sábado, 29 de agosto de 2015

Human Rights Watch fala sobre a situação dos direitos humanos no Sahara Ocidental ocupado




“Marrocos proíbe no Sahara Ocidental reuniões públicas, recusa o reconhecimento legal de associações”

No Sahara Ocidental, as autoridades proibiram todas as reuniões públicas consideradas hostis ao statuo quo vigente de Marrocos sobre esse território, deslocando uma grande quantidade de polícias que bloquearam o acesso aos lugares das manifestações e, muitas vezes pela força, dispersaram os saharauis que pretendiam reunir-se.

No Sahara Ocidental, as autoridades recusaram o reconhecimento legal a todas as organizações locais de direitos humanos, cujas direcções apoiam a independência do território, inclusive associações que vencerem resoluções judiciais que afirmavam que lhes fora negado injustamente o reconhecimento.


 “Marrocos expulsou pelo menos 40 visitantes estrangeiros do Sahara Ocidental”

Entre Abril e Outubro, Marrocos expulsou pelo menos 40 visitantes estrangeiros do Sahara Ocidental. A maior dos visados eram ou europeus que apoiam a autodeterminação saharaui ou jornalistas independentes ou investigadores que não haviam coordenado a sua visita com as autoridades. Estas expulsões, juntamente com a severa vigilância a que a polícia marroquina submeteu os estrangeiros que visitaram o território e se reuniram com activistas dos direitos saharauis, deitaram por terra os esforços de Marrocos para mostrar o Sahara Ocidental como um lugar aberto ao escrutínio internacional.

Acampamento de protesto de Gdeim Izik: 8 de Novembro de 2010

 “Marrocos continua a julgar civis em tribunais militares. 21 saharauis permanecem em prisão”

Entretanto, os tribunais militares continuaram a julgar civis, incluindo Mbarek Daoudi, um activista saharaui detido desde setembro de 2013 por alegado porte de arma. Outros 21 saharauis permanecem em prisão cumprindo longas condenações impostas por um tribunal militar em 2013. Os homens foram acusados pela violência que irrompeu a 8 de novembro de 2010, quando as autoridades desmantelaram o acampamento de protesto de Gdeim Izik no Sahara Ocidental. Onze membros das forças de segurança morreram nos distúrbios. O tribunal militar não investigou as denúncias dos acusados de que os agentes da polícia os haviam torturado e obrigado a assinar declarações falsas, e baseou-se em grande medida nestas declarações para ditar o veredicto de culpabilidade.

Depois de visitar Marrocos e o Sahara Ocidental em dezembro de 2013, o Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre Detenções Arbitrarias (GTDA) afirmou: “o sistema judicial penal marroquino baseia-se em grande medida nas confissões como a principal prova para apoiar a condenação. As queixas recebidas pelo Grupo de Trabalho indicam o uso da tortura por parte de funcionários estatais para obter provas ou confissões durante o interrogatório inicial… Os tribunais e os procuradores não cumprem com a sua obrigação de iniciar uma investigação ex officio sempre que haja motivos razoáveis para crer que uma confissão foi obtida através do uso da tortura ou de maus tratos”. O GTDA afirmou que as autoridades permitiram-lhe visitar os lugares de detenção que haviam solicitado, e entrevistar-se em privado com os detidos que tinham escolhido.


Fonte: www.hrw.org

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