Não são apenas os
artistas que trazem criatividade para os campos, eles também estão ensinando o
povo saharaui a importância da paz, dando-lhes um vislumbre de esperança e
transformando paredes arruinadas pelas enxurradas em peças de arte, escreve
Agaila Abba.
Todos os anos, há grandes inundações nos campos de
refugiados saharauis no sudoeste da Argélia. Estas inundações têm efeitos
devastadores sobre o povo saharaui que vive nos campos de refugiados há perto
de 40 anos.
Durante essas quase quatro décadas, esforços extraordinários
em criar e incentivar a poesia, música, dança, educação e arte têm ocorrido nos
campos.
A iniciativa de arte nos campos de refugiados não é apenas
transformá-los, mas também dar esperança aos milhares de refugiados saharauis
no meio das dificuldades do deserto.
ARTifariti (http://www.artifariti.org) é uma oficina de arte anual que acontece todos
os anos nos campos de refugiados trazendo artistas de todo o mundo, e uma das
formas de arte que introduziu foi o graffiti.
Em 2011, o renomado artista de rua espanhol MESA viajou para
os campos de refugiados e deixou as suas impressões digitais de graffiti em
todas as paredes em ruínas, resultantes de uma das inundações que destruíu
muitas das casas.
O que é cativante nos graffitis de MESA é os rostos que ele
usa nas paredes, são rostos daqueles saharauis que vivem nos campos de
refugiados, cada pedaço de graffiti conta uma história.
Tal como o trabalho de MESA, também cada pintura a óleo do
artista saharaui Mohamed Sayad nos conta uma história. Mas, no caso de Sayad, é
a sua própria história, como saharaui que experimentou o conflito e viveu sob a
ocupação de suas terras por parte de Marrocos.
Outro detalhe que torna as pinturas de Sayad fascinantes é
que cada uma abrange um aspeto do património saharaui e da sua cultura, que
tende a ser esquecido e perdido, devido à complexidade do conflito entre o
Sahara Ocidental e Marrocos.
O movimento de arte nos campos de refugiados, não só atraiu
renomados artistas internacionais para os campos, mas também mobilizou artistas
autodidatas como Sayad para diferentes tipos e estilos, permitindo que cada um pudesse
encontrar sua própria expressão artística.
No ano passado, uma nova escola de arte foi inaugurada num
dos campos de refugiados, a primeira do seu género. O objetivo não é apenas apoiar
bem conhecidos artistas saharauis, mas também oferecer uma oportunidade de ensinar
aspirantes artistas e crianças nos campos. Os programas lançados pela escola
serão patrocinados por diferentes ONGs internacionais e continuarão a trazer
artistas de todo o mundo.
A iniciativa arte nos campos de refugiados não está apenas a
transformá-los, mas também dando esperança aos milhares de refugiados saharauis
no meio das dificuldades do deserto. Como saharaui, estou orgulhosa de ver tal
fenómeno tomando lugar onde eu nasci e onde minha família ainda vive.
Não são apenas os artistas que trazem criatividade para os
campos, mas eles também estão ensinando o povo saharaui a importância da paz,
dando-lhes um vislumbre de esperança e transformando paredes arruinadas pelas
enchentes em peças de arte.
Agaila Abba é uma
saharaui nascida nos campos de refugiados na Argélia. Atualmente cursa seus
estudos em Ciência Política e Estudos Internacionais, focando-se
particularmente em estudos religiosos Africano na Universidade de
Wisconsin-Oshkosh. Ela é uma militante ativa pelo direitos do povo saharaui.
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