sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Recondução legítima




Após vários dias de debate, o pano do XIV Congresso desceu. O combatente Mohamed Abdelaziz foi reconduzido por unanimidade à liderança da Frente POLISARIO, ponta-de-lança do nosso combate pela libertação. Felicitamo-nos por esta eleição, que só pode ser benéfica na conjuntura nacional atual. A decisão foi tomada depois de uma conferência nacional e um Congresso que reuniram muitas centenas de saharauis mais ou menos representativos e cuja maioria se deslocou de longe para nele participar. Foi, pois, uma decisão profundamente refletida que prova que ele é o homem do consenso. Mas ``uma só mão não pode aplaudir´´ diz o provérbio hassanya.

Não há dúvida que o Presidente é a peça central na proteção das nossas conquistas e que ele é também o garante do êxito da nossa política em geral, sobretudo a que foi definida expressamente pelo sangue dos nossos mártires caídos no campo da honra. E, para isso, é preciso que ele se socorra ao bom-senso, ao seu militantismo, ao seu patriotismo e à sua dedicação à causa nacional de que sempre deu provas desde que assumiu a liderança da nossa organização em 1976. Contamos e esperamos que ele ponha termo às alegações dos seus críticos que o acusam, com razão ou sem ela, de laxismo excessivo face a certas situações que exigem tomadas de posição rápidas e dissuasivas.

Ele tem agora que ganhar impulso com vista a iniciar o seu novo mandato, criando estruturas de controlo eficazes que travem a má administração que gangrena as nossas instituições, a fim de reduzir o fosso que separa as classes sociais do nosso povo para que ele recupere a sua coesão e a sua moral. Este fosso, criado pelo enriquecimento ilícito, pode causar a depravação da nossa juventude, exacerbar a sua delinquência, e mesmo causar desvios do caminho que tomámos tendo em vista o objetivo final pelo qual muito nos temos sacrificado.

É, pois, fulcral ter em conta a justiça social, pois ela é o cimento da nossa unidade e fortalece a coesão de todo o nosso povo.



A tarefa, há que dizê-lo francamente, é difícil. Ela só é realizável com a colaboração de um ‘staff’ competente, dinâmico, longe de calculismos estreitos, capaz de evitar todas as situações e que aja em conformidade com os momentos certos; não um conjunto de colaboradores que apenas procuram agradar, mesmo que em detrimento do interesse geral.

Isso pode ser conseguido com honestidade sincera e exige homens e mulheres militantes que não procuram qualquer tipo de benefícios materiais, que são profundamente marcados pela ocupação da nossa terra, pelo sofrimento dos nossos concidadãos submetido a abusos por parte das autoridades marroquinas e com as difíceis condições em que o nosso povo vive no exílio. Esses homens [essas mulheres] devem também estar preparados para não poupar nenhum esforço de patriotismo para estancar a degenerescência que atinge os princípios da nossa revolução e assesta um duro golpe aos nossos valores intrínsecos.

É preciso que a nova administração esteja firmemente determinada a romper com as práticas da época anterior, que partiram os nossos corações e as nossas aspirações nacionais. O caminho da libertação é ainda longo e frequentemente pejado de armadilhas colocadas pelo inimigo, o que nos obriga a muitos sacrifícios e abnegação para alcançar o objetivo final, que não é outro que não seja a Independência total

A alteração à situação anterior ao XIV Congresso deve tomar em consideração vários elementos, entre os quais:

- Devolver ao Exército de Libertação Nacional o seu prestígio e grandeza, mantendo a sua moral para levar a cabo a sua missão principal.

- Dar um impulso à nossa Diplomacia marcando a nossa presença nos países membros permanentes do Conselho de Segurança e levar a cabo uma ofensiva ativa em todos os continentes por Embaixadores e Representantes capazes de transmitir a mensagem do nosso povo.

- Devolver às nossas instituições o papel que lhes é consignado, que consiste em estar ao serviço do povo, e não propriedade familiar posta ao serviço do seu primeiro chefe e à sua vontade; queremos que se aplique o princípio do homem adequado no lugar correto.

- A instauração de uma justiça que respeite as leis em vigor colocando-as acima de quaisquer outras considerações.

- Não dar crédito às afirmações muitas vezes infundadas de mitómanos (não aponto ninguém) que valorizam ou depreciam militantes de acordo com seus temperamentos.

A lista não é exaustiva, mas os problemas a corrigir aparecerão de forma progressiva.

Não há dúvida de que o Presidente Mohamed Abdelaziz terá todas as responsabilidades em tomar medidas concretas para pôr o comboio da revolução nos carris, prosseguindo o caminho da libertação e evitando o que o XIV Congresso não passe de uma montanha que pariu um rato.

Estamos conscientes do nosso direito inalienável à independência e dispostos a todos os sacrifícios pelas nossas convicções.


Dih Mokhtar Daf
http://saharaopinions.blogspot.nl

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