O primeiro-ministro marroquino, Abdelilá Benkiran, acusa o
jornalista de enaltecimento do terrorismo
Ignacio Cembrero, veterano jornalista que durante mais de três
décadas esteve ligado profissionalmente ao El País, deixa o diário. Fá-lo,
"porque, para dizer de uma forma eufemística, não me senti apoiado pela direção
cessante do periódico desde que, em setembro, o Governo de Marrocos anunciou
que me punha um processo por enaltecimento do terrorismo", conta o
repórter e correspondente aos seus companheiros em carta de despedida a que
teve acesso Ecoteuve.es.
A denúncia apresentada pelo primeiro-ministro marroquino,
Abdelilá Benkiran, contra Cembrero, ex-correspondente diplomático e ex-correspondente
na zona do Magrebe, chegou no passado mês de janeiro à Audiência Nacional espanhola.
Recentemente, a direção cessante do jornal — Javier Moreno
deixa o cargo no sábado, passando o bastão a Antonio Cano — substituiu Cembrero
como correspondente e mudou-o para o suplemento de Domingo, tendo dado o seu lugar
a Javier Casqueiro até então redator-chefe de secção Nacional.
Cembrero reclamava permanecer no cargo até que o processo
fosse resolvido, e aí reside parte da sua argumentação para explicar a sua saída
do jornal.
Na sua carta à redação, Cembrero também acusa os responsáveis
do diário por "omissão sistêmica" de temas da atualidade em Marrocos
"coberto pela imprensa internacional."
De todos as redações que visitei nos últimos anos não
conheço nenhuma, incluindo as do Magrebe, com móveis tão corroídos, tapetes tão
puídos e iluminação tão deficiente como a Miguel Yuste" (rua em Madrid onde
se situa o País) refere Cembrero, para, em seguida, enaltecer a qualidade da redação
"com tantas boas pessoas por metro quadrado."
Remata a sua carta assim: "à nova direção e, sobretudo,
a todos vós, verdadeiros artífices do periódico, desejo-lhes o melhor na fase que
começa em maio".
Fonte: Ecoteuve.es
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