terça-feira, 9 de abril de 2013

ONU adverte para um possível contágio do conflito do Mali ao Sahara Ocidental


Tropas francesas no Mali, perto da cidade de Gao
As potências ocidentais temem que o deserto se converta numa plataforma para ataques internacionais, após a Frente Polisario admitir que não se podem descartar «infiltrações terroristas»

O Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, advertiu que o conflito do Mali poderia estender-se ao disputado território do Sahara Ocidental e acrescentou que a Frente Polisario alertou a ONU da possibilidade de «infiltrações terroristas». «Durante as reuniões com a Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental (MINURSO), os comandantes da Frente Polisario não descartaram a eventualidade de infiltrações terroristas», afirma Ban em comunicado.

«As possíveis infiltrações armadas, as lacunas na coordenação da segurança regional e a falta de recursos para controlos eficazes nas fronteiras estão pondo em perigo os observadores militares", diz a nota do Secretário-Geral.

As potências ocidentais temem que o deserto do Sahara se converta num Mali, uma plataforma para que os terroristas lancem ataques internacionais. Outros governos europeus descartaram a possibilidade de enviar tropas de combate, mas apoiam uma força de treinamento militar. "Todos expressaram séria preocupação para o risco de que os combates se possam estender aos países vizinhos e contribuiam para a radicalização nos acampamentos de refugiados saharauis", diz o comunicado.

O SG da ONU, Ban Ki-Moon

«Bomba de relógio»

Um dos governos citados por Ban (sem precisar qual), inclusive, qualificou a situação no Sahara Ocidental como uma «bomba de relógio», prossegue o comunicado.

Rabat tentou convencer a Polisario, que representa o povo saharaui, para que aceite que o Sahara Ocidental se converta numa parte autónoma de Marrocos em lugar de um país independente. A Polisario defende, com a proteção das resoluções da ONU, a realização de um referendo de autodeterminação entre os saharauis em que seria incluída a opção da independência mas, até ao momento, não houve acordo entre Marrocos e o movimento independentista.

Esta consulta nunca foi levada a cabo e os intentos por alcançar um acordo sempre fracassaram.

Nenhum Estado reconhece a soberania de Marrocos no Sahara Ocidental, mas o Conselho de Segurança está dividido. Alguns Estados apoiam a Polisario, mas França e Estados Unidos, com o seu direito a veto, têm oferecido de  forma continuada o seu apoio a Rabat.

Violações de direitos

A Polisario acusa Marrocos de constantes violações de Direitos Humanos no Sahara Ocidental pelo que tem instado a MINURSO a que abra uma investigação. «Tendo em conta os constantes relatórios sobre violações de Direitos Humanos, cada vez é mais urgente e necessário o estabelecimento de uma supervisão independente, imparcial, completa e sustentável da situação dos Direitos Humanos tanto no Sahara Ocidental como nos acampamentos», sublinha Ban.

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