Marrocos, potência ocupante da maior parte do Sahara Ocidental,
procura legitimar internacionalmente a sua ocupação organizando também festivais
no território. Estas atividades, não servem para dar a conhecer a cultura
saharaui mas, pelo contrário, têm como objetivo dar uma visão propagandística da
presença do ocupante no território. Desta forma, os recursos económicos do
Sahara Ocidental, em vez de serem utilizados em proveito da população autóctone
do território são utilizados para financiar artistas estrangeiros ou artistas
locais desde que não se afastem do discurso oficial da potência ocupante. Os
artistas que pretendem desenvolver livremente a sua atividade ficam privados de
financiamento com os fundos que a potência ocupante obtém do território.
O relatório apresentado ao Conselho de Direitos Humanos das
Nações Unidas pela investigadora independente Farida Shahid, denuncia estas práticas
de exclusão da cultura saharaui livre. A Relatora da ONU afirma:
“Fui informada que, no contexto da organização de inúmeros
festivais, uma parcela desproporcionada dos recursos foram gastos em convidar
músicos internacionais originários, em especial, da Mauritânia. Ao mesmo tempo,
os músicos e grupos musicais locais foram selecionados por uma comissão com
poderes para lhes pedir a alteração, por exemplo, de palavras de canções
tradicionais ou modificar apresentações que consideravam inapropriados. Soube
igualmente que alguns deles não foram expressamente autorizados a participar nos
festivais. Tais práticas, que limitam a liberdade de expressão da diversidade
cultural, que deveria ser promovida e concretizada, parecerem contrários ao
direito à liberdade de expressão e à liberdade artística "
Fonte: wshrw
Sem comentários:
Enviar um comentário