Os grupos
parlamentares do Congresso dos Deputados alcançaram esta quarta-feira um acordo
através do qual, pela primeira vez na legislatura, adotam uma posição comum em
relação ao conflito do Sahara Ocidental.
A partir de
uma proposta de resolução apresentada pela Esquerda Plural (IU-ICV-CHA),
posteriormente alterada e negociada com o PP e o PSOE, os grupos manifestam
apoio a um texto em que se solicita ao Governo a "promover acordos"
com Marrocos para "facilitar o trabalho das delegações parlamentares e
ONGs "que viajam ao Sahara, a fim de terem uma "visão real "dos
cidadãos que vivem neste território.
Em várias
ocasiões, as autoridades marroquinas impediram a entrada no Sahara Ocidental a
deputados espanhóis que queriam ver in
loco as condições em que vivem os cidadãos do território.
O texto, a que
a Europa Press teve acesso, também solicita ao Executivo "para procurar uma
solução equilibrada e adequada aos casos pendentes de pedido de nacionalidade
espanhola por cidadãos saharauis".
Este ponto é
uma emenda do PSOE, que denuncia a existência de "mais de 400"
pedidos de cidadãos saharauis para obter nacionalidade espanhola que estão atualmente
bloqueados no Ministério da Justiça.
Também se pede
a "encorajar as partes" (Marrocos e a Frente Polisário) a que "prossigam
os seus esforços para melhorar a promoção e proteção dos direitos humanos no
Sahara Ocidental e nos campos de refugiados de Tindouf", com o objetivo de
alcançar "o monitoramento contínuo, independente e imparcial da situação
dos direitos humanos".
Além de
exigir que apoie o trabalho da MINURSO — Missão da ONU [para o Referendo] no Sahara
Ocidental — e o enviado pessoal do Secretário-Geral da ONU para o Sahara
Ocidental, a resolução insta o Governo a "promover no âmbito das relações
bilaterais e no seio dos organismos internacionais as propostas de consenso,
incluindo as relativas à supervisão e proteção dos direitos humanos. "
O debate
sobre a possibilidade de dotar a MINURSO da competência de supervisionar o
respeito dos direitos humanos na zona é um debate recorrente todos os anos na ONU,
quando se trata de renovar o mandato da Missão.
França, com
poder de veto no Conselho de Segurança, tem-se oposto à medida, que chegou a
ser apoiada pelos EUA no ano passado, irritando enormemente Marrocos. A
Espanha, que não está no Conselho de Segurança, faz parte do Grupo de Amigos
para o Sahara, que redige a primeira versão da resolução, que o Conselho de Segurança vota
posteriormente. Em anos anteriores, Espanha mostrou-se favorável a que a
MINURSO pudesse zelar pelos direitos humanos.
O texto da resolução
consensualizado pede também ao Governo que intensifique a colaboração com a
Frente Polisario em relação à ajuda humanitária e cooperação técnica,
nomeadamente através das ONG de Desenvolvimento espanholas nos acampamentos de
refugiados saharauis " utilizando para esta finalidade todos os
instrumentos disponíveis da cooperação pública, tanto da AECID como as das Comunidades
Autónomas e das autarquias locais, melhorando a coordenação entre todos. "
O texto
também pede ao governo para "defender a necessidade de uma solução justa,
duradoura e mutuamente aceitável, que preveja a livre determinação do povo do
Sahara Ocidental, no contexto das disposições e propósitos da Carta das Nações
Unidas."
Madrid, 28 maio
(EUROPA PRESS)
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