No dia 3 de outubro
fez a sua aparição no twitter uma conta em nome de um tal "Chris Coleman" que começou
a publicar documentos sumamente importantes sobre vários aspetos do regime da
dinastia alauita, o "makhzen". Estes documentos referem-se a
numerosas questões: as atividades e financiamento do lobby pro-marroquino nos
EUA e em França; dados sobre o "jornalista" que atua como elo de
ligação com estes lobbys; a criação pelo makhzen de meios de informação africanos
teledirigidos pelo makhzen; as relações secretas, mas estreitas, do serviço de
inteligência do makhzen com o Mossad; as práticas de tráfico de influências do
atual ministro dos Negócios Estrangeiros; ou os problemas familiares da
vice-ministra marroquina dos Exteriores. E outras coisas mais... @Desdelatlantico.
I.
DOCUMENTOS SOBRE O LOBBY PRO-MARROQUINO NOS EUA
Os
documentos revelados por “Chris Coleman” põem em questão os jornalistas Richard
Miniter e Joseph Braude que, nas suas "análises", tratam de
transmitir à opinião pública norte-americana que a Frente Polisario tinha
ligações com o "terrorismo jihadista". Segundo "Chris
Coleman", ambos
"analistas" foram recrutados por Ahmed Charai para trabalhar com a DGED,
o serviço secreto exterior do makhzen. Do mesmo modo, "Chris
Coleman" põe em questão a publicação "The National Interest"
editada pelo "Center for the National Interest". Na sua conta também
figuram fotografias do senador John McCain.
- Richard
Miniter, é um jornalista que trata questões sobre o norte de África caluniando o
povo saharaui e a Argélia e louvando sempre o makhzen (fê-lo,
por exemplo, no New York Times). Na documentação agora revelada, constata-se
que Miniter recebeu milhares de dólares em efetivo (60
000 dólares, segundo um documento) assim como convites
para viagens de luxo a Marrocos.
- Joseph
Braude, por seu lado, também publicou
artigos caluniosos contra o povo saharaui e também recebeu dinheiro do elo
de "ligação" dos serviços secretos do makhzen. E não só isso. Segundo
os documentos revelados por "Chris Coleman", também elaborou para o serviço
marroquino relatórios
sobre os jornalistas norte-americanos favoráveis à causa saharaui e o modo
de os neutralizar.
- Quanto ao
"The National Interest" é um meio que publica artigos do sempre
presente Ahmed Charai e de Joseph Braude... e para quem, segundo um documento
revelado por "Chris Coleman", Charai
transferiu 25 000 dólares.
-
Finalmente, na conta de "Chris Coleman" aparecem diversas fotografias
em que aparece o senador John McCain junto ao inevitável Ahmed Charai. Os
leitores deste blog sabem que, já
em 2008, denunciei que McCain era o candidato do makhzen para a Presidência dos
EUA.
Ahmed Charai, o pseudo-jornalista, "recrutador" e "enlace" dos indivíduos que trabalham para o lobby pro-marroquino. Aqui com o Senador John McCain. |
II.
DOCUMENTOS SOBRE O LOBBY PRO-MARROQUINO EM FRANÇA
A documentação
revelada por "Chris Coleman" revela também a conexão entre o makhzen e
o professor Henri Louis Védie e o jornalista Vincent Hervouet.
- Henri
Louis Védie, é um professor de Economia, muito relacionado com uma cínica organização
chamada "Association de Promotion des Libertés Fondamentales" criada
pouco antes do iníquo processo contra os dirigentes do acampamento de protesto
de "Akdeim Izik" com o objetivo de redigir um assombroso
relatório segundo o qual aquele teria sido um processo "justo". Uma
publicação francesa já anteriormente havia publicado que esta associação era financiada
pelo makhzen.
As revelações
de "Chris Coleman" revelam-nos que os serviços
do makhzen contaram com Védie para escrever um livro sobre a economia marroquina
(escusado será dizer que amplamente laudatório do regime) a troco, claro, de
dinheiro.
