sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Marrocos critica relatório do Departamento de Estado por parcial e desequilibrado

O ministro da Comunicação marroquino, Mustapha Khalfi

O Governo marroquino criticou hoje por "parcial, redutor e desequilibrado" o recente relatório do Departamento de Estado dos EUA sobre os direitos humanos no Sahara Ocidental.

O ministro da Comunicação marroquino, Mustapha Khalfi, disse quinta-feira, 03 de out., na sua conferência de imprensa semanal que esse relatório contém "generalidades não documentadas", que levaram o seu governo a pedir ontem uma reunião do mecanismo de diálogo marroquino-norte-americano sobre direitos humanos em que expressa a sua inquietação e surpresa pelo texto.

Mustapha Khalfi refere-se ao último relatório apresentado ao Congresso a semana passada pelo Departamento que dirige John Kerry, no qual se referem em detalhe as múltiplas restrições impostas pelas autoridades marroquinas à atividade das associações civis saharauis, as dificuldades de visita que têm os observadores independentes à região e as limitações à liberdade de expressão.

Marrocos considera-se um aliado-chave dos Estados Unidos na região não só pela sua posição estratégica, mas pelo seu apoio inquebrantável à estratégia dos EUA contra o terrorismo jihadista, incluindo a receção de alguns ex-detidos de Guantánamo, mas a sua gestão do território do Sahara Ocidental tem provocado desencontros com Washington.

Em abril passado, Marrocos cancelou unilateralmente as manobras militares conjuntas com os EUA "African Lion", em protesto pela pretensão norte-americana de dar à missão da ONU no Sahara competências em matéria de controlo de direitos humanos, algo que não se chegou a materializar face à oposição de países como a França e Espanha.
 
Marie Harf, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA


As declarações do ministro marroquino foram proferidas um dia depois de uma porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf, voltar a referir-se a Marrocos em termos críticos, agora não em relação ao Sahara, mas com a prisão e acusação do jornalista Anuzla Ali, a quem as autoridades marroquinas acusam de defesa do terrorismo: "A decisão do governo marroquino preocupa-nos", disse Harf

A detenção e acusação de Anuzla, um jornalista conhecido pelas suas posições críticas face às instituições marroquinas e que foi detido por apresentar um vídeo da Al Qaeda para o Magreb através de link, foi também objeto de duras críticas no diário americano "The Washington Post" num editorial de quarta-feira.


EFE - Rabat, 3 out

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