sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Fórum Mundial dos Direitos Humanos em Marraquexe: as razões do boicote da AMDH



Ahmed El Haij, professor de liceu, o ex-militante comunista passou seis anos nas prisões de Hassan II


HuffPost Maroc | Por Bilal Mousjid


A Associação Marroquina dos Direitos Humanos (AMDH) decidiu não tomar parte no Fórum Mundial dos Direitos do Homem, co-organizado pelo Conselho Nacional dos Direitos do Homem (CNDH) de Driss Yazami [organização designada pelo Rei de Marrocos]. O presidente da AMDH, Ahmed El Haij, explica as razões deste boicote.

HuffPost Maroc: Por que razão decidiram boicotar o Fórum Mundial dos Direitos Humanos?

Ahmed El Haij: São incontáveis as posições hostis para com a AMDH, especialmente por parte do governo. Hostilidade que foi ainda exacerbada nos últimos meses.

Em julho passado, o ministro do Interior, Mohamed Hassad, acusou a nossa associação de trabalhar em função de uma agenda externa e de servir outros interesses que não os dos direitos humanos.

Ultimamente, os nossos eventos e ações são rotineiramente proibidos. Participar do fórum implicaria, portanto, caucionar estas proibições.

Porém, o presidente do Conseil national des droits de l'homme (CNDH), Driss el-Yazami, afirma ao HuffPost Maroc ter levado em conta as vossas propostas. Uma maneira de dizer que o vosso boicote é infundado …

É falso. A maioria das propostas que apresentámos ao CNDH não passou de letra morta. Prometeram-nos muitas vezes uma resposta, mas o que é facto é que nunca a recebemos…

O nosso último encontro com o CNDH e a delegação interministerial dos direitos humanos remonta ao mês de outubro. E ela limitou-se a uma simples troca de posições sem atos concretos.

O Fórum dos Direitos Humanos reúne, em todo o caso, 5.000 participantes de 94 países a quem vocês poderiam expor as vossas queixas. Parece-vos que a política de cadeira vazia é a melhor solução para serem ouvidos?


A cadeira vazia nunca foi a política da AMDH, que sempre privilegiou o intercâmbio e o debate. Mas basta, é demais. As provocações de que tem sido alvo a associação desde há alguns meses não nos deixam outra opção.

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