O ministro da Comunicação marroquino, Mustapha Khalfi |
O Governo marroquino criticou
hoje por "parcial, redutor e desequilibrado" o recente relatório do
Departamento de Estado dos EUA sobre os direitos humanos no Sahara Ocidental.
O ministro da Comunicação
marroquino, Mustapha Khalfi, disse quinta-feira, 03 de out., na sua conferência
de imprensa semanal que esse relatório contém "generalidades não
documentadas", que levaram o seu governo a pedir ontem uma reunião do mecanismo
de diálogo marroquino-norte-americano sobre direitos humanos em que expressa a sua
inquietação e surpresa pelo texto.
Mustapha Khalfi refere-se ao
último relatório apresentado ao Congresso a semana passada pelo Departamento
que dirige John Kerry, no qual se referem em detalhe as múltiplas restrições
impostas pelas autoridades marroquinas à atividade das associações civis
saharauis, as dificuldades de visita que têm os observadores independentes à
região e as limitações à liberdade de expressão.
Marrocos considera-se um
aliado-chave dos Estados Unidos na região não só pela sua posição estratégica, mas
pelo seu apoio inquebrantável à estratégia dos EUA contra o terrorismo jihadista,
incluindo a receção de alguns ex-detidos de Guantánamo, mas a sua gestão do território
do Sahara Ocidental tem provocado desencontros com Washington.
Em abril passado, Marrocos
cancelou unilateralmente as manobras militares conjuntas com os EUA
"African Lion", em protesto pela pretensão norte-americana de dar à
missão da ONU no Sahara competências em matéria de controlo de direitos humanos,
algo que não se chegou a materializar face à oposição de países como a França e
Espanha.
As declarações do ministro
marroquino foram proferidas um dia depois de uma porta-voz do Departamento de
Estado, Marie Harf, voltar a referir-se a Marrocos em termos críticos, agora
não em relação ao Sahara, mas com a prisão e acusação do jornalista Anuzla Ali,
a quem as autoridades marroquinas acusam de defesa do terrorismo: "A
decisão do governo marroquino preocupa-nos", disse Harf
A detenção e acusação de
Anuzla, um jornalista conhecido pelas suas posições críticas face às instituições
marroquinas e que foi detido por apresentar um vídeo da Al Qaeda para o Magreb através
de link, foi também objeto de duras críticas no diário americano "The
Washington Post" num editorial de quarta-feira.
EFE - Rabat, 3 out
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