Quando Marrocos é encurralado pela comunidade internacional
para defender os direitos humanos no Sahara Ocidental, outra notícia acaba de
desabar e ela está longe de agradar ao primeiro guardião dos interesses do Makhzen, o próprio rei Mohamed VI. Seu
primo, o príncipe Moulay Hicham (*), que não usa meias-palavras quando faz a avaliação da
democracia no seu país, foi nomeado pela Human Rights Watch consultor para a
supervisão dos direitos humanos na região do MENA (Médio Oriente e Norte de
África). O que implica, necessariamente, o seu envolvimento nos relatórios
sobre a situação dos direitos humanos em Marrocos. Um recurso valioso nas mãos
da HRW para fazer valer as suas posições.
Hicham é apelidado de Príncipe Vermelho » devido à sua sensibilidade
face às tragédias humanas. Conhecido pelos seus artigos e intervenções a favor
de um Estado democrático em Marrocos, decidiu exilar-se nos EUA em 2002.
Após um encontro com Taieb Fassi Fihri, conselheiro do rei
Mohamed VI e de facto o verdadeiro líder da diplomacia marroquina, o Secretário-Geral
da ONU, Ban Ki-moon, voltou no passado dia 26 de junho a referir-se à questão
dos direitos humanos no Sahara Ocidental, salientando a necessidade de que
sejam respeitados no território e apelando a Marrocos a colaborar com o seu
enviado pessoal Christopher Ross, a quem Marrocos quis fazer sair de cena há um
ano atrás para acabar por reconsiderar na sua decisão três meses depois...
Dois dias antes, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros,
Sergeï Lavrov, apelava também ele em Moscovo ao respeito pelos direitos humanos
nos territórios ocupados do Sahara Ocidental.
Em entrevista concedida ao correspondente do diário espanhol
« El Pais”, o Príncipe Hicham responde às acusações da imprensa do Makhzen que qualifica a organização humanitária
norte-americana HRW de pro-Polisario. "O problema é que os meus compatriotas,
e não apenas os representantes do governo, pensam que qualquer acusação ou crítica
aos abusos cometidos em território marroquino, é dirigido contra eles" afirma.
"Eles têm que compreender que os direitos humanos são valores universais aplicáveis
a toda a gente e em qualquer parte do mundo ". Inclusive no Sahara Ocidental.
Fonte: Diaspora Saharaui
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(*) Moulay Hicham ben
Abdellah el-Alaoui, de 49 anos, nasceu a 12 de março de 1964 em Rabat. Membro
da família real aluita de Marrocos, é
primo direito do rei Mohamed VI.
Moulay Hicham é filho do príncipe Moulay Abdellah, irmão do
falecido rei Hassan II, e de Lamia es-Solh, filha de Riyad es-Solh, que foi o
primeiro chefe de Governo do Estado libanês. Pela lado da mãe é também primo de
Al-Walid bin Talal da família real da Arábia Saudita.
Licenciou-se na Universidade de Princeton e tirou o seu
mestrado e pós-graduação na Universidade de Stanford.
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