Eric Goldstein, chefe da secção do Médio Oriente e Norte de
África da “Human Rights Watch” esteve em El Aaiun no dia 15 de fevereiro de
2014. Aqui está o seu testemunho :
Na semana passada, as organizações de direitos humanos
saharauis avisaram as autoridades que queriam organizar uma manifestação no dia
15 de fevereiro às 17:30 H. Muito antes da hora marcada, mais de 100 polícias
uniformizados e à paisana colocaram-se em todas as direções a partir da
interseção do ponto designado, bloqueando o caminho a qualquer pessoa que
suspeitassem que pretendesse participar. Por duas vezes tentei chegar perto,
mas agentes à paisana impediram-me "para minha própria proteção". Um
deputado britânico e a sua delegação conseguiram aproximar-se de um grupo de
manifestantes antes que a polícia os impedisse e lhes roubasse a máquina
fotográfica do seu carro, devolvendo-a só depois de terem apagado algumas fotos
que eles tinham captado, de acordo com John Hilary, membro de uma ONG que
integrava a delegação. Mais tarde, o governador acusou-os de tentarem incitar
os manifestantes à revolta.
Nesse mesmo dia, um estudante que mantém uma página no
Facebook documentando violações dos direitos humanos contou-me como, no dia 2
de fevereiro, policias à paisana o detiveram na rua, interrogaram-no sobre o
seu ativismo na web, forçando-o a revelar as sua “passwords”, tendo, de
seguida, aberto a sua página web e lido o seu e-mail num computador da
delegacia de polícia e na sua presença. Disse-me que foi libertado à
meia-noite, tendo advertido o seu pai que, da próxima vez, ele iria enfrentar
acusações criminais.
O estudante disse-nos que, quando filmava a ação da polícia
contra os manifestantes saharauis, ele e seus colegas, agachavam-se nas
varandas e telhados para evitar o confisco dos seus equipamentos. Isso explica
a razão das imagens que publicam serem, muitas vezes, desfocadas e aos saltos.
Marrocos não pode utilizar meios técnicos para censurar a
web mas, no terreno, no Sahara Ocidental, a sua polícia censura pela
intimidação e pelas cacetadas.
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