quinta-feira, 24 de julho de 2014

Vis manobras de Marrocos para travar a missão de Christopher Ross




Marrocos já não oculta o seu desejo de acabar, ou pelo menos travar, a missão do Representante Pessoal do Secretário-Geral da ONU, o diplomata americano Christopher Ross. Para isso, e como já vem sendo habitual, convoca os órgãos da imprensa marroquina que repetem em uníssono - o que mostra que a campanha é teleguiada a partir do Palácio Real – que uma " provável renúncia de Christopher Ross se confirma cada vez mais, dadas as escassas aparições do mediador da ONU, que deixou de fazer os seus périplos pelo Magrebe assim como pelas capitais envolvidas na resolução do conflito do Sahara Ocidental".

Estes meios, que citam fontes "bem informadas", afirmam que "o enviado pessoal do Secretário-Geral da ONU teria preferido atirar a toalha (...) devido às condições impostas por Rabat que exige a definição prévia da natureza da sua mediação".

Para a imprensa submetida às ordens do majzhen, "Christopher Ross confrontou-se ante a incapacidade de reatar o ciclo de reuniões infrutuosas entre Marrocos e a Frente Polisario”. A realidade é que as autoridades marroquinas levam atualmente a cabo, através de inúmeras publicações duvidosas, uma campanha de desinformação para alimentar falsos rumores sobre essa ‘renúncia provável’ do enviado pessoal para o Sahara Ocidental, o embaixador Christopher Ross , dando a entender que este teria decidido demitir-se. "Isso é totalmente falso", afirma-se nas Nações Unidas.

A próxima visita à região do emissário do SG da ONU, para a qual recebeu o acordo de princípio dos marroquinos, continua à espera e as autoridades marroquinas utilizam todos os subterfúgios - a ausência do rei, o Ramadão, etc. – para não responder à solicitação do Enviado Pessoal do Secretário-Geral da ONU, enquanto a Polisario e os países vizinhos, entre eles Argélia, já deram luz verde à iniciativa, informa fonte bem informada.

O objetivo desta campanha de desinformação é o de camuflar o facto de os marroquinos recusarem obstinadamente autorizar o enviado da ONU a visitar os territórios saharauis ocupados, porque sabem que esta visita será decisiva: terá lugar no marco da preparação de um relatório crucial que será elaborado por Christopher Ross e apresentado em outubro próximo ao Conselho de Segurança.

Mohamed VI estará em Washington na Cimeira EUA-África na tentativa desesperada de quebrar o seu isolamento...

É sobre esta base que o Conselho de Segurança procederá à avaliação das negociações que se encontram bloqueadas e proporá uma nova abordagem e um novo mandato para encontrar uma solução definitiva para este conflito. Solução que deverá inevitavelmente levar, tanto no conteúdo como na forma, à autodeterminação que deverá aplicar-se. Esse périplo acabará com todas as esperanças colocadas na tese da autonomia, o que explica a perturbação de Rabat ao ponto de a levar a ataques inventivos e indignos contra a Argélia.

Para isso, e após a infeliz declaração do chefe da diplomacia marroquina contra a Argélia – quando, na realidade, o ministro não gere o caso do Sahara Ocidental, uma vez que este está nas mãos exclusivas do Palácio Real - , Marrocos não pára de fazer uso da sua imprensa para desinformar e preparar o caminho a uma campanha insidiosa contra Ross, que será amplificada por Mohamed VI e pela sua comitiva na viagem a Washington para participar na Cimeira dos Estados Unidos e África, onde Marrocos - que deixou a organização pan-africana com rabo entre as  pernas -, foi convidado pela pressão de lobbies que paga com  milhões de dólares.

Mokhtar Bendib

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