domingo, 15 de novembro de 2015

"Deixar apodrecer" o problema saharaui beneficia o islamismo radical, segundo uma ONG




O fundador da Organização Mundial contra a Tortura (OMCT), Eric Sottas, afirmou hoje que "o cálculo" dos EUA e França sobre o conflito do Sahara Ocidental é "absurdo", porque "deixar que apodreça" propiciará a formação de grupos islamitas radicais e levará à desestabilização da zona.

Este "cálculo em termos políticos e de segurança" é "errado" e "perigoso", realçou Sottas na apresentação do "Encontro internacional sobre direitos humanos e justiça transicional no Sahara Ocidental", que teve início hoje em San Sebastián, no âmbito dos Cursos de Verão da Universidade do País Basco.
O fundador da OMCT rejeitou a postura dos Estados Unidos e da França, que, na sua opinião, "consideram perigoso ter na fronteira com Marrocos um Estado que seria mais débil, em termos de controlo militar, com as forças islâmicas do Mali e de outros países". Não questionando a soberania marroquina sobre o Sahara Ocidental tratan, acrescentou, de "estabilizar Marrocos como fronteira com a Europa".

Porém, acrescentou, "deixando que a situação apodreça, estão a criar mais terrorismo do que a contê-lo".

"Deixar que se multipliquem as situações de repressão, tortura ou negação de um mínimo de direitos é uma maneira de marginalizar a população " saharaui e de criar "condições" para que se criem grupos que vão radicalizar-se e desestabilizar a zona", destacou o perito suíço.
O forense Paco Etxeberria, que também interveio no encontro, recordou por seu lado o trabalho de exumação de corpos de cinco fossas comuns levado a cabo nos últimos três anos, na continuação dos relatórios e investigações do Instituto Hegoa.

Afirmou que "tarde ou cedo Marrocos terá que reconhecer internacionalmente a existência de fossas comuns no seu território" e não poderá perpetuar-se na ideia de negar" esta realidade.

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