sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Terrorismo: Marrocos, o “Grande Jogo”




Na Tunísia, a investigação "Blacklist" (lista negra), citando uma fonte que pediu anonimato, evocou o envolvimento direto de Marrocos nas operações terroristas que abalaram a Tunísia recentemente.
No entanto, em França — que acaba de ser cenário de um dos atentados mais sangrentos que Europa conheceu —, a imprensa francesa mantem-se fiel à sua velha postura de proteção e cumplicidade com o reino cherifiano. Com efeito, dir-se-ia que os franceses procuram por todos os meios evitar mencionar que os assassinos que cometeram este massacre são todos de origem marroquina e que o bairro Molenbeek de Bruxelas é onde se encontra a maior concentração de comunidade marroquina.
Por que razão esta questão continua a ser um segredo quando todo o mundo sabe, já que ninguém ignora que os marroquinos também estão por detrás dos atentados de Madrid de 2004, na qual morreram mais de 200 pessoas?

A imprensa francesa, pelo contrário, em vez de recordar aos franceses esta realidade dedicou-se a propalar a "contribuição da polícia marroquina em pôr os investigadores franceses atrás da pista do jihadista belgo-marroquino Abdelhamid Abaaoud".

Como é que os serviços secretos marroquinos conseguiram obter informações tão precisas quanto à localização do elemento considerado o cérebro de toda a operação terrorista? Não esqueçamos que as atividades das autoridades marroquinas dentro da sua comunidade causaram um conflito entre Marrocos e o Estado belga. Rabat é acusado de querer formar uma quinta coluna. Um facto amplamente divulgado pela imprensa belga. Essa a razão por que o Estado belga expulsou dois falsos diplomatas que trabalhavam no consulado de Marrocos em Bruxelas.

No ataque a Charlie Hebdo, em janeiro de 2015, a pista marroquina foi claramente evocada pelo hacker misterioso que agiu sob o pseudónimo de Chris Coleman.

Em primeiro lugar, os irmãos Kouachi não são argelinos, como alegadamente afirmava a imprensa francesa, mas sim marroquinos. Em segundo lugar, foi a Al Qaeda no Iémen que reivindicou a responsabilidade pelo ataque.

Precisamente quando — de acordo com um documento revelado por Chris Coleman — , a Embaixada da França no Iémen acabava de pedir ajuda à embaixada de Marrocos em Saná para identificar e conhecer o paradeiro de "cerca de 40 franceses de origem marroquina que combatiam nas fileiras da Al Qaeda no Iémen contra os haouthies ". Existe uma ligação entre os dois eventos e eles são, apenas, um produto do acaso?

Os laços de cooperação de Marrocos com o Ocidente e com Israel não são um segredo para ninguém. Apesar disso, o país não é alvo de ameaças terroristas. A Argélia, no entanto, que se recusa a ser arrastada para conflitos fora das suas fronteiras é constantemente ameaçada, enquanto a Tunísia foi atingida em pelo coração. Uma realidade que o governo marroquino tenta esconder multiplicando falsos anúncios de desmantelamento de células terroristas.

No Mali, há vozes que se levantam para acusar Marrocos de fazer tudo para sabotar o processo de paz no Mali liderado pela Argélia, devido ao apoio deste país aos saharauis.

Todos os indícios estão aí para demonstrar que Marrocos, a fim de manter o controlo dos recursos do Sahara Ocidental, está há muito a protagonizar o “Grande Jogo” da inteligência.

Um mês depois dos atentados em Paris, o Tribunal de Justiça Europeu anulou o acordo comercial assinado entre a UE e Marrocos, por incluir o território do Sahara Ocidental; e a empresa francesa Total anunciou a sua retirada da antiga colónia espanhola invadida por Marrocos em 1975 . Existe uma ligação entre estes eventos?


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