A pergunta que colocam os deputados da Comissão de Negócios Estrangeiros e Cooperação é: A quem realmente serve a diplomacia espanhola liderada por ministros como García-Margallo e Moratinos ...? |
A passividade que o Ministro dos Negócios Estrangeiros e da
Cooperação, José Manuel García-Margallo, mostrou ante a expulsão de 28 espanhóis
do Sahara Ocidental, onde Espanha continua ainda de jure a ser potência administrante, embora não de facto — como
assinalou recentemente o juiz Pablo Ruz do Supremo Tribunal —, está sendo
amplamente criticada dentro da Comissão de Negócios Estrangeiros da Câmara dos
Deputados, presidida pelo Convergente Josep Antoni Duran i Lleida.
As sucessivas expulsões da antiga colónia espanhola,
ordenada pelas autoridades marroquinas, que em apenas oito dias atingiu 28
membros de várias organizações de direitos humanos e de solidariedade com o
povo saharaui (em alguns casos acompanhadas por maus-tratos verbais), sem
qualquer tipo de resposta do ministro García-Margallo, são consideradas por
muitos deputados como uma clara violação da obrigação do departamento em servir
os cidadãos espanhóis no exterior, em particular quando sofrem agressão contra
o Direito Internacional, que o Governo espanhol salvaguarda em relação a estrangeiros
no interior do seu território nacional.
Particularmente impressionante foi o caso dos quatro aragoneses
que foram intercetados pela polícia marroquina antes de chegarem por autocarro
a El Aaiún vindos de Agadir (capital da região sudoeste de Souss-Massa-Draa), a
quem nem sequer lhes foi autorizado telefonar para a Embaixada da Espanha em
Rabat, liderada pelo diplomata José de
Carvajal Salido, ligado anteriormente a Marrocos durante três anos como cônsul
em Tânger. Depois de serem forçados a voltar a Agadir, e sem recursos para sair
do país, os jovens membros da Brigada Aragão-Sahara contactaram com a embaixada
espanhola para que os ajudassem a gerenciar o seu regresso a Espanha, sendo
objeto de uma falta de atenção por parte da representação diplomática
qualificada no seu relato como "decepcionante" e de verdadeira
vergonha.
"Quando lhes dissemos que a nossa intenção tinha sido entrar
em El Aaiún, no Sahara Ocidental ocupado, eles pretenderam ignorar-nos. Explicaram-nos
que tínhamos sido expulsos de uma área considerada sensível pelas autoridades
marroquinas, algo que já deveríamos saber antes de ir. Insistiram que não
poderiam fazer nada e deixaram-nos à nossa sorte", disseram os jovens
aragoneses em declarações a vários meios de comunicação.
Considerando a continuidade com que ocorrem estes
incidentes, vários membros da Comissão de Negócios Estrangeiros do Congresso preveem
a apresentação de uma iniciativa parlamentar para pedir explicações ao ministro
García-Margallo, a quem criticam a falta de apoio diplomático aos cidadãos nacionais
expulsos de Marrocos e a sua atitude de serviço às autoridades marroquinas em
vez de prestar apoio aos cidadãos espanhóis com problemas no exterior. A este
respeito referem que o atual ministro segue a linha do ex-ministro socialista dos
Negócios Estrangeiros, Miguel Angel Moratinos, galardoado no passado dia 25 de
março, em Rabat pela Fundação Diplomática Marroquina como "grande amigo de
Marrocos, distinção atribuída a personalidades que ajudaram a melhorar a imagem
do referido país no mundo.
A pergunta que colocam os deputados da Comissão de Negócios
Estrangeiros e Cooperação é esta: A quem realmente serve a diplomacia espanhola
liderada por ministros como García-Margallo e Moratinos ...?
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