O jovem pastor saharaui Abdellahi Eljarshi, de 31 anos, faleceu
esta segunda-feira vítima da explosão de uma mina antipessoal, na zona conhecida
como El Madelshiat, a 50 km a Leste da cidade costeira de Bojador, a noroeste do
Sahara Ocidental e a 180 km de El Aaiún, capital ocupada.
Eljarshi, solteiro e com toda a vida à sua frente, foi
surpreendido pelo rebentamento de uma mina quando pastorava o seu rebanho longe
da cidade. O seu corpo ficou estendido no deserto até ser encontrado já sem
vida.
Embora ainda não se saiba em pormenor as circunstâncias do acidente,
é do conhecimento geral que a zona onde se produziu a explosão se encontra a
escassos metros do primeiro dos seis troços do Muro Marroquino no Sahara Ocidental,
que fecha a sul do Cabo Bojador parte do que hoje constitui o segundo muro mais
extenso do mundo, após a Muralha da China, com 2 720 km comprimento.
Trata-se de uma zona onde os acidentes são frequentes, pois
para além da pesca, a criação de gado é a principal fonte de rendimentos da
sociedade saharaui em Bojador. Os pastores nómadas, que saem sozinhos com o seu
rebanho, pisam estas minas assassinas e têm muito poucas opções de sobreviver no
deserto, onde normalmente morrem em consequência de hemorragias tremendas causadas
por amputações ocasionadas pelas minas nas extremidades inferiores.
"Torna-se muito complicado obter informação sobre estes
acontecimentos, porque no território ocupado oculta-se tudo quanto se refere à denúncia
da existência deste muro, rodeado por milhões de minas terrestres, munições de
fragmentação e outros explosivos de guerra abandonados depois da guerra, que terminou
em 1991", informa a organização Dales Voz a las Víctimas.
(SPS)
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