sábado, 25 de janeiro de 2014

O Rei Mohamed VI vende grande parte de Marrocos aos monarcas do Golfo

 
Mohamed VI e o Emir do Dubhai


O rei Mohamed VI de Marrocos tem necessidade da proteção das ricas monarquias do Golfo, cujos investimentos permitem ao país evitar uma implosão de consequências imprevisíveis (o derrube da monarquia, a aceleração da independência do Sahara Ocidental etc). Sem a ajuda da Arábia Saudita e do Qatar, a monarquia marroquina não poderia subsistir durante muito tempo no meio da crise profunda de um país que vive acima dos seus meios e que depende dos milhares de milhões de dólares que lhe chegam de fora – e que não tem - para vender uma imagem de abertura e modernidade ao Ocidente.

Endividado acima das suas possibilidades, Marrocos vive, com efeito, graças à ajuda financeira saudita e qatari e não poderá nunca reembolsar a enorme dívida que detém. Tudo isto põe em questão a independência, já hipotética, do país.

Uma transação financeira entre membros da família real saudita e um promotor imobiliário marroquino trouxe à luz a compra massiva de terras e bens imobiliários por parte da família real saudita no decurso dos últimos 15 anos em Marrocos. A venda de um terreno de 93 hectares nas proximidades de Agadir por parte dos herdeiros do falecido príncipe Sultan bin Abdul Aziz al Saúd (pai do atual chefe dos serviços secretos sauditas, Bandar bin Sultán) permitiu aos marroquinos compreender esta realidade.

Sultán, ex-ministro da Defesa e príncipe herdeiro, foi um grande amante das faustosas festas e das noites musicais marroquinas. Adquiriu inúmeras propriedades e bens imóveis em Marrocos a baixos preços graças aos seus estreitos laços com o rei Mohamed VI, que lhe facilitou estas operações.

Ao cabo de uma dezena de anos, Sultan dispunha de um dos maiores patrimónios imobiliários do país, incluindo palácios e residências em Casablanca, Agadir e Rachidía.

O falecido príncipe saudita Sultan bin 
Abdul Aziz al Saúd

Depois da sua morte, os seus herdeiros decidiram vender tudo. O palácio de Agadir e o de Rachidia foram adquiridos pelo emir do Qatar, que também já comprou outros numerosos bens imóveis em Marrocos. Em geral, os monarcas do Golfo (principalmente da Arábia Saudita e do Qatar) possuem numerosas propriedades em Marrocos, adquiridas graças aos seus contactos com o rei Mohamed VI, que se esforça por lhes dar seus favores a troco do seu apoio económico. A estes príncipes e monarcas não se nega absolutamente nada. A nível individual o soberano marroquino é também sócio deles em muitos projetos de investimentos e especulativas transações económicas.

Enquanto o país sofre uma crise económica, os membros das famílias reais saudita e qatari multiplicam as suas aquisições imobiliárias e obrigam os camponeses pobres a abandonar as suas terras e privam-nos das águas subterrâneas que são utilizadas para regar os relvados das suas sumptuosas residências.

Estas compras massivas, que são vistas por uma boa parte da sociedade marroquina como uma nova forma de colonização pelos governantes do Golfo, não se deterão enquanto o rei Mohamed VI tiver necessidade da proteção destas monarquias para manter a economia marroquina à tona e proteger o seu trono.


Fonte: Al Manar

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