terça-feira, 4 de março de 2014

Artistas transformam o ambiente sombrio dos campos de refugiados saharauis




Não são apenas os artistas que trazem criatividade para os campos, eles também estão ensinando o povo saharaui a importância da paz, dando-lhes um vislumbre de esperança e transformando paredes arruinadas pelas enxurradas em peças de arte, escreve Agaila Abba.

Todos os anos, há grandes inundações nos campos de refugiados saharauis no sudoeste da Argélia. Estas inundações têm efeitos devastadores sobre o povo saharaui que vive nos campos de refugiados há perto de 40 anos.

Durante essas quase quatro décadas, esforços extraordinários em criar e incentivar a poesia, música, dança, educação e arte têm ocorrido nos campos.

A iniciativa de arte nos campos de refugiados não é apenas transformá-los, mas também dar esperança aos milhares de refugiados saharauis no meio das dificuldades do deserto.



ARTifariti (http://www.artifariti.org)  é uma oficina de arte anual que acontece todos os anos nos campos de refugiados trazendo artistas de todo o mundo, e uma das formas de arte que introduziu foi o graffiti.

Em 2011, o renomado artista de rua espanhol MESA viajou para os campos de refugiados e deixou as suas impressões digitais de graffiti em todas as paredes em ruínas, resultantes de uma das inundações que destruíu muitas das casas.



O que é cativante nos graffitis de MESA é os rostos que ele usa nas paredes, são rostos daqueles saharauis que vivem nos campos de refugiados, cada pedaço de graffiti conta uma história.

Tal como o trabalho de MESA, também cada pintura a óleo do artista saharaui Mohamed Sayad nos conta uma história. Mas, no caso de Sayad, é a sua própria história, como saharaui que experimentou o conflito e viveu sob a ocupação de suas terras por parte de Marrocos.



Outro detalhe que torna as pinturas de Sayad fascinantes é que cada uma abrange um aspeto do património saharaui e da sua cultura, que tende a ser esquecido e perdido, devido à complexidade do conflito entre o Sahara Ocidental e Marrocos.

O movimento de arte nos campos de refugiados, não só atraiu renomados artistas internacionais para os campos, mas também mobilizou artistas autodidatas como Sayad para diferentes tipos e estilos, permitindo que cada um pudesse encontrar sua própria expressão artística.



No ano passado, uma nova escola de arte foi inaugurada num dos campos de refugiados, a primeira do seu género. O objetivo não é apenas apoiar bem conhecidos artistas saharauis, mas também oferecer uma oportunidade de ensinar aspirantes artistas e crianças nos campos. Os programas lançados pela escola serão patrocinados por diferentes ONGs internacionais e continuarão a trazer artistas de todo o mundo.



A iniciativa arte nos campos de refugiados não está apenas a transformá-los, mas também dando esperança aos milhares de refugiados saharauis no meio das dificuldades do deserto. Como saharaui, estou orgulhosa de ver tal fenómeno tomando lugar onde eu nasci e onde minha família ainda vive.

Não são apenas os artistas que trazem criatividade para os campos, mas eles também estão ensinando o povo saharaui a importância da paz, dando-lhes um vislumbre de esperança e transformando paredes arruinadas pelas enchentes em peças de arte.

Agaila Abba é uma saharaui nascida nos campos de refugiados na Argélia. Atualmente cursa seus estudos em Ciência Política e Estudos Internacionais, focando-se particularmente em estudos religiosos Africano na Universidade de Wisconsin-Oshkosh. Ela é uma militante ativa pelo direitos do povo saharaui.


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