- Vincent
Hervouet, por seu lado, é um redator da cadeia de televisão francesa
"LC1" ("O Canal 1"). De acordo com estes documentos, este jornalista
informava o "jornalista" marroquino Ahmed Charai das iniciativas que levava
a cabo para que na sua cadeia televisiva se transmitissem pseudo-informações
que atacavam a Argélia (dando publicidade a um fantasma movimento de libertação
da Cabília claramente inspirado pelo serviço secreto marroquino) ou difundindo calunias
que vinculam a Frente Polisario ao "terrorismo" e tudo isso a
troco de "favores" para passar as férias em Marrocos.
III.
DOCUMENTOS SOBRE O "ELO DE LIGAÇÃO" DO MAKHZEN COM O LOBBY
PRO-MARROQUINO
Segundo
afirma "Chris Coleman", o "recrutador" e "enlace"
destes indivíduos que trabalham para o lobby pro-marroquino é Ahmed Charai.
Charai não
deveria ser um desconhecido para a opinião pública espanhola. Com efeito, a
revista "Época" (como informa “El
Semanal Digital", na sua edição de 11 de setembro de 2008) publicou:
O nome de Ahmed Charai pode ser que lhes não
recorde nada. Mas revela que é o diretor do portal L'Observateur.ma que, na
semana passada, apontou o ex-presidente José María Aznar como o pai do filho da
ministra da Justiça francesa, Rachida Dati. As coisas vão-se aclarando...
A mesma publicação informa-nos – que casualidade…!!! – que entre os colaboradores daquele meio que
caluniou José María Aznar López se encontra... Vincent Hervouet! O mesmo anteriormente
citado...
Neste blog, em
tempos, publiquei um artigo intitulado "Escándalo
Rachida Dati ¿Ha sido la amiga de Sarkozy cómplice de una maniobra secreta
marroquí contra Aznar?" que, à luz dos documentos revelados por
"Chris Coleman" adquire nova luz.
Pois bem,
"Chris Coleman" desvenda vários documentos que provam que Charai
foi detido a 14 de setembro de 2011 pelas autoridades de imigração norte-americanas
no aeroporto internacional de Dulles, procedente de Paris. Motivo? Que na
sua declaração de fronteira disse que não levava mais do de 10 000 dólares em efetivo...
disse que levava 4 000. Mas, na realidade, levava cinco vezes mais. e,
curiosamente, em "envelopes". Concretamente, segundo a sentença judicial
que o condenou, tinha consigo
15 000 dólares em três envelopes (de 15 000, 3 000 e 2 000 dólares). Segundo
"Chris Coleman", esse dinheiro era para pagar os lobbystas
pro-marroquinos.
O mais
interessante vem depois. Com efeito, depois de ter confessado ante o juiz a sua
culpabilidade, prosseguiu as suas atividades de lobby nos Estados Unidos avalizadas
por John J. Hamre, presidente do CSIS (Centre for Strategic and International
Studies), segundo
um documento que "Chris Coleman" revela.
Escusado
será dizer que esta entidade, o CSIS
(de que é membro proeminente Henry Kissinger, o principal artífice da entrega
do Sahara Espanhol a Marrocos) oferece cobertura a indivíduos e publica
"análises" que sistematicamente denigrem o povo saharaui.
IV. ALGUNS
DOCUMENTOS QUE JÁ DESAPARECERAM...
A conta de
"Chris Coleman" revelou também outros documentos que, no entanto,
desapareceram há poucos dias.
Entre esses
documentos, que já não estão na rede, apareciam:
- Pagamento
de 15 000 dólares por Ahmed Charai ao "The Washington Times", realizado
a 15 de julho de 2008.
- Pagamento
de 25 000 dólares por Ahmed Charai ao "Foreign Policy Research Institute",
realizado a 16 de setembro de 2008
- Pagamento
de 10 000 dólares por Ahmed Charai ao "Search for Common Ground", realizado
a 29 de setembro de 2011
- Pagamento
de 49500 libras esterlinas por Ahmed Charai ao "The Financial Times",
realizado a 27 de outubro de 2011
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