Paris — França tem "grandíssima responsabilidade" no
conflito do Sahara Ocidental porque se nega a pressionar o seu aliado Marrocos
para o resolver, denunciou esta terça-feira o ator espanhol Javier Bardem ao apresentar
em Paris o seu documentário "Filhos das Nuvens".
"França apoia com os olhos fechados — o que vai para
além da lógica —, um país com o qual tem uma relação comercial, estratégica,
económica e social, mas que viola os direitos humanos básicos", declarou
Bardem à imprensa.
O ator, galardoado em 2007 com Óscar pelo seu papel secundário
em "Este país não é para Velhos", salientou que França "é um
país emblemático na defesa dos direitos humanos", pelo que "tem uma
grandíssima responsabilidade" na resolução desse conflito. Mas "o tema
é uma batata quente" para os franceses, reconhece o ator de 44 anos. A questão
do Sahara "é um tema incómodo", sublinha.
Junto com Bardem e Álvaro Longoria (realizador do documentário)
chegou também à capital francesa uma delegação integrada por Kerry Kennedy, ativista
dos direitos humanos e sobrinha do presidente norte-americano assassinado.
A sua intenção é defender a causa saharaui, mas segundo Bardem
vários dos encontros com deputados franceses — incluindo uma reunião com o presidente
do Senado, Jean-Pierre Bel — foram cancelados no último momento.
Segundo Omar Mansour, representante da Frente Polisario em França,
a película de Bardem é "uma contribuição importante para dar a conhecer a
situação do povo saharaui ao povo francês, sempre solidário com as causas
justas".
Por sua vez, a saharaui e militante dos direitos humanos
Aminatou Haidar — que dá o seu testemunho pessoal no documentário —, assegurou em
Paris que a França "é capaz de resolver o problema mediante uma solução pacífica
e duradoura para o povo saharaui".
Luis Torres De La Llosa(AFP)
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