e Andrea Kloiber, que asseguraram que entre os seus carcereiros havia saharauis além dos seus chefes argelinos e de uma tropa composta por um sem fim de nacionalidades.
Na sua anterior viagem, em janeiro e fevereiro, Ross esteve na Alemanha e Suíça. Isso fez suspeitar que quereria inspirar-se num modelo federal ou confederal para o Sahara e Marrocos sem realizar um referendo de autodeterminação, mas ele desmentiu-o. A sua intenção parece ser mais convocar para meados deste ano uma negociação formal entre Rabat e a Frente Polisario que luta pela independência. Até agora os contactos têm sido informais.

A visita de Ross a Marrocos foi antecedida de um protesto unânime dos 14 deputados saharauis no Parlamento marroquino. Num comunicado conjunto, publicado quarta-feira, pediram a revisão do julgamento dos 24 independentistas saharauis condenados todos eles, exceto dois, por um tribunal militar a entre 20 anos e prisão perpétua pelo assassinato de onze agentes das forças de segurança durante o assalto, em 2010, ao acampamento saharaui de Gdaim Izik erigido nas redondezas de El Aaiún.

Os deputados consideram que um tribunal militar não é a instância “adequada” para julgar civis e denunciam a ausência de “provas reais” para pronunciar condenações. Essas provas consistiram em confissões efetuadas ante a Polícia Judiciária que logo foram desmentidas ante o tribunal. Os condenados asseguraram que elas lhes tinham sido arrancadas sob tortura.

domingo, 24 de março de 2013

Deputados da câmara marroquina criticam recente julgamento e condenação do presos saharauis de Gdeim Izik

Responsáveis de algumas Organizações Não Governamentais (ONG)
de Direitos Humanos marroquinas apresentaram um relatório
conjunto sobre o desmantelamento do acampamento
de protesto saharaui de Gdeim Izik. 
EFE/Arquivo

Um  grupo de 14 deputados do parlamento marroquino, todos eles de origem saharaui, criticaram em comunicado conjunto o recente julgamento militar de 25 saharauis pelos chamados “acontecimentos de Gdaim Izik”, que se saldou em condenações entre 20 anos e prisão perpétua para 23 deles.

No comunicado, os 14 deputados de todos os grupos parlamentares consideraram que o tribunal militar que condenou os 25 independentistas saharauis - um deles à revelia - não foi a instância “adequada” para julgar civis, sublinhando "a necessidade de fazer justiça num tribunal civil".

Os deputados criticaram igualmente a ausência de “provas concludentes” contra os condenados, e por isso consideram que só as confissões que fizeram ante a Policia Judiciária -que acabaram por ser negadas ante o tribunal- “não justifica em absoluto as duras sentenças” do tribunal militar.

Por outro lado, os deputados reprovaram a cobertura do processo por alguns meios da imprensa marroquina, que segundo eles “incitaram à xenofobia e ao racismo” (supostamente anti-saharaui) e carecem “de toda a imparcialidade e profissionalismo”.

Os deputados expressaram também a sua surpresa ante o apoio que manifestaram “algumas personalidades públicas a uma parte contra a outra” referindo-se à presença de três ministros marroquinos frente ao tribunal durante o processo onde se deixaram fotografar junto a familiares das vítimas marroquinas.

A deputada Gachmula Bint Abbi (antiga transfuga da Polisario), uma das subscritoras do comunicado, afirmou à agência Efe que os deputados subscritores - que representam sete partidos marroquinos de distintas tendências - não quiseram fazer comentários ou declarações durante o julgamento realizado o mês passado para “não interferir no curso da justiça”.

No entanto, ao conhecer-se as duras condenações “não podíamos ficar calados”, sublinhou a deputada, que a pesar de alinhar com as teses da marroquinidade do Sahara, expressou no passado várias críticas sobre a gestão do governo de Rabat em relação aos assuntos saharauis.

Fonte: EFE



sábado, 23 de março de 2013

El Aaiún ocupada: Lista preliminar de vítimas da violência das forças de ocupação marroquinas



A Rede Radio Maizirat, com sede na cidade ocupada de El Aaiún, disponibiliza lista preliminar das vítimas da violenta intervenção das forças de ocupação marroquinas durante as manifestações pacíficas de hoje, dispersadas com extrema violência, no memnto em que ocorre a estadia na cidade do Enviado Pessoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental, Christopher Ross.

Na lista, encontram-se cidadãos saharauis agredidos, espancados com cassetetes, pedras, objetos cortantes, paus, etc. Quatro mulheres saharauis, foram sujeitas a assédio sexual, depois de terem sido torturadas às mãos das forças de ocupação.

Sequestro do ativista saharaui Abd Lkarim Mberkat, com paradeiro desconhecido até ao momento
  • O defensor de direitos humanos Hassanna Duihi
  • O defensor de direitos humanos Sidi Mohamad Dadach
  • A ativista saharaui Mena Ba Ali
  • A ativista saharaui Sultana Jaya
  • A ativista saharaui i Dagja Lachkar
  • O ativista saharaui Bchiri Ban Talab
  • O ativista saharaui Sidi Mohamad Aluat
  • O ativista saharaui Dafa Walad Ali Walad Bachir
  • O ativista saharaui i Luali Lahsen
  • O ativista saharaui Lili Alili
  • A ativista saharaui Galia Jumani
  • O ativista saharaui Said Ljer Fia
  • O ativista saharaui Alhasan Dalil
  • O ativista saharaui Ahmad Babu
  • A ativista saharaui Mbarka Alina
  • A cidadã saharaui Aziza Lahnafi Butabaa
  • A cidadã saharaui Almaluma Almahdi Milad
  • O cidadão saharaui Mohamad Jar
  • O cidadão saharaui Salam Anumri
  • A cidadã saharaui Afraiak Hadhum
  • O cidadão saharaui Abdallahi Sbai
  • A cidadã saharaui Halab Fatimatu
  • A cidadã saharaui Salma Limam Isalmu
  • A cidadã saharaui Ahdidhum Mant Laroussi
  • A cidadã saharaui Mantu Ban Lgasam


Redação em espanhol: Colectivo Saharaui 1975
Redacción del listado de víctimas: Intifadamay.org