Após vários dias de
debate, o pano do XIV Congresso desceu. O combatente Mohamed Abdelaziz foi
reconduzido por unanimidade à liderança da Frente POLISARIO, ponta-de-lança do
nosso combate pela libertação. Felicitamo-nos por esta eleição, que só pode ser
benéfica na conjuntura nacional atual. A decisão foi tomada depois de uma conferência
nacional e um Congresso que reuniram muitas centenas de saharauis mais ou menos
representativos e cuja maioria se deslocou de longe para nele participar. Foi,
pois, uma decisão profundamente refletida que prova que ele é o homem do consenso.
Mas ``uma só mão não pode aplaudir´´ diz o provérbio hassanya.
Não há dúvida que o Presidente
é a peça central na proteção das nossas conquistas e que ele é também o garante
do êxito da nossa política em geral, sobretudo a que foi definida expressamente
pelo sangue dos nossos mártires caídos no campo da honra. E, para isso, é
preciso que ele se socorra ao bom-senso, ao seu militantismo, ao seu patriotismo
e à sua dedicação à causa nacional de que sempre deu provas desde que assumiu a
liderança da nossa organização em 1976. Contamos e esperamos que ele ponha
termo às alegações dos seus críticos que o acusam, com razão ou sem ela, de
laxismo excessivo face a certas situações que exigem tomadas de posição rápidas
e dissuasivas.
Ele tem agora que
ganhar impulso com vista a iniciar o seu novo mandato, criando estruturas de
controlo eficazes que travem a má administração que gangrena as nossas instituições,
a fim de reduzir o fosso que separa as classes sociais do nosso povo para que
ele recupere a sua coesão e a sua moral. Este fosso, criado pelo enriquecimento
ilícito, pode causar a depravação da nossa juventude, exacerbar a sua delinquência,
e mesmo causar desvios do caminho que tomámos tendo em vista o objetivo final
pelo qual muito nos temos sacrificado.
É, pois, fulcral ter
em conta a justiça social, pois ela é o cimento da nossa unidade e fortalece a
coesão de todo o nosso povo.
A tarefa, há que
dizê-lo francamente, é difícil. Ela só é realizável com a colaboração de um ‘staff’
competente, dinâmico, longe de calculismos estreitos, capaz de evitar todas as
situações e que aja em conformidade com os momentos certos; não um conjunto de
colaboradores que apenas procuram agradar, mesmo que em detrimento do interesse
geral.
Isso pode ser conseguido
com honestidade sincera e exige homens e mulheres militantes que não procuram qualquer
tipo de benefícios materiais, que são profundamente marcados pela ocupação da
nossa terra, pelo sofrimento dos nossos concidadãos submetido a abusos por
parte das autoridades marroquinas e com as difíceis condições em que o nosso
povo vive no exílio. Esses homens [essas mulheres] devem também estar
preparados para não poupar nenhum esforço de patriotismo para estancar a degenerescência
que atinge os princípios da nossa revolução e assesta um duro golpe aos nossos
valores intrínsecos.
É preciso que a nova
administração esteja firmemente determinada a romper com as práticas da época anterior,
que partiram os nossos corações e as nossas aspirações nacionais. O caminho da
libertação é ainda longo e frequentemente pejado de armadilhas colocadas pelo
inimigo, o que nos obriga a muitos sacrifícios e abnegação para alcançar o objetivo
final, que não é outro que não seja a Independência total
A alteração à situação
anterior ao XIV Congresso deve tomar em consideração vários elementos, entre os
quais:
- Devolver ao Exército
de Libertação Nacional o seu prestígio e grandeza, mantendo a sua moral para levar
a cabo a sua missão principal.
- Dar um impulso à
nossa Diplomacia marcando a nossa presença nos países membros permanentes do
Conselho de Segurança e levar a cabo uma ofensiva ativa em todos os continentes
por Embaixadores e Representantes capazes de transmitir a mensagem do nosso
povo.
- Devolver às nossas instituições
o papel que lhes é consignado, que consiste em estar ao serviço do povo, e não propriedade
familiar posta ao serviço do seu primeiro chefe e à sua vontade; queremos que
se aplique o princípio do homem adequado no lugar correto.
- A instauração de uma
justiça que respeite as leis em vigor colocando-as acima de quaisquer outras
considerações.
- Não dar crédito às
afirmações muitas vezes infundadas de mitómanos (não aponto ninguém) que valorizam
ou depreciam militantes de acordo com seus temperamentos.
A lista não é exaustiva,
mas os problemas a corrigir aparecerão de forma progressiva.
Não há dúvida de que o
Presidente Mohamed Abdelaziz terá todas as responsabilidades em tomar medidas
concretas para pôr o comboio da revolução nos carris, prosseguindo o caminho da
libertação e evitando o que o XIV Congresso não passe de uma montanha que pariu
um rato.
Estamos conscientes do
nosso direito inalienável à independência e dispostos a todos os sacrifícios
pelas nossas convicções.
Dih Mokhtar Daf
http://saharaopinions.blogspot.nl
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