Mísseis terra-ar SAM-6 utilizados pela primeira vez na batalha de Guelta Zemour, a 13 de outubro de 1981 |
No início, o que era o
exército de libertação saharaui mais fazia recordar o exército de Pancho Villa,
só que este estava melhor armado. O armamento sequestrado pelos soldados espanhóis de origem
saharaui iriam ser as primeiras armas a sério com que lutaram os combatentes
saharauis.
Quando Espanha se
retirou e os exércitos marroquino e mauritano começaram a penetrar no
território, milhares de homens saharauis fugiram para os territórios libertados
pedindo armas para lutar contra os invasores.
A rapidez dos
acontecimentos e o chegada maciça da população que fugia às hordas invasoras
obrigou a Frente Polisario a proceder a unidades militares “express” para
responder às exigências imediatas: ajudar e proteger a população civil e conter
o avanço dos exércitos invasores.
O quartel espanhol das
Tropas Nómadas de Mahbes [povoação saharaui situada junto à fronteira argelina
e próxima dos campos de refugiados de Tindouf] estava saturado em novembro e
dezembro de 1975. Daí partiram os primeiros contingentes saharauis em direção à
aldeia argelina de Jnien Bou Rzeg, não longe de Bechar e Figuig. Num antigo
quartel do exército colonial francês receberam instrução militar básica as
primeiras unidades que iam combater os novos ocupantes, Marrocos e Mauritânia.
Daí partiram, em novembro e dezembro de 1975, as primeiras unidades, em grupos de 500 homens, que se denominavam “batalhãos”, armados com espingardas automáticas AK-40, pequenos morteiros de 60, 81 e 120 mm, e lança-granadas anti-carro do tipo RPG-2 e RPG-7.
A vitória registada a
14 de fevereiro de 1976 na batalha de Amgala levantou a moral dos combatentes
saharauis e foi o prelúdio de uma grande epopeia militar.
As vitórias sucessivas
dos valorosos guerrilheiros saharauis levaram o líder líbio Moamar Gadhafi a
dar armas cada vez mais sofisticadas. Foi assim que chegaram as metralhadoras
de 14,5 e 23 mm montadas, primeiro, em camiões, e depois em veículos ligeiros Toyota Land Cruiser. Os
canhões sem recuo de 75 mm, a bateria de mísseis que os nazis apelidaram de Órgãos de Staline e que os russos chamam de Katiusha e que podem chegar
a disparar 40 salvas de cada vez; os veículos blindados de transporte de
infantaria BMP, os tanques T-55, T-60 e, inclusive, os hiper sofisticados tanques T-62 guiados por laser.
Gadhafi foi sempre o
primeiro a entregar as novas armas e suas munições. Depois de se assegurarem do
bom uso destas armas por parte dos saharauis, os dirigentes argelinos acabavam
também por fornecê-las.
Durante 16 anos, o
Sahara Ocidental foi cenário de batalhas históricas como Guelta Zemmur, Mahbes,
Smara, Tan-Tan, Echedería, Hausa, Zak, Leboirate, Bojador e dezenas de outras
epopeias militares do exército de Libertação Popular Saharaui (ELPS).
O vídeo em anexo dará
uma ideia do armamento com que lutava o exército saharaui, que se converteu,
com o passar do tempo, num verdadeiro exército regular, disciplinado e bem
formado. Os marroquinos apelidam-no de “milícias” para ocultar a realidade ao
povo marroquino aquilo que é um verdadeiro país edificado em pleno exílio e em
pleno campo de batalha.
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