terça-feira, 26 de agosto de 2014

Marrocos apelida-o de «milícias» para ocultar ao povo marroquino a realidade do exército saharaui

Mísseis terra-ar SAM-6 utilizados pela primeira vez na batalha de Guelta Zemour, a 13 de outubro de 1981

No início, o que era o exército de libertação saharaui mais fazia recordar o exército de Pancho Villa, só que este estava melhor armado. O armamento  sequestrado pelos soldados espanhóis de origem saharaui iriam ser as primeiras armas a sério com que lutaram os combatentes saharauis.

Quando Espanha se retirou e os exércitos marroquino e mauritano começaram a penetrar no território, milhares de homens saharauis fugiram para os territórios libertados pedindo armas para lutar contra os invasores.

A rapidez dos acontecimentos e o chegada maciça da população que fugia às hordas invasoras obrigou a Frente Polisario a proceder a unidades militares “express” para responder às exigências imediatas: ajudar e proteger a população civil e conter o avanço dos exércitos invasores.

O quartel espanhol das Tropas Nómadas de Mahbes [povoação saharaui situada junto à fronteira argelina e próxima dos campos de refugiados de Tindouf] estava saturado em novembro e dezembro de 1975. Daí partiram os primeiros contingentes saharauis em direção à aldeia argelina de Jnien Bou Rzeg, não longe de Bechar e Figuig. Num antigo quartel do exército colonial francês receberam instrução militar básica as primeiras unidades que iam combater os novos ocupantes, Marrocos e Mauritânia.



Daí partiram, em novembro e dezembro de 1975, as primeiras unidades, em grupos de 500 homens, que se denominavam “batalhãos”, armados com espingardas automáticas AK-40, pequenos morteiros de 60, 81 e 120 mm, e lança-granadas anti-carro do tipo RPG-2 e RPG-7.

A vitória registada a 14 de fevereiro de 1976 na batalha de Amgala levantou a moral dos combatentes saharauis e foi o prelúdio de uma grande epopeia militar.

As vitórias sucessivas dos valorosos guerrilheiros saharauis levaram o líder líbio Moamar Gadhafi a dar armas cada vez mais sofisticadas. Foi assim que chegaram as metralhadoras de 14,5 e 23 mm montadas, primeiro, em camiões, e depois em veículos ligeiros Toyota Land Cruiser. Os canhões sem recuo de 75 mm, a bateria de mísseis que os nazis apelidaram de Órgãos de Staline e que os russos chamam de Katiusha e que podem chegar a disparar 40 salvas de cada vez; os veículos blindados de transporte de infantaria BMP, os tanques T-55, T-60 e, inclusive, os hiper sofisticados tanques T-62 guiados por laser.

Gadhafi foi sempre o primeiro a entregar as novas armas e suas munições. Depois de se assegurarem do bom uso destas armas por parte dos saharauis, os dirigentes argelinos acabavam também por fornecê-las.

Durante 16 anos, o Sahara Ocidental foi cenário de batalhas históricas como Guelta Zemmur, Mahbes, Smara, Tan-Tan, Echedería, Hausa, Zak, Leboirate, Bojador e dezenas de outras epopeias militares do exército de Libertação Popular Saharaui (ELPS).

O vídeo em anexo dará uma ideia do armamento com que lutava o exército saharaui, que se converteu, com o passar do tempo, num verdadeiro exército regular, disciplinado e bem formado. Os marroquinos apelidam-no de “milícias” para ocultar a realidade ao povo marroquino aquilo que é um verdadeiro país edificado em pleno exílio e em pleno campo de batalha.


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