sábado, 3 de maio de 2014

O ex-correspondente do 'El País' no Magrebe, Ignacio Cembrero, abandona o diário por sentir-se 'abandonado' após uma denúncia de Marrocos






O primeiro-ministro marroquino, Abdelilá Benkiran, acusa o jornalista de enaltecimento do terrorismo

Ignacio Cembrero, veterano jornalista que durante mais de três décadas esteve ligado profissionalmente ao El País, deixa o diário. Fá-lo, "porque, para dizer de uma forma eufemística, não me senti apoiado pela direção cessante do periódico desde que, em setembro, o Governo de Marrocos anunciou que me punha um processo por enaltecimento do terrorismo", conta o repórter e correspondente aos seus companheiros em carta de despedida a que teve acesso Ecoteuve.es.

A denúncia apresentada pelo primeiro-ministro marroquino, Abdelilá Benkiran, contra Cembrero, ex-correspondente diplomático e ex-correspondente na zona do Magrebe, chegou no passado mês de janeiro à Audiência Nacional espanhola.

Recentemente, a direção cessante do jornal — Javier Moreno deixa o cargo no sábado, passando o bastão a Antonio Cano — substituiu Cembrero como correspondente e mudou-o para o suplemento de Domingo, tendo dado o seu lugar a Javier Casqueiro até então redator-chefe de secção Nacional.

Cembrero reclamava permanecer no cargo até que o processo fosse resolvido, e aí reside parte da sua argumentação para explicar a sua saída do jornal.

Na sua carta à redação, Cembrero também acusa os responsáveis do diário por "omissão sistêmica" de temas da atualidade em Marrocos "coberto pela imprensa internacional."

De todos as redações que visitei nos últimos anos não conheço nenhuma, incluindo as do Magrebe, com móveis tão corroídos, tapetes tão puídos e iluminação tão deficiente como a Miguel Yuste" (rua em Madrid onde se situa o País) refere Cembrero, para, em seguida, enaltecer a qualidade da redação "com tantas boas pessoas por metro quadrado."

Remata a sua carta assim: "à nova direção e, sobretudo, a todos vós, verdadeiros artífices do periódico, desejo-lhes o melhor na fase que começa em maio".


Fonte: Ecoteuve.es  

